quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

"Devaneios"



Composição nº 861

DEVANEIOS
(R.Candeia - 07/12/2015)

Penso mas meus pensamentos mentem
Me dizendo coisas distorcidas
E viro um homicida de felicidades
Fazendo da facilidade uma história perdida

Isso tudo porque os meus olhos
Insistem em ver todo o inexistente
E fico descontente observando
Tantas mensagens falsas incoerentes

Choro por achar que riem de mim no escuro
Me cerco num muro que conseguem pular
Me algemo em meu lar procurando segurança
Contra a herança que não quero ganhar

Mas eu preciso guiar meus impulsos
É que nos avulsos devaneios me atrapalho
E espalho a que veio minha inocência
A experiência nessa vida eu ainda talho

E agora em minhas largas roupas
Não haverá em mim pouca dedicação
E a imaginação ficará do meu lado
E não serei mais culpado pela auto-acusação

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

"Estalo"


Composição nº 860

ESTALO
(R.Candeia - 03/12/2015)

Sim, sou, faço e escrevo tudo com paixão
Principalmente para agir e nadar contra tudo
Tudo que há de mais nazista, fascista, atrasado
Fechado, retrógrado, conservador e inútil

Contra os costumes babacas intitulados de bons
Que agem diferente de estrumes fedorentos
Que ao menos servem para adubar a terra
Sendo o oposto das coisas que respiram meu ar

Tornando tóxico toda a ideia de evolução possível
Acho incrível a contradição de quem é contra o que não é
É uma masturbação sem gozo com a mão trocada
Em cima da privada confundida com um trono intocável

O umbigo não é o núcleo de todo esse universo
Pensamentos inversos destroem a vida e a liberdade
A vaidade de ser apenas curtido por regurgitar ideias
É o lixo abominável que consome o mundo e as mentes

As máscaras são facilmente identificadas por quem pensa
Debocho de qualquer tipo de crença que serve pra desunir
Não estou aqui pra ser mais um carneiro a ser contado
Por quem dorme achando que o certo só tem um lado

Escrevo porque quero incomodar e penso porque enxergo
E não apenas olho tudo com olhar de quem não sabe quem é
A maior tristeza que existe é a pessoa achar que se é feliz
Sem ao menos saber que a felicidade é o direito de ser si mesmo

O fácil vazio evacuando nas cabeças do imediato
Incriminam as belas ideias dando vida à morte ideológica
Teóricos de um nada comum aleijam mãos que podem afagar
Então, eu mijo nos canteiros sem flores, porque não há cor

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

"Laboratórios"


Composição nº 859

LABORATÓRIOS
(R.Candeia - 02/12/2015)

Neste todo embutido disfarce
Fica na face a luz intensa que brilha
E trilha imensa do instintivo olhar
Que mira sem falhar por milhas

É o desvio que se acha sem procurar
Não há o alvejar com sonhos decorados
É uma exposição da parte concreta
E na abstração secreta se reza com dados

Na confusão entre a razão e o certo
O perito repleto de métodos se demite
E qualquer estudo vira palpite aleatório
Nos laboratórios céticos o amor resiste
(Nos laboratórios éticos o amor agride)

Se há alma gêmea ninguém pode provar
Não podemos acreditar num útero solitário
E sim na gêmea presença que suaviza
E tranquiliza os temores involuntários

E hoje eu escrevi sobre o amor
Desprezando o gráfico do declínio banal
Onde o fraco sinal inter(fere) os ouvidos
Largando sentidos nem gesto fatal

Na confusão entre a razão e o certo
O perito repleto de métodos se demite
E qualquer estudo vira palpite aleatório
Nos laboratórios céticos o amor resiste
(Nos laboratórios éticos o amor agride)



terça-feira, 24 de novembro de 2015

"Correnteza Lamentada"



Escrevi agora a pouco, é sobre os últimos acontecimentos... É  preciso ter muita sensibilidade pra entender ...


Composição nº 858

CORRENTEZA LAMENTADA
(R.Candeia - 24/11/2015)

A sujeira da amargura humana chegou no rio
Nesse fio elétrico que nós criamos e andamos
E tudo ainda morre pelo caminho como apocalipse
Num eclipse que escurece tudo que não cuidamos

E o que era doce virou um chocolate amargo
Num largo percurso por um tempo tão curto
A ganância em um surto arrebentou as barreiras
Levando até mesmo as brancas bandeiras nesse furto

E nesse dilema de lama procuramos um lema
É um triste tema que vai se desenhando
E apenas sonhando consegue se ver o azul
Numa correnteza que hoje vai se lamentando

O que vale tudo isso para o agora gosmento futuro?
Se no furo do cimento rachado fugiu a presa extinção
Deixando a ignição muito mais fora de controle
E a incerteza de uma prole na lei que é seca de perdão

A despedida do que era bonito começa a mover as mãos
Em gestos de adeus à paixão que só não morre na memória
E na história os mergulhos que deverão deixar de existir
O mundo espera que o agir algum dia desenterre a vitória

E nesse dilema de lama procuramos um lema
É um triste tema que vai se desenhando
E apenas sonhando consegue se ver o azul
Num nado livre que hoje vai se lamentando





"Lado Esquerdo da Mesa"



Composição nº 857

LADO ESQUERDO DA MESA
(R.Candeia - 23/11/2015)

Nessa grande loja de inconveniência
Toda demência humana se perpetuou
A lavagem sujou o progresso expoente
Numa ordem doente que nada acrescentou

Quero limpo todo esse gigante quintal
No meu mural não quero propaganda enganosa
Dessas caras horrorosas que se desmascaram
E escancaram o descompasso pras visões harmoniosas

Tudo é tão triste sem um livro de cabeceira
Não é o bolso e a carteira que definem o lado
Geralmente lotado do qual se pertence, assim
O mais fácil convence um ideal jamais prosperado

O pão fresco do lado esquerdo da mesa
Não lesa a consciência pela subestimada vida
Louco é o outro lado feito masoquista
Com ideais egoístas muitas vezes sem comida

O lado esquerdo do peito bate muito mais hábil
Sendo mais fácil atuar de uma forma sensata
Porque o que mais mata é a mente que se limita
Deixando explícita uma abiose que só maltrata

Tudo é tão triste sem um livro de cabeceira
Não é o bolso e a carteira que definem o lado
Geralmente lotado do qual se pertence, assim
O mais fácil convence um ideal jamais prosperado

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

"Gritos no Vazio"



Composição nº 856


GRITOS NO VAZIO
(R.Candeia - 21/11/2015)

E no estado a terminal que não morre
Nessa alvorada que corre mas não chora sonhos
E qual a grandeza da honra vencida
Que de partida ignora o seu tamanho

Qual remédio é barato pros problemas mais caros
Não mascaro impressões nem a frente
Ignoro meus dentes p'rum sorriso forçado
E no traçado só lembranças comoventes

Gritos no vazio, é o futuro por um fio
Que nesse frio pessoal o nó se ata
E a farta ausência da essência que salva
Dissolve a visão que não cega mas mata

E nessa grande geração que não gera nada
Fica estagnada a mudança que seria motriz
Precisamos de barulho e não de escândalos
Qualquer grito no vazio gasta voz e nada diz

Nos endereços sem número um novo começo
As atitudes de gesso limitam a ideia afetiva
Que desativa no ato o tato que revela a textura
Desarticulando a postura de ideias não criativas

Gritos no vazio, é o futuro por um fio
Que nesse frio pessoal o nó se ata
E a farta ausência da essência que salva
Dissolve a visão que não cega mas mata


domingo, 22 de novembro de 2015

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

"Encantamento Confuso"


Composição nº 855


ENCANTAMENTO CONFUSO
(R.Candeia - 19/11/2015)

O encantamento confuso dos dias que vivo em parafuso
Faz meu fuso horário desajustado de acordo com o horário de verão
E todos verão em seus relógios que o ilógico é uma questão de ponteiros
E que eu preciso viajar, simplesmente,  por inteiro

Palavras repetidas saem toda hora numa de ataque feito pra mutilar
E o lar já amanhece de sol fraco com toda a energia sugada
A hereditariedade nessas horas fala alto e torna o ar sujo de rancor
Que sem precisar pede pra tudo se tonar pior do que parece

O enlouquecimento momentâneo agarra e não tem como fugir
E cada cena é dirigida perfeitamente  com a mais cruel imperfeição
Protagonistas deveriam ser coadjuvantes mas não fazem nada pra isso
Às vezes quando um não quer é preciso entrar de vez na personagem

E o suor que muitas vezes não é nem valorizado por quem é premiado
Escorre apenas com a sensação de incômodo por um rosto fechado
Trancafiado mesmo contra a ideia da principal e esperada revolução
E em minhas mãos, nada mesmo, apenas o desejo de poder viajar

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

"Alvorada"


Composição nº 854

ALVORADA
(R.Candeia - 16/11/2015)

O mundo em volta vai se movendo
Milhares de seres crendo em seus rumos
E num resumo digo que fico mais leve
Foi tão breve aquela eternidade em que sumo

O alto voo livre sem penas valeu a pena
Tudo se torna abismo ao ser encurralado
No vidro embaçado previ me tornando profeta
Numa completa afronta marginal ao que foi desenhado

Hoje sua existência acidental meu salvou
E tudo de mais sincero lhe entreguei
E você recebeu com louvor e absorção
Que até minha peça íntima te dei

O que é terminal também salva e dá vida
Numa alvorada que transcede loucos desejos
Um vilarejo andante que apanha sonhando
Enquanto vou deixando muito mais que um beijo

E vou contribuindo direto com o plantio
Contra um doentio limite itinerário
E após o calafrio incendiário precedendo a magia
O improviso me contagia e limpa no imaginário

terça-feira, 10 de novembro de 2015

"Estéril Efeito"


Composição nº 853

ESTÉRIL EFEITO
(R.Candeia - 10/11/2015)

Nos impulsos cortantes tento cantar tudo
Nesse mundo de cara torta esquartejante
Que por um instante de rara paz implora
E chora devido ao estéril efeito degradante

A frequência cardíaca aumenta sem parar
Em todo lugar somos antecipadas vítimas
Numa vitrine quebrada sem tantos por quês
Toda possível lucidez já não é mais tão íntima

E até o quieto mudo nobre se exalta
O que falta é só saber usar a fala
Que falha quando algo é consumido
E então, depois sumido, ele se cala

As esquinas intimam quem lá passa
É uma trapaça de golpe pensado e apurado
Estipulado de acordo com os novos costumes
Olhares de estrume querendo tudo privado

E tantas mensagens giram sem cansar
Vão pra todo lugar com letras distorcidas
São de uma seca fonte, escondida e duvidosa
Onde toda prosa ao vencer é coagida

E até o quieto mudo nobre se exalta
O que falta é só saber usar a fala
Que falha quando algo é consumido
E então, depois sumido, ele se cala

"Diário Público II"


Composição nº 852

DIÁRIO PÚBLICO II
(R.Candeia - 05/11/2015)

Pagamos caro para não ter nada
Enquanto muitos recebem pra nada fazer
Somos o percentual maior e trágico
Num gráfico mágico tão pobre que merece tráfico

O desespero vira medo quando
Mesmo de portas abertas
Nunca não se tem saída
Isso muitas vezes traduzem uma prisão

O caminho a seguir inúmeras vezes
É construído covardemente em círculos
A simplicidade se torna um obstáculo cruel
Quando vítimas são condecoradas a réu

A saúde deveria pertencer a todos
Mas nesse (des)caso esses todos
São tratados com desdém
Como se fossem ninguém

E agora o Dudu chamou o Pedrinho
Pra brincar disso também, e rir de nós
Quero ver se esses tantos ninguéns
Vão largar a indigência e tentar existir





quinta-feira, 5 de novembro de 2015

"Diário Público"


Composição nº 851

DIÁRIO PÚBLICO
(R.Candeia - 05/11/2015)

Bolsos importados são falsos atalhos
Pras verbas que só a gente não vê
Exceto pelos não saudáveis de caráter
É o sistema não único da humilhação

Será que a seringa usada no povo
É descartada do mesmo jeito que os tratam?
A cruzada dos que tem pouco é encruzilhada
E a interpretação é por conta de quem lê

Nenhuma calma sobrevive a tortura
De se sentir menos gente
Nenhum controle se estabiliza
Com a agonia de ser visto como indigente

A doença deveria ser algo normal e sério
E não uma crucificação árdua usada
Como arma pra depois pedir votos
Em calorosos abraços, sem calor e sem braços

Quando as lágrimas óbvias escorridas
Abandonam a dor e abraçam a indignação
É porque a ferida já passou da alma
Deixando atemporal tudo em sua volta

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

"Encontros Não Marcados"


Composição nº 850

ENCONTROS NÃO MARCADOS
(R.Candeia - 03/11/2015)

Sou tua sorte nos momentos difíceis
Sou teu azar nas horas de paz
Mas agora o possível resiste
O que o impossível diz ser incapaz

Impossibilito o impossível de agir
De seguir um fluxo de final infeliz
No chão em giz o refluxo e a perfeição
Escrito com afeição antes da chuva cair

Agora eu sei que ninguém é rei
Busquei e fiquei além do ponto
Encontros não marcados nunca dão errado
E ainda por cima formam belos contos

No egocêntrico pilar da proteção
Estendo o coração e a mão bem aberta
De uma forma esperta pra segurar
E justificar ser o herói que te flerta

Na incoloridade das frases impensadas
Fica prensada toda a nossa literatura
Confundindo a multidão das palavras gravadas
Que como um poema sem fim, dura

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

"Claque"


Composição nº 849


CLAQUE
(R.Candeia - 29/10/2015)

Nos reflexos brilhantes almejo o infinito
E nenhum grito perante é despercebido
Tenho recebido olhares cegos duvidosos
Curiosos habitam os arredores medidos

Nos gestos inusitados enigmáticos
De um modo prático escolho o sinuoso
Antigamente tudo isso era mais fácil
Para as pessoas contra o poder rancoroso

E desgraçadamente o evidente perde
Dentro de um pequeno sinal fatal que mata
Mas na errata todos nós sempre vencemos
Como é engraçada a tal teoria autocrata

Com a convicção da claque que assiste
E assusta e persiste admirando o meu veneno
Num sereno mar virtual que incendeia
A trivialidade que é o cacique dessa aldeia

Compreendi que meu infinito é logo aqui
Carrego ao peito toda a minha fluidez
Por esse tempo que é atleta e não avisa
Deixando até a visão dura em flacidez

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Primeiro ensaio da minha banda, Libertários.


E depois de quase 6 anos parado, tive o imenso prazer, o tesão sublime de voltar aos estúdios, fazer, ensaiar Rock n' Roll, fazer música, afinal, preciso vomitar de alguma forma as poesias-letras que escrevo. E novamente em companhia, do meu querido baixista e amigo, e agora parceiro musical, Elízio, que faço questão de ter sempre, desde a nossa antiga banda Malnenhum (2005 - 2010). Mas agora contamos com guitarristas muito bons de técnicas, conhecimento e sentimento musical. Nosso objetivo agora é ensaiar bastante para que o mais rápido possível, possivelmente em fevereiro, já estejamos fazendo shows novamente! Vida aos Libertários !!!!!!

terça-feira, 27 de outubro de 2015

"Dignidade Exilada"



DIGNIDADE EXILADA
(R.Candeia - 27/10/2015)

A madeira ordenada se esconde em casa
Apoiando um brega amor de papelão
Numa triste felicidade aprisionada
Caindo na cilada de tudo esquecer

E na cafona dedicação irracional
O mal do mesmo feito é repetido
Andar mentindo só piora o roteiro
Essa crise nessas horas lhe cai bem

O meio externo ainda é contestado
Mas o interno é jogado na privada
Fazendo sua vida a sua ditadura
Mais uma vez sua dignidade é exilada

Deixado todo ar puro em escassez
Outra vez o muro tampa a paisagem
É a sabotagem de seu próprio valor
Num dissabor que estraga paladares

O sorriso frouxo é bem agoniante
Como a angústia de quem se deita
E escuta claro o veloz coração bater
Se sufocando com a própria mente

Os brindes alegres não existem mais
Porque o seu interno é jogado na privada
Fazendo sua vida a sua ditadura
Mais uma vez sua dignidade é exilada

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"Lavrar"




LAVRAR
(R.Candeia - 18/10/2015)

Diante do espelho vejo o mundo em meu rosto
E o meu desgosto pelas coisas banais
Aquele tanto faz que sai doido queimando
Alucinando cômico as ações naturais

O espelho se racha como se fosse o mundo
Num plano de fundo quase incorrigível
Nada é legível aos olhos do analfabeto
Só a tristeza sem teto bem perceptível

E tudo que se defendem é meio mentira
Ninguém tira um segundo de um tempo contável
O palpável se cega completo e estapeia
E mira repleto em cheio no alvo afável

Segredos enterrados vivos
Ignoram por medo palavras
Que lavram a direção nascida
Numa terra florida que não se escava

"Clima"



CLIMA
(R.Candeia - 16/10/2015)

O tempo está mudando
Apesar desse mormaço
Que assa no aço das veias
Fazendo ceia de estilhaços

Até que enfim o impossível
Vem sendo desfeito
Mas os conceitos misturados
Deixam irados quem crê no perfeito

Não receito gotas de desilusão
Nem faço alusão ao louvável
Na reta instável eu acelero
E não espero nada perdoável

Se aproxima covarde do belo abraço
O amável com uma faca escondida
Que cruza os braços na janela
Imaginando nela uma história perdida

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

"Pianos Desafinados"



PIANOS DESAFINADOS
(R.candeia - 07/10/2015)

O "best seller" é o papel higiênico
Dos que tem prisão de ventre
Temer o bom é meio estranho
Loucura sem tamanho a frente

Porta-vozes não são porta-retratos
E nos ferozes tratos assinam
E assassinam o leviano sem pena
Numa cena que pianos desafinam

Nem sempre tudo mesmo quer
Nem tudo sempre mesmo quer

Dizer algo escondido a mais
Dou sinais perdidos dizendo
A vida nos tira tanto tempo que a gente
Nem sempre sabe o que faz

Quem é o teu coração batendo
Quando não se pensa em nada?
Numa obra tombada que cresce
E rejuvenesce depois da gargalhada

Mas a gente faz o que pode
E quando explode o nosso redor
É que o pior ainda vive e sorri
O mundo de verdade é muito maior

Meus Depoimentos - Parte 05


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

"Aquarela Seca"



Composição nº 844

AQUARELA SECA
(R.Candeia - 01/10/2015)

Partidos partem em cacos a esperança
Eu jurei mentira pra mostrar verdade
Frases se conflitam sem alguma vazão
De bocas de porão que torturam a realidade

Ir e vir passou a ser perigoso pra todos
Não precisamos mais da sombra de fardas
Há farpas o suficiente nos ameaçando
Estão nos traçando um futuro sem fadas

Mas o sol da liberdade vem nascendo
E vai sendo do baralho a melhor carta
E que nos parta todo o lixo que pariu
Que sumiu esvaziando a mesa farta

E nos muros construídos internamente
Encontram-se brechas pra uma salvação
Nas luzes que passam nas finas frechas
Como flechas vindo em nossa direção

Na aquarela seca dessa hermética arte
O vermelho se parte e quase se torna azul
E mesmo assim o sul bombardeia o norte
Que tenta na sorte achar vida nesse corte

Mas o sol da liberdade vem nascendo
E vai sendo do baralho a melhor carta
E que nos parta todo o lixo que pariu
Que sumiu esvaziando a mesa farta



"Tempo Tolo"



Composição º 843

TEMPO TOLO
(R.Candeia - 01/10/2015)

O tempo é louco e fala rouco
E até por nada se esbraveja
O pouco é julgado como crime
E se oprime ao olfato na bandeja

O que falta ao tempo é companhia
E não apenas a que ele mesmo criou
Sua criação deixou cicatrizes
E nas diretrizes se ancorou

O tempo é gay, é moça, é rapaz
E também bobo, tolo demais
É forte em sua aparência
E fraco em simples evidências

O tempo não sabe brincar
O maior relógio sempre o mimou
E isso por vezes o irrita
E amplifica o que se muito ignorou

O tempo trás e também leva
Mas a névoa bem fácil o cega
Ele tem os ponteiros nas mãos
Porque ele também desemprega

O tempo é gay, é moça, é rapaz
E também bobo, tolo demais
É forte em sua aparência
E fraco em simples evidências

Meus depoimentos - Parte 04



Depoimentos que fiz ao lembrar de minha mãe, e ao mesmo tempo homenageando meu afilhado Miguel, que época se encontrava aos 2 anos e meio, e hoje está a praticamente um mês de completar 4 anos.

sábado, 26 de setembro de 2015

"Distorções"




Composição nº 842

DISTORÇÕES
(R.Candeia - 25/09/2015)

Personagens cruéis orientam a massa
Com suas indiretas fictícias subliminares
Covardemente distorcendo a política
Numa crítica que engana radares

Somos belos acidentes de percurso
No anti-curso ferrenho da correnteza
Nossas certezas rasgam cartilhas
E nos tornamos ilhas resgatando presas

O pão não está na mesa
Fresquinho pra qualquer um
Como o mar deveria estar pra todos
E não apenas pro hemisfério sul

Abraçamos forte toda a surrealidade
Nossa vaidade é desbancar certezas
Que são tristezas em coberturas mentais
Sujando postais com mania de branqueza

Quartéis generais internos respiram
Dentro de cada ser de face agonizante
Mas não veem que suas cabeças serão troféus
Para seus heróis de patentes em cima de estantes

"Qualquer Forma"



QUALQUER FORMA
(R.Candeia - 25/09/2015)

Sei que tenho muitas coisas escritas
Que são tão bonitas
Mas que serão esquecidas
Papéis amarelados ficarão
E jamais serão lidas
Mas lido quase bem com isso
De qualquer forma
Mesmo fora de forma
O que forma o universo?
Só sei que ele não é
Apenas um verso
Como eu também não sou

E ainda acho lavar louça terapia
Porque só assim
Eu não penso nada

terça-feira, 22 de setembro de 2015

"Perícia"



Composição nº 840

PERÍCIA
(R.Candeia - 19/09/2015)

Me livre de tudo isso agora
Preciso respirar com pressa
Me escondo numa sala calado
O relógio veloz me interessa

Medidas, fitas, tudo é controle
E a corja com todas as forças
Controla todo nosso desequilíbrio
Num lucrativo comércio de forcas

E entre os olhares de Medusa
Meus olhos se esquivam ao céu
E a minha amestrada paciência
Vai desistindo do prêmio Nobel

O sol do início dá lugar a noite
Instigando o entender ao complexo
Sobre se isso é bom ou ruim
Procuro no ser um pingo de nexo

E a contagem só vai até dez
E cresce e decresce perpetuado
Uma limitação que me enlouquece
Cadê meu anjo da guarda embriagado?

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

"Intimidade de Seda"



INTIMIDADE DE SEDA
(R.Candeia -17/09/2015)

A escuridão do quarto vai esconder o aroma
O latim, saiba, explica tudo isso
Com poéticas proféticas frases descoordenadas
Impregnadas ao sentido feito navalha

E por um instante voltamos a nos sentir
E extinguimos o que nos põe em extinção
Nossas mãos deixam vestígios no ar
E a cada olhar percebemos o ideal

Deslizamos dentro da suavidade brutal
E longe das masturbações bíblicas
Traficamos felicidade em nosso altar
De forma tão pura, um rebanho sem pastor

As luzes apagadas revelam imagens
Nenhuma bobagem é muita para o efeito
O defeito é o remédio mais eficaz
Contra a entediante perfeição

E quando a luz forte acende nos servimos
Por tantos metros da distante fugitiva mesa
Com a riqueza que só a gente entende
E devoramos doces com sabor de bom humor


Meus depoimentos - Parte 01


Meus depoimentos - Parte 01

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

"Até Onde Minha Morte Vai"



ATÉ ONDE MINHA MORTE VAI?
(R.Candeia - 16/09/2015)

Até onde a minha morte vai?
Nos becos escuros, nos milagres pagos
No ato ilícito, na palavra perdida
Ou em qualquer rua sem saída

Até onde a minha morte vai?
Na sujeira humana ou na limpeza
Na riqueza encardida ou no fútil
O útil, a inútil, na impotente tristeza

Até onde a minha morte vai?
Na próxima esquina, na sena, na quina
No copo cheio e vazio, ou na guimba
No mapa perdido de uma ilusória mina

Até onde a minha morte vai?
No teu choro ou risada, na calçada
Na ressaca imprevista ou decidida
Na caída do sol ou até na privada

Até onde a minha morte vai?
Na derrota, vitória, memória ou nascimento
Nos tormentos internos de todo mundo
Que conflita o externo de limo e sedento

Até onde a minha morte vai?
Até a vidraça quebrar, cortar e sangrar
E o trono virar tirando o conforto
No odor ou essência, até o calor refrescar

"Impacto de Brasa"




IMPACTO DE BRASA
(R.Candeia – 16/09/2015)

Desague-se completo, a vida é só um segundo
Transborde-se num amplo pensamento libertário
Quase tudo é pra nos atropelar
E nos classificados ainda há vagas pra otários

A peça que falta é a peça vazia
Com lugares sobrando alterando as palmas
Quem disse que o carma tem de ser ruim
E o fim não existe pra penar almas

Impacto de brasa pulsando
Latejando de vontade viver
Olha bem agora em sua cara
E responda, quem é realmente você

O concerto da vida julga os maestros
E o julgamento é um erro sem conserto
O certo é um dos maiores segredos
É a falta que sobra, mutilação sem incherto

A vingança é a revanche não marcada
É  a herança baldia do terreno invadido
É o próximo furando a fila
Pra chegar no mesmo lugar definido

Impacto de brasa pulsando
Latejando de vontade viver
Olha bem agora em sua cara
E responda, quem é realmente você

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"Herança Cinza"



HERANÇA CINZA
(R.Candeia - 10/09/2015)

Vivemos a herança de fumaça
De uma cinza época de tirania
Minhas palavras são armas esplêndidas
E meu olhar é de influência noturna

Mas as bocas de exílio sonorizam
Entre mordaças num criminoso ar
O tempo passa faiscando máscaras
Numa condenação fiel e cotidiana

Personagens trágicas assumem o palco
Propagando nus elementos proféticos
Como a não esperança interminável
Desejando suave danos ecléticos

Na minha desobediente alma
Reluto contra o fechar pobre dos dias
Que levam nosso tempo a falência
Numa fixa paciência de sombra

Fazendo as palavras de escravas
Sem vontade primária, de forma pura
O secundário obrigatório clama
E cheirosos na lama, ditam, a paz dura

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

"Tudo é De Repente"



TUDO É DE REPENTE
(R.Candeia - 01/09/2015)

O vento forte fuma o meu cigarro por mim
Mas torço mesmo pra que ele leve embora
Tudo que me vem de fora e faz estrago
Por isso que esse trago de alívio estoura

Busco sempre me encontrar bem gentil
De uma forma sutil discordando da história
Minha memória longa derruba portas, e chora
Sobre a mesa ao tentar lembrar de agora

Contradizendo ódios e tampando abismos
No cigarro fumado pelo vento sem direção
Na câmara dos ecos que não têm resultados
Todos os culpados procuram qualquer mão

Atitudes semi-eternas são tão poucas pra mim
A alma e o mundo cercam minha consciência
Mas no carmesim do seu batom eu me borro
Ridicularizando a função pretensiosa da ciência

E na razão envenenada na original sanidade
A cidade cobre tudo com o olhar de serpente
E toda a crença por algo se transforma em nós
Nós atados, nós seguimos, tudo é de repente

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

"Cultivo do Nada"



*Composição nº 832

CULTIVO DO NADA
(R.Candeia - 27/08/2015)

Em cada passo um mundo diferente
E a frente um insconstante universo
Que eu peço que fique calmo comigo
Só assim consigo lhe dar um verso

Os asilos da vida não escolhem idades
Como tempestades não buscam climas
E nas rimas pobres cantam a massa
Que amassam poemas em cataclismas

O cultivo do nada gera sempre o nada
Navegando nas ondas da comunicação
Transformando a noção numa bela piada
Seriamente armada pra nossa regressão

A liberdade absoluta encontra problemas
São edemas criados que viram doenças
Agindo como as crenças na dizimação
Numa ação carrasca que respira incoerência

Nossas vidas são mentiras realmente vividas
E tão verdadeiras quanto o não nascer
Que é proibido na luz e livre no escuro
O obscuro nos movendo, nos ensinando ser

sábado, 22 de agosto de 2015

"Nervos"



NERVOS
(R.Candeia - 13/08/2015)

Aí, meus nervos estão nervosos
Quero tacar pedras em tudo que posso
Vou explodir numa fúria
Numa fúria pior que a dos deuses

Quando deuses caem pros titãs
Não me soltem os cães
Quando deuses revidam os titãs
Pra quê horas tão sãs?

Quero uma praia pra nada fazer
Me entorpecer longe da praga
Da idiotice epidêmica circulante
Um calmante também serve pra mim

Drogar-se licitamente também é legal
Mas eu quero o imoral
Nas drogarias nos pedem receitas
Nas ideias feitas que fecham o sinal

Ligo o piloto automático viciado em café
Fujo como posso pra fumar um cigarro
E o mundo como bêbado na balança
Tira sarro da dança que aprendo os passos

Socorro, me tragam algo de bom
E abaixem esse chato som
Que me entra feito agulha nos tímpanos
Me impedindo da interna audição

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

"Sala Fechada"



Composição nº 828

SALA FECHADA
(R.Candeia - 06/08/2015)

Sonhos não são ilusões porque são eternos
Mas são sequestrados durante tantos olhos
Curvando de medo sensações esperançosas
A cidade fica morta no ar calmo e solene

A vida tem sua doçura certa e acidental
E o convencimento nunca me convence
Numa meditação interrompida na multidão
Que se não sabe, anda por aí só seguindo

Nas piadas sujas vomitadas pela embriaguez
Vejo a minha vez quase perto me esperando
Enquanto socializo na política das amizades
A realidade roga maldições nos sufocando

Enrolo abstrações no meu sentido refeito
Por minha saúde eu queria crer estar louco
Nesse pouco tempo que tenho de irreal
Escondendo o sinal dramático do mundo

Tudo que surge é tragado como bela verdade
Idosas viúvas se prostituem tarde por prazer
Porque nas calçadas da vida tudo é bem cedo
E o êxtase que transa o físico estupra o mental

terça-feira, 11 de agosto de 2015

"Silêncio das Palavras"



SILÊNCIO DAS PALAVRAS
  (R.Candeia - 11/08/2015)

A vida é o mais belo de todos os vexames
O paraíso e o inferno são o mesmo lugar
E nenhum profeta jamais teve honra
Pois, nenhum nunca existiu pra se honrar

Estou me sentindo um ser humano cruel
Dentro da minha teórica bondade
A selvagem sentença que faz o viver banal
Arremessa no lixo a ideia do milagre

O ditador faz o seu discurso sem inspiração
Porque é a mente que deixa a mão macia
Mas muita gente ouve sua palestra pobre
Que diz muita coisa mas só silencia

O vazio eco no silêncio das palavras
Conduzem visões que miram só muros
Como cegos palpitando sobre cores
Enchendo de dores o vento aos sussurros

Lugar todo fechado a céu aberto
Pessoas frias em um estado quente
Em que bruxas ainda são caçadas
E cassação ignora os reais delinquentes

sábado, 8 de agosto de 2015

"Cerco Armado"

   


   CERCO ARMADO
(R.Candeia -  08/08/2015)

E agora como segurar essa onda
Que estoura em cima de nós
Ruas fechadas e tudo cercado
Viramos rebanho ferido sem dó

O litoral tem sua beleza literal
Mas só pra quem nele não se afoga
E o cristo se rendendo ao sistema
Abre os braços curtindo sua folga

A vida não anda nesse cerco armado
Não temos um lado pra se agarrar
Só mesmo do lado de dentro
Destruindo armas para se vingar

A criança dá esperança ao globo
Que é um lobo faminto em suas ações
Batendo panelas fazendo barulho
Mas sem emitir nenhum tipo de som

Veja, que coisa podre e covarde
Que não invade somente o corpo
As informações passam a ter calibre
Tentando livre fazer parte do topo

"Realidade Sem Nome"



REALIDADE SEM NOME
(R.Candeia - 05/08/2015)

O inverno já tá terminando e nem chegou
Só desfilam por aí dias de pavor
E tantas mensagens de desespero
Num tempero azedo que virou tradição

E nas palavras sombrias lidas e ouvidas
Se desperdiçam vidas feitas pra viver
Num tabuleiro montado e sem fim
Em que as peças vão caindo em fileira

Viciosas virtudes que assustam
Escravizando todos os pensamentos
E a "vulgaridade" de contestar
Falsifica o velho nascer barrento

E na idealização de tantos seres sem mãos
Não conseguem entender esse nosso quadro
Exposto feito uma ferida aberta
Servindo de caça pro imediato

Monopolizam nossa opção de optar
O simplório é hermético paradoxando
Cegando o por quê desse inverno
Mostrando que o pior dos infernos é a frieza

quinta-feira, 30 de julho de 2015

"Futuro Arqueológico"


composição nº 825


FUTURO ARQUEOLÓGICO
(R.Candeia - 28/07/2015)

Planos provisórios escapam bêbados
Combinados fora do efeito da natureza
Numa esperteza de um ladrão entalado
Que é condenado por todos na avareza

Esse mundo não é doce, é feio e burro
E se vive dando murro em ponta de votos
Em fotos desbotadas em que a beleza falta
Por quase ressuscitando Augusto Malta

E nesse egocentrismo inverso e diferente
Pouco se sente qualquer coisa natural
Falsidade ideológica é a sinceridade cômica
Que come cada vez mais esse nada sem sal

Nosso mundo é dividido em diversas teorias
Que separam quintais com cercas teológicas
Durante os milagres expressados na TV
É o futuro virando uma ideia arqueológica

Tentar conhecer sempre deixa cicatrizes
O intenso desespero dourado e obsceno
Faz o olhar brilhar convicto, forte e infeliz
E nesse triz a sorte cautelosa evita o aceno

sexta-feira, 24 de julho de 2015

"Farrapos de Luxo"



FARRAPOS DE LUXO
(R.Candeia - 21/07/2015)

Saindo da mesa por abstratas tangentes
Por essa gente que vive em si de aluguel
Com seus barbitúricos bem pra lá de caretas
É o senso comum, sendo comum e sem véu

Somos peritos de nossos próprios crimes
Nuvens internas nos trazem tempestades
Nossa insanidade é julgada pela bancada sã
Que segue o fluxo da tarja preta da santidade

É o sado masoquismo da estranha mente
Pegando carona sem saber o seu destino
Encontrando emoção dentro de um nada
Num romance de privada que seduz o intestino

A realidade passa por uma grande crise
Onde o infértil é farto e forte e ainda furta
Minha luta na tangente intoxica angústias
Chapando o nó do peito de uma forma bruta

Me desespero vendo o desespero não sentido
De tudo que gira limitado em volta de mim
Identidades são buscadas no vácuo de um caos
Em farrapos de luxo que parecem não ter fim

"Sentido das Coisas"



SENTIDO DAS COISAS
(R.Candeia - 16/07/2015)

Na linha dos pensamentos culminantes
Desafio todo o universo a se declarar
Com todas as suas crueldades feitas
Onde a receita é perfeita pra envenenar

Não pago de herói ou de santo jamais
Aqui jaz um cara vivo e não amestrado
Sou formado pelo colégio de minha erudição
Que é barata, fraca, com privilégio controlado

Não me enforco nessa corda bamba boba
Que abomina toda essa multidão engatinhante
O sentido das coisas sempre na contramão
Minha paixão é levada crua como purgante

O contestável sempre ataca por baixo de tudo
Porque nesse mundo o diálogo é escolhido
Pelas empresas de informações sanguinárias
É a maquinaria transformando revoltado em iludido

O além vive sim de uma forma mais bonita
Pisoteando sobre tudo sem deixar pegadas
Numa emboscada florida de gesto maternal
Deixando o sinal pra uma história renovada

"Burocratas"



BUROCRATAS
(R.Candeia - 14/07/2015)

Os ruídos do que se diz humanidade
Nos últimos tempos vem me incomodando
Olhares vazios como copos no fechar do bar
Ligados a gestos que vão se deteriorando

O sol não nasce e morre só para se agradar
Tudo que existe tem seu propósito natural
Pessoas se inexistem de forma tão covarde
E não escutam o alarme porque o foco é visual

Gosto de sobrevoar sobre as expressões
De todos esses cancerígenos burocratas
Que fazem da vida uma clínica de fama
Que pior do que a fome e o fumo, mata

Encontro rachaduras nesses muros de paraíso
Porque não conseguem sustentar o purgatório
Que cada um arrasta e gera nas entranhas
E o inocente é o culpado no fardado interrogatório

"Universo Bêbado"



UNIVERSO BÊBADO
(R.Candeia - 02/07/2015)

Nossos universos são bêbados espaços de ser
E nossas experiências são únicas
Mas nem sempre nos unifica
Ficando em aberto o poder de negar

O bar não pode ser reacionário
E quem vê um aquário grande e quer pescar
Não sabe o saber do que se diz
Palavras fracas somem ao gaguejar

Taxar ilícito é a barreira mais hipócrita
Que se impede de andar por onde quer
É estudar o ser de cada um
Menos a si se reprovando no que é

Regurgitando besteiras irrisórias
Refazendo a história como uma fachada
Esquecendo o lixo e o desespero dos dias
A favor da maré com suas doenças desperdiçadas

"Dias de Sanatório"



DIAS DE SANATÓRIO
(R.Candeia - 09/07/2015)

Minhas mãos perfumadas de cigarro
Esperando ansioso por uma noite a mais
O que é instinto não é extinto pela natureza
O nosso ser tem a beleza que se provou capaz

Achei que fosse azar mas era só azia
E a cicatriz que você em si penitenciou
Achando que antes tudo fosse ferida
Se encontra perdida, baby, tudo girou

E nos derradeiros dias de sanatório
Nenhum decorar limita nosso cenário
Nem mesmo as tantas neuroses teatrais
Que somente ameaçam e nunca são fatais

A alegria desse mundo louco é cigana
Que engana que vai, pensando em ficar
Fazendo desvairar os corações genuínos
Ainda sou aquele menino que ama brincar

"Tecido Podre"



TECIDO PODRE
(R.Candeia - 30/06/2015)

O caos é a nossa companhia mais íntima
É o que nos persegue e nos dá bom dia
É o estado deplorável da regressão humana
Que até em nossas camas nos vigia

Estamos parados nesse trânsito mental
Onde se abdica do próximo umbigo
Experiências devem nos levar a alucinação
E a nossa maior força surge do perigo

Faróis altos acesos e buzinas em tom agudo
Aguço meu sentido lá do fundo da retina
Me esquivando do pior que há pra viver
A guerra à paz não pode ser uma amada rotina

Até mestres esquecem  suas vocações
O caos atinge e escala de degrau em degrau
Em saraus melancólicos e empobrecidos
Coberto por tecidos que só cheiram mau

quinta-feira, 30 de abril de 2015

"Tristeza Erudita"



Composição nº 800

TRISTEZA ERUDITA
(R.Candeia - 30/04/2015)

Labirinto sem saída não é labirinto
Não minto e sinto que isso é covardia
Numa tardia percepção da humanidade
Que tem imunidade às mentes sadias

Me equilibro na corda bamba dos meus erros
De uma forma insana que ensaia a paz
Aqui se faz, se erra, se acerta, se fuma e bebe
Flutuo e caio leve provando o que o efeito me trás

Pra tudo que não acho certo me manifesto
E nesse incesto Édipo o mundo se estranha
E até suas entranhas não são mais suas
Na mente bruta é só o sangue que banha

O desafio é sobreviver às coisas banais
Eu caço o que hoje são relíquias perdidas
Me infiltro nas vendidas dignidades cegas
E percebo nesses casos uma tristeza erudita

"Solução Subornada"


Composição nº 799

SOLUÇÃO SUBORNADA
(R.Candeia - 30/04/2015)

O que eu faço para me surpreender
Se as pessoas todas são tão previsíveis
Somos as pernas e o combustível do mundo
E só o vejo indo para lugares terríveis

O absurdo é a expressão mais comum
Professores acampam, apanham e levam tiros
Bandidos usam fardas, e ternos e gravatas
É a violência "pacífica" do qual me refiro

A "economia" do país empobrece quem tem menos
Cortes de custos significa trabalhador em perigo
Nenhum engravatado quer perder seu benefício
E o sacrifício cai no povo, veneno bem antigo

O esquema é o desequilíbrio esmagador
Ter miséria é necessário em qualquer eleição
E se até nossa "proteção" nos fere e ameaça
Não importa o que se faça, já subornaram a solução



quarta-feira, 29 de abril de 2015

"Mordaça"



Composição nº 798

MORDAÇA
(R.Candeia - 29/04/2015)

Deixa eu me calar agora
Vou acabar me perdendo em mim
Apagando os meus traços
Nos destroços de um pisado jardim

O tempo não terá espaço comigo
No meu abrigo que levita e estala
Dentro de um fogo aberto e vivo
Traduzindo cada palavra que não fala

E na selvageria de um coração "benevolente"
A moral convencional preconceitua tudo
Em seu mudo discurso que conserva
E preserva o que devasta o mundo

Mas essa regressão só consegue existir
Graças a pré-existência de nulos seres
Que não sabem nem o que e quem são
Desequilibrando a balança dos poderes

terça-feira, 28 de abril de 2015

"Miragem Burra"



MIRAGEM BURRA
(R.Candeia - 28/04/2015)

Quero fugir pra bem longe desse lugar
Onde a ignorância e futilidade não cheguem
Minha turma é um planeta feliz e solitário
Numa galáxia criada para que o vácuo reine

Hoje não me peça mais para ficar
Já perdi as contas do quanto eu bebi
Os meus cigarros todos acabaram
E refleti que não pertenço a isso aqui

Mundo onde as caras são quebradas
Num louvor banal e louco pela imagem
O espelho que elogia, amanhã corta
Numa morta felicidade de burra miragem

O último copo me encara com raiva
O ato de engolir só existirá por milagre
Ativando a vontade do sóbrio subconsciente
Que vira minoria até que a alma me largue

Terrenos longos sem nada por dentro
Cercados por muros feitos com excrementos
E me torno ignorante por ter que ignorar
Então, pasmo, viro na raça o copo, e não lamento

segunda-feira, 20 de abril de 2015

"(I)limitação"




Composição nº 791

(I)LIMITAÇÃO
(R.Candeia - 20/04/2015)

Minha ansiedade parece ser infinita
Nessa bonita incerteza que eu sei
Não há trégua na doce esperança
Que nos tira pra dança inusitada

Na neurose cotidiana de ter que ser
Livros são atirados como pedras
Limitando o cenário ao decorativo
Num curativo que é apenas moldura

Apenas colares com o vazio pendurado
Sobre olhares silenciosos e herméticos
Perpetuando valores criados sem inspiração
Como uma nova lei para todo destino

Tudo que se diz, de alma e tudo, fatal
Faz apologia à tal conhecida fatalidade
Será a ansiedade uma escondida vertente
Mais coerente que um necessário exílio?





sexta-feira, 17 de abril de 2015

"Esfigmomanômetro"



Composição nº 790

ESFIGMOMANÔMETRO
(R.Candeia - 17/04/2015)

A pressão do mundo está alta
Em pauta nenhuma ideia de evolução
O estetoscópio não escuta nada
É a parada cardíaca da revolução

Todos os cantos e becos poluídos
Valores doentes em estado terminal
O sangue aumenta nos caminhos estreitos
Onde bandidos e prefeitos tem sinal de igual

As veias que são vias latejam forte
A nossa sorte por azar não amadureceu
Foi exportada barata antes do tempo
Tentamos importá-la mas o dinheiro não deu

Então aferimos a pressão na ação
Não temos paixão por essa asfixia
Que em demasia toda hora nos afronta
Numa frase pronta cheia de demagogia

"Determinar-se"



Composição nº 789

DETERMINAR-SE
(R.Candeia - 16/04/2015)

Uma surpresa sempre surge ao despertar
Como é normal desnortear após um sonho vago
E em mim a ansiedade de tentar contribuir
No tempo não sumir, ficar deixando algo

Num ambulatório lotado de sentimentos
O ressentimento não encontra o seu lugar
Não quero só vagar como um cego que só vê
Venho pra aprender a importância do regar

O café requentado não me incomoda mais
Ainda mais o mesmo sendo o combustível
E o não perecível medo não me convence
Que não se vence longe do acessível

Doenças ascendentes contaminam o interno
Mas o meio externo complacente é a bactéria
A nossa matéria se flagela com isso
Então preciso nadar em minhas artérias

"Estático"



Composição nº 788

ESTÁTICO
(R.Candeia - 16/04/2015)

Me distraio analisando esse nada
Que preenche os novos costumes
Loucura paradoxa privilegiada
Onde a teia de contradições se resume

Nessa patética sociedade agonizante
Estantes estão cheias de vocações religiosas
E suas penosas confissões sem valor ao público
Palavras banais que se tornam perigosas

Devo me calar como uma bela estátua?
Minha consciência finge que isso é o melhor
Ter o sonoro silêncio de uma esfinge
Que não é decifrada, evitando o pior

Minhas janelas se abrem pra noite
E reparo na luz apagada abaixo do solo
Que não ilumina essas figuras nebulosas
E na certeza assombrosa busco meu colo

"Sinfonia"



Composição nº 787

SINFONIA
(R.Candeia - 14/04/2015)

Sou a oitava maravilha do submundo
E me localizo numa sinfonia perversa
Na controversa dos tempos atuais
Onde a guerra é mais amada que a conversa

E a pressa é o remédio da urgência
Numa sequência de fatos que machucam
Onde cutucam feridas com bala de prata
E a mídia tapa os poderes que abusam

Nossos olhos são vendados por trapos
E por onde escapo a rua é sem saída
Contaminada pelo odor da sujeira obscura
Durante a procura a inflação dá uma subida

E a massante sinfonia continua tocando
Sempre insinuando que somos os mais fracos
E nos frascos se preparam os coquetéis
Que deixam os lixos e os quartéis em cacos

"Fila (Sistema Inoperante)



Composição nº 784

FILA (SISTEMA INOPERANTE)
(R.Candeia - 08/04/2015)

Agências com sistemas falhos
Um atalho errado e sem previsão
Ficamos na mão e sem volta
O que revolta toda população

Palavras batidas de pessoas chatas
Audição ingrata nessa espera na fila
Ouvindo tanto fanatismo bobo
Onde todo misticismo cintila

E se aglomeram até nas vozes
Quando todos juntos o mesmo esperam
Cada um com sua estória diferente
Que normalmente as filas geram

E o simples se torna tão confuso
Nessa fusão de números pra tudo variados
Somos enforcados por esse sistema
A paciência é o tema desse livrado