sábado, 31 de dezembro de 2016

"Receita Particular"



Composição n° 899

RECEITA PARTICULAR
(R.Candeia - 31/12/2016)

Você gritando pelas ruas suas dores
Mas dos elevadores ninguém pode te ouvir
Fuja daqui que o tempo ainda não morreu
O que acontece é que você tem que insistir

Você pula frases e fases que podem te salvar
O andar das pernas não pode ser ignorado
Não fique humilhado ao lado de humilhadores
É tornar vencedores quem te sonha derrotado

Bocas emitem sons que não passam de ruídos
Seus gemidos têm que ser de prazer
Saber fazer suas regras pessoais proporcionam
Uma liberdade doce que é o melhor do entorpecer

Não dê tantos ouvidos pro mundo
Não vá ficar surdo assim tão de repente
Nosso entorpecente já é barulhento demais
Fazendo evolução com gente não sendo gente

Teus gritos somem e você se acalma
Nas suas palmas letras feitas imperfeitas
Mas compostas por você
Voe, passe e fique, pra sua poesia é tua a receita


quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

"Visita"



Composição n° 898

VISITA
(R.Candeia - 29/12/2016)

Visito bêbado conventos
Com ventos fortes sobre meu ser
O que fazer em certas paisagens
Miragens que vêm me convencer

Séculos parados em minha frente
Minha mente raciocina até demais
Tanto faz eu aceito o convite
Uma obra de requinte que pra vista satisfaz

Uma orla enorme me envolvendo
Me comovendo em quiosques com cerveja gelada
Parada obrigatória no escritório sagrado
E no gosto salgado do mar a alma lavada

Jogo meu cigarro pro alto e deixo o vento levar
Meu patamar mora num elevador
O sabor preferido existe em mil formas
Derrubando normas de um triste conservador

Eu invado o quintal do vizinho
E a noite sozinho procuro o terraço
Tudo aberto e fresco ao Horizonte
E um monte de ideias mais forte que traço



"Histórias"



Esse ano ainda não acabou ... fresquinha ...

Composição n° 897

ESTÓRIAS
(R.Candeia - 29/12/2016)

Me conte uma estória
Que eu lhe mostro o valor dos dias
Com a maestria de quem anoiteceu
Nesse museu que construímos na magia

A bela magia de não se notar os segundos
Nossos assuntos subvertem esses tempos
Em que a cartilha volta dando surra em medrosos
Em espaçosos pedaços para ressuscitar sonhos

Me conte suas estórias
Em que você é o melhor dos contos
A personagem principal
Papel tão desigual de um livro pra poucos

Puxe uma cadeira nesse bar
Vamos conquistar o mundo que criamos
Que tanto suportamos ressacas morais
Principalmente dos outros humanos

Me conte logo uma estória
Para eu misturar com algumas minhas vulgares
São tantas verdades e invenções reais
Tão suspeitas como tantos gestos e olhares

Me conte suas estórias
Em que você é o melhor dos contos
A personagem principal
Papel tão desigual de um livro pra poucos

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

"Útero Aéreo"



Composição n° 896

ÚTERO AÉREO
(R.Candeia - 26/12/2016)

Espírito Santo é realmente um estado
Onde tenho estado nos últimos dias
A ponte aérea me fascinou
O mundo pequeno inteiro gigante sob mim

Paz interior distante do caos
Refletir sobre o que vale nessa vida
Numa praia sem onda onde viro criança
É a minha vingança contra os dias ruins

No ar me senti pássaro e no solo renascido
Vindo de um útero aéreo
Do qual vi pela primeira vez a luz
Isso seduz e elimina tudo que há de estéreo

E com os pés sujos de areia
Vejo tudo que clareia saudando a visão
Sol forte no rosto e navios pesqueiros
E o que há de mais verdadeiro junto de mim


domingo, 25 de dezembro de 2016

"Uma de Natal"


Composição n° 895

UMA DE NATAL
(R.Candeia - 25/12/2016)

Independente da data ser ou não comercial
Pra mim é uma data especial
Data dos encontros e das reflexões
E como eu sinto falta de tanta coisa
Lembro dos natais aos lado dos meus pais
Como era bom
A saudade daqueles tempos machuca

Meus velhinhos sempre presentes
Os presentes que eu ganhava
Mas hoje paro e penso
Que eles sempre foram meus maiores
Meus maiores presentes
Sabedoria misturada com coração
Ensinamentos que tento levar

Não posso reclamar da vida
Dessa vida que amo viver
Que amo fazer parte dela
E tento ser intenso dentro do que posso
Queria poder viver tudo de novo
Ia ser lindo, um sonho sem preço

Mas o tempo passa e tudo se ajusta
Pessoas novas nascem e nos preenchem
Renova a vida de uma forma ímpar
Agradeço ao reencontros
Pedaços de mim que estavam perdidos
E tão perto de mim
A conspiração me ama e me quer

Então eu só tenho que viver
Fazer meu jardim por aqui e sentir
Os sorrisos e carinhos de um passado
Não voltam mais, mas nunca se apagam
Nunca são esquecidos e largados
Fazem parte do meu ser
Mas só em saber que há novos sorrisos
Me faz ser preciso aceitar o adiante

E isso me alegra e me revive
Tudo que eu quero é poder ser eu mesmo
Um eu melhor e poder sempre ser forte
Continuar escrevendo a minha história
O meu livro, da forma que creio
E sinto melhor

sábado, 24 de dezembro de 2016

"Oriente-se"


Composição n° 894

ORIENTE-SE
(R.Candeia - 24/12/2016)

Oriente-se ao oriente das coisas
Perca sempre a hora de ir embora
No tempo se apavora com as palavras
E decora o cenário de tudo que esqueceu

Esvazie cinzeiros pras guimbas que virão
Onde deixarão vestígios de um mito
Onde um grito acorda todos os sonâmbulos
De um ângulo bem louco e tão bonito

Multidão desconhecida que se esbarra
Aos olhos da platéia tudo é um show
O oriente sempre rasga tantas regras
E se entrega ao novo corpo que chegou

E no calor que transa com frio
A liberdade rouba as chaves da prisão
A comédia se esconde pelos dias
E a tragédia assina o texto sem paixão

Não desperdice a tua face com o ódio
O pior negócio é se perder dentro de si
O oriente por aqui ainda não vingou
E nem amou de aluguel que ofereceram a ti

















sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

"Correspondências"



Composição n° 893

CORRESPONDÊNCIAS
(R.Candeia - 23/12/2016)

Correspondências se perdem
E não procedem sempre ao destinado
Notícias de todas as formas e além
O mau do bem é que ele é esperado

Satélites sabem tudo antes de você
Não tente se convencer sem provas
Documentos não assinados morrem
É como aquele porre que renova

Olhe concentrado para as suas mãos
E se entenda pelo tato primeiro
Neste costumeiro mundo sem percepção
A pele é o coração estrangeiro

Agora forte os relógios param
Nas mensagens não vieram planos
Mas eles não farão falta
Por pelo menos vinte anos

"Boas Vindas"



Composição n° 892

BOAS VINDAS
(R.Candeia - 23/12/2016)

Sobreviventes num mundo de realezas
Onde a sobremesa canta pelas ruas
Almas nuas são deixadas de lado
E num retardo consomem ideias cruas

O circulo desse compasso marcado
É o caminho planejado a sangue
Uma geometria viciosa calculada
E na água cortada o banho é no mangue

E a caça continua sendo premiada
Vista embaçada diante do espelho
O único conselho dado sai fumaça
A verdadeira graça é dos risos velhos

Quadro negro de luto pelo absurdo
Mais barulho que o surdo na avenida
Mas há ainda algum ar pra respirar
Pra desejar aos turistas boas vindas

Querem da parede um paredão
Ilusão que se esquece da raiz
Onde é que diz que isso é justiça
Pôr apenas um lado por um triz


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

"Calçadas Lotadas"


Composição n° 891

CALÇADAS LOTADAS
(R.Candeia - 22/12/2016)

Atirando pedras nos coletivos erros
Mas sem notar que também são seus
Alvo giratório perigoso que volta
Como a revolta do nada com o ateu

Julgamentos em praças públicas
Abrir a boca se tornou violação
Numa louca monotonia sonora
Que outrora se salvava ao violão

Esquinas iluminadas é fim de festa
Numa seresta de cabeças batidas
Na era perdida de carreiras feitas
E na receita tá faltando bebidas

Calçadas lotadas de tantos sentidos
Vetores enlouquecidos em vertentes
Tanta gente seguindo por tantos mapas
E também falta aquele tapa inconsequente

Desligo meu estado viral contaminado
Por palavras com doenças benignas
O meu eu sempre está em construção
Pra quê a solução se o viver é o enigma?

"Orgia Umbilical"



Composição n° 890

ORGIA UMBILICAL
(R.Candeia - 22/12/2016)

As pessoas precisam perceber
Que o mundo não é individual
Apesar de cada um ter o seu
Não existe o núcleo umbilical

Infernizam o falso céu do outro
E não aceitam troco quebrado
Tenho me tornado observador
Analisando tudo que é louvado

Burlam até as coisas mais simples
Um convite pra se desconvidar
A saída com o portão trancado
Que só alucinado pra se escapar

Até macumba penduram na porta
Ideia torta de quem não existe
O umbigo persiste em ser rei
Mas não sei no que isso consiste

Até os deuses às vezes desistem
Fogem com medo de suas mitologias
E nas orgias se tornam analfabetos
De seus livros incompletos castrando dias









quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

"Hospício do Ser"



Composição n° 889

HOSPÍCIO DO SER
(R.Candeia - 21/12/2016)

Meu hospício pessoal eu vivo todo dia
Nenhuma agonia me tira a busca das flores
Confundem odores com ideias sociais
Tais como o dividir é separado por cores

Nesse hospício me irrito e passo do ponto
Num conto nada triste que faço não ser
Prever o futuro é não superar o ingerido
Gesto querido de quem não pode entender

Meu ser clandestino vê a noite clarear
Fazendo o levar ser trabalho do limite
Conquiste o ilimitável todo segundo
O submundo tem poder e aceita palpite

Nesse pinel caótico e nada melancólico
O sabor alcoólico tempera em todo clima
Saio de cima do muro por onde sou visto
Nunca resisto acabar com qualquer cisma

Esse manicômio sempre me faz perguntar
Se eu já melhorei ainda no dia de hoje
Antes de imaginar o mínimo do trágico
E quando refaço a questão, o mundo foge






"Néctar Negro"



Composição n° 888

NÉCTAR NEGRO
(R.Candeia - 21/12/2016)

No néctar me aqueço internamente
Um oceano escuro que almejo
E me liberto de um sono morno
Que não enriquece meus desejos

De gota em gota conto os minutos
E nenhum insulto vai me ofender
Meu copo bem cheio eu quero
E não espero esfriar pra beber

É o mais quente dos meus vícios
E nisso busco indícios de uma cura
Que não jura mas cumpre o prazer
De ser combustível de forma pura

Então lhe desejo plantações eternas
De uma maneira fraterna e leal
Por ser tão desigual com a concorrência
A minha coerência é melhor que o ilegal






"Sinfonia"


Composição n.° 887

SINFONIA
(R.Candeia - 21/12/2016)

A nebulosidade cruel que se expande
Não esconde entre nuvens mistérios
Expondo ministérios escolhidos a euros
Que nenhum neuro pode levar a sério

Vendedores tocam as primeiras sinfonias
Acordando quem ainda mal dormiu
E tão bem devagar pariu o dia
Quem é que será que nunca viu?

O sol invade tudo sem pedir licença
Janelas viram portais extravagantes
E nas estantes empoeiradas pelo tempo
O descontentamento se mantém elegante

Abra a porta pra todo erro passar
Deixe essa fuga no mar de um passado
Até o ar está condenado nessa brincadeira
E na geleira o essencial foi congelado







terça-feira, 20 de dezembro de 2016

"Maquiagens"



Composição n° 886

     MAQUIAGENS
(R.Candeia - 20/12/2016)

Qual peça que falta pro quebra cabeça
Desça de imediato do ato simbólico
Então, eu combino com o destino
Num gesto fino de fato cronológico

Respirar fundo e ir em frente
Como um procurado delinquente
Que tanto no frio ou quente não escolhe
Seu futuro que encolhe no ausente

Nesse holocausto lento
Que se maquia de economia
O apartheid vive
Disfarçado de democracia

Não como músicos que odeiam melodias
Quero dias nublados só pra não lembrar
Das coisas que finjo que enxergo
Me fazendo de cego só pra não cegar

E nesse engarrafamento sem cigarro
Me fecho no carro isolando os ruídos
Passando comovido por cada uma vida
Que são reconhecidas em números esquecidos

Nesse holocausto lento
Que se maquia de economia
O apartheid vive
Disfarçado de democracia








"Contas Sagradas"



Composição n° 885

CONTAS SAGRADAS
(R.Candeia - 20/12/2016)

Contas "sagradas" são emprestadas
Para desvios sujos, mas não tão loucos
E improváveis quanto abrir mares
E mais fácil abrir bares evitando sufocos

Decifro as pessoas pelos seus olhares
Que acabam se transbordando em suas taras
Em forma de sorriso, o que é preciso é o lutar
Nessa imensa vida malandra de mil caras

Em meus olhos a visão gravada colorida
De uma sinuosa curva sem quadro
As necessidades sempre se encontram
Se esbarram, brigam, e ficam de quatro

Hoje foi linda a sincronia dos sinais
Que não foram os vitais que tanto apanham
Decido devido aos itens óbvios de esquinas
Numa epidemia de insônia dos que sonham





"Luz Bêbada"


Composição n° 884

LUZ BÊBADA
(R.Candeia - 20/12/2016)

Não penso em nada de ruim
Sei a validade do que pode ser bom
O chão é o amigo único a ser pisado
E de cada lado procuro evolução

Todas as vidas são bem distintas
E não há cor de tinta que iguale
O nome dos passos e seus segredos
Num estranho anseio que nos engole

Quero a oposição forte ao ruim
Nenhum fim pode acabar com nada
A esperança plantada em meu jardim
Ignora assim a visão esquartejada

Então não desfaço o meu espaço
E em cima do traço peço um traçado
E a luz bêbada brilha com ênfase
No êxtase do que já foi calibrado


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

"Rasgando Sentidos"


 

Composição n° 883

RASGANDO SENTIDOS
(R.Candeia – 17/12/2016)

Rasgam livros nesse mundo quase livre
Pros que querem somente prender
Nesse mundo onde fantasia é salvação
E até desgraças são tidas como abençoada

A alienação é o banquete dos que têm muito
E a miséria dos que labutam pra algo terem
E sobre a tragédia agora eu descubro
E ainda procuro e estudo sobre a mental

O ego inflado pelo vazio está na moda
Nessa roda que gira louca e parada
Demonstrando nadas em pífias exposições
Onde prega uniões em ações separadas

Realizando ilusões à própria visão sem tratos
Nos tantos enfeites baratos comprados de graça
Tudo passa nessa rotina de coisas rotineiras
O auge da besteira é a vitória da desgraça