sábado, 24 de novembro de 2012

"Fogo"

 
 
FOGO
(
R.Candeia - Nov/2012)

O fogo pela vida fala alto
Grito estridente que acorda tudo
E eu não mudo um minuto
Não acato bobagens do mundo

Preciso ter sempre o que falar
Frases bonitas para escrever
Meu interior não tem fim
Como a alegria que carrego

Prefiro o lado que se diverte
O papo bom rola gostoso
É impossível não sorrir
Cada sorriso é delicioso

Quero voltar a cantar
Pra espantar os meus males
Quero correr pela vida
Não sigo só por uma estrada

O fogo pela vida é alto
É um vício descontrolado
Que não precisa de tratamento
Nunca escolhi o meu lado

"Calo"

 
 
CALO
(
R.Candeia - 03/Nov/2012)

Uns vivem no mundo da lua
Outros romanceam melhor uma nua
Nunca desprezo tais ideias
Mas gosto mais da semi-nua

Aumenta mais a satisfação
Da cabeça até abaixo do chão
Ajeito pro lado e pronto
Bato o meu ponto

Vivendo e agindo feito louco
Sempre a mil por hora
Na velocidade do pensamento
Não fazendo de nada um tormento

Não espero absolutamente nada
Inventar esperança é ter frustração
E a frustração ama a inocência
Abrindo assim as portas pra demência

E eu já sou vacinado
Fico aqui do lado, sou calejado
Bebo e observo o mundo
Só não ficar completamente mudo

"É Assim"

 
 
É ASSIM
(
R.Candeia – Nov/2012)

Não sou um objeto pra pertencer
Sou um humano pra ser
Mas sem contrato assinado
Odeio padrões e juramentos, juro

Não me procuro buscando o nada
Mas também não me fascino com o tudo
Esse mundo não é nosso
Nós não o temos, ele nos tem

É o nosso direito, temos que usar e ousar
Ninguém saberá o que é ser feliz
Se não tiver a coragem de arriscar
Ousar, usar, tocar e entrar

Cada um tem a sua maneira de amar
E saber o que é amar, e quando amar
Porque o amor mesmo não é o dos contos-de-fadas
Um belo livro que se dissolve no tempo e na água

E digo, deixo a pessoa ir embora à vontade
Permitindo que ela volte sempre
Eu não ligo porque é assim que funciona
O único conto que existe, o conto-de-pessoa

"Saudade"

 
 
SAUDADE
(
R.Candeia - Nov/2012)

A saudade talvez seja a desistência da esperança
Ou o seu cansaço, e não um sentimento
É uma sensação talvez de acomodação
E também algo sem tradução

É apenas a vontade manhosa
De querer ter de novo
Saudade de quando eu não precisava
Sentir saudade de nada

Mas conheci a vida, o mundo, pessoas
A saudade também pode ser do que volta
Saudando o saudosismo sem importar a idade
Saudade, pode ser boa?

Não sei, responda você
Só vai depender do que
Mas a sensação de apenas querer
Machuca muito mais

Saudade do que foi, do que é
E até do que não aconteceu
Não faça da saudade um céu
Eu sei que o inferno é forte demais

A saudade é uma linda moça
A saudade é um atraente rapaz
E tem sempre seus dois lados
Que caminham de mãos dadas

É a mais bela flor com odor
Ou a flor com a mais bela fragrância
Inalando aos olhos horror e arrogância
Tudo sempre depende da nossa visão

E ver não é o mesmo que enxergar
Saudade de quando comecei a escrever
Todo esse longo poema
Que me encomendaram o tema

"Esfera"



ESFERA
(
R.Candeia - Nov/2012)

Onda grande que foi cortada
E tudo ficou esquisito
O gosto é de fazer querer
E não impôr no grito

 
O olhar que era reto
Já não é mais tão certo assim
Ninguém deve nada a ninguém
Mas não se deve estragar um jardim

Pedras que se movem de forma errada
Fazendo perder um vencido jogo
Tabuleiro enorme e incerto
Mar que sem onda apaga o fogo

E nos motivos inventados
A onda poderá não chegar mais na terra
É como se a loucura tivesse se afogado
E sido levada numa apagada esfera