quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

"Garantia"



(Composição de nº 738)

GARANTIA
(R.Candeia - 17/12/2014)

Se segure no instinto derradeiro
O paradeiro só existe se o achar
O procurar nunca foi o necessário
Despreze o destinatário ao falar

Se procure no extinto verdadeiro
Como um veleiro que se perdeu no mar
O capturar nunca foi certeiro, como
O amor do estrangeiro ao se naturalizar

A pior morte é a de se neutralizar
Não se pode valorizar um corte
Nem que a sorte venha lhe abraçar
E se martirizar não é ser forte

Nunca se deixe consumir
Por zumbis que agonizam pela vida
Que fazem da artéria atingida alimento
Elemento, que a tortura é garantida

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

"Refratário"




REFRATÁRIO
(R.Candeia - 04/11/2014)

Sou eu que levo os meus passos
Na noite bruta e bela dos seres pensantes
E a todo instante busco segundos
Que não se encaixam num mundo inconstante

Me perco de propósito pra não me achar
Encontros não são nada sem os desencontros
Como o ódio não é nada sem os ignorantes
Que com suas riquezas egoístas, pedem descontos

Paralogismos me agridem, mas é paradoxal
Refratário em mim é normal e viver não cansa
O dia grita de dor com suas pessoas cruéis
Que são tão fiéis ao tédio que cessa a dança

Evito prevenir do mesmo jeito que precipitar
Nenhuma razão pode ter limites
A noite é dos cínicos que esnobam a glória
E vomitam aos seus pés, escórias e palpites

"Apocalipse Mental"



APOCALIPSE MENTAL
(R.Candeia - 15/12/2014)


A triste intolerância religiosa
É um vírus, uma mania contagiosa
É a evacuação de Deus
Nos seus dias mais difíceis

Pregam tal a paz divina
Fazendo guerra em cada esquina
E nos estouros das granadas
Conseguem vez palavras sagradas

Talvez se tenha a impressão
Que quanto mais alto tudo voar
O "céu" ficará tão perto
Que virá alguma mão pra salvar

E no novo ditado construído
Que com fé fere, com fé será ferido
No único apocalipse que existe
O mental, é o ideal como negócio falido

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"Percepção Desigual"




PERCEPÇÃO DESIGUAL
(R.Candeia - 12/12/2014)

Não importa onde chegue a tecnologia
Sempre vamos precisar de porca e parafuso
E é claro, que do uso da mente
Tornando praticamente tudo mais confuso

Em todo esse abuso que sofremos
Nos vemos derivando de forma radical
E tá mal também pra quem viaja na dança
Dentro do Michael já tá cheio de cal

E a natureza que já não é mais tão pura
Percebemos isso na combustão natural
Inalamos tudo quanto é porcaria
No plantio, iguarias, percepção desigual

E no capricho de quem se planeja
Se maneja de forma leiga e delicada
A meiga dignidade resgatada do lixo
Que bem lavada pode ser usada

Avance sua tecnologia interior
Seja cúmplice de suas vitórias
Passe e renove como as estações
Mas marque como uma memória

E a natureza que já não é mais tão pura
Percebemos isso na combustão natural
Inalamos tudo quanto é porcaria
No plantio, iguarias, percepção desigual

"Inevitável"



INEVITÁVEL
(R.Candeia - 02/12/2014)

O teu beijo roubado no susto
Por tua doce boca antes do meu
Para o instante e naquele segundo
A minha crença foi quase de ateu

Sentimentos iguais e o medo como muro
E juro que bem cedo consigo soltar
Que sem você um dia dura semanas
Minha vontade explana o que é desejar

Deságuo palavras em teu ouvido
Jamais serei Romeu, pois, sou muito melhor
Se matar por algo é bobagem
E com coragem, vivos, pisamos no pior

O destino é uma escolha desenfreada
Que se esconde por trás do inevitável
Revelamos isso a cada fluído trocado
Nosso momento é de valor inestimável

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

"Enganos"



ENGANOS
(R.Candeia - 10/12/2014)

Não despreze um sonho tão lindo
Só porque ele não é seu
Sonhos se encontram a toda hora
Não se ignora o que não aconteceu

O erro natural nasce com a gente
É a ideia cruel de julgamento
Nos achamos donos do que não é nosso
Transformando tudo e todos em detentos

Nenhuma forma tem a perfeita geometria
Quem não mentia ainda vai nascer
Não confunda ser humano com humanidade
Mesmo engano que há entre a vida e o viver

O paraíso é um desperdício fatal
Para todos os não conformados
Então, não despreze sonhos
Porque os juízes aqui podem ser condenados

"Pobreza Real"



POBREZA REAL
(R.Candeia - 10/12/2014)

Tem tanta gente espalhada por aí
Que deveria usar papel higiênico na cara
Gente que não para de buscar infelicidade
Gesto covarde que ao nascer se iniciara

E na estupidez dos tempos modernos
Não há ternura nos seres de terno
O inferno cobre toda a nudez
Lançando nua a sensatez num dia de inverno

Me interno neste meio externo
Descomplexando os meus defeitos
Observando direito qualquer passo
Eu não passo perto de humores estreitos

Há rumores de que caio por aí
Mas é verdade, não tem como negar
Mas minhas quedas saibam que não é de podre
Podre são aqueles que não têm o que falar

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Manhãs"




MANHÃS
(R.Candeia - 05/12/2014)

As manhãs são o morrer de cada porre

Por minhas veias dilatadas, tudo corre
Nessa sobrevivência ímpar, desagonizo no porto
O único santo de verdade morreu de aborto

Toda seriedade de hoje me faz sorrir

Quando o porre morre nada faz sentido
A não ser os vestígios e respingos
Que entregam de vez que nada foi contido

E o tentar lembrar é algo divertido

Onde é que se estava, e se estava vestido
Coisas Nietzscheanas de se explicar
E mostrar que o mais belo nem sempre é florido

Venha até a mim, clara ideia de paz

Mais forte que qualquer versículo banal
Que fala do caminho certamente errado
E diz que salva, mas só conforma pro "Juízo Final"

"Alienação"




ALIENAÇÃO
(R.Candeia - 05/12/2014)

Atenção, a droga mata rápido
A droga do mau-humor descarado
E o pudor de julgar muito louco
O que pra você não é "normal"

Eu passo é bem mal
Com essa cruz em sua parede
Simbolo sangrado da morte
Negatividade penosa e sem corte

Cuidado, ela quer comer sua mulher
Veja, ele quer seduzir o seu homem
Para um troca-troca profano
Inveja que mata de grego a troiano
(Não seja sincero por baixo dos panos)

Faça do seu "anormal" um esporte
A sorte espera sim na esquina
E não nas chacinas bíblicas
Que fazem apologia a agonia

Ponham seus órgãos pra fora
E toquem a sinfonia que ignora
O decorar de tudo que é triste
Ir é fácil, mas viver agride

A piroca dura, sofre censura
A vagina aberta, não é a correta
Mas o abstrato é liberado
Quero abdução desse mundo alienado

"Condenação"



CONDENAÇÃO
(R.Candeia - 05/12/2014)

Cuide bem dos seus pensamentos
No final, eles valem mais do que você
É a única coisa nossa forte
Que a terra não há de comer

A respiração determina e o pensar
Com seu protesto ensina e assina
Na parte de dentro o que vai ficar
Numa orientação bêbada pra complicar

E na esquizofrenia dos tempos
Fiquemos atentos contra os lamentos
A tarja preta com receita faz mal
Porque o controle liberta os sofrimentos

E a ilimitação não pertence ao sofrer
O limite é a cela que rasga a carne
Numa enorme condenação livre
Contradição de um tempo que não se define

"Atualidade"




ATUALIDADE
(R.Candeia - 28/11/2014)

Dias mais tóxicos que uma usina
Ares com "perfume" mais forte que urina
Quem assassina o tempo não é relógio
E convivemos livre com o contágio

Quem erra não pede perdão
Nesses dias tão medievais
O erro ignora a solução
Que vai pra fogueira, tempos atuais

O perigo de não sentir medo
Já não é mais assim, tão segredo
O dedo some junto com o anel
Primeira prestação pro terreno no céu

A justiça vem "voando" a cavalo
Trazendo nas mãos a sua lança
Enquanto a crueldade de fuzil vem a jato
Distorcendo a imagem da esperança

E balança, dança e escarra
Rindo até chorar de nossa cara
Que tara mais libidinosa
Não sentir medo, sensação perigosa

O perigo de não sentir medo
Já não é mais assim, tão segredo
O dedo some junto com o anel
Primeira prestação pro terreno no céu