FRONTEIRA
(R.Candeia - Abr/2012)
Às vezes não me reconheço
E quando isso acontece
Morro de medo de mim mesmo
Numa fronteira que separa eu de mim
E numa convulsão de pensamentos
Metralho com raiva ressentimentos
Fazendo do momento um derrame
Que me consome contra o vento
Que me vira tormento e trás insônia
Organizando cerimônia de idéias ruins
Ou num sono pesado de pesadelos
Que mesmo dormindo arrepia meus pelos
Tem coisas que prendo e me arrependo
Há coisas que solto e me revolto, mas
Não há nada melhor que se olhar no espelho
E fazer da própria consciência um conselho
Pois a nossa própria consciência
É o melhor conselho que podemos ter
Porque não é comprada e nem vendida
É o ponto de partida pra evolução do ser
Foto: Rafaella Garcia.
CONCRETO FRESCO (R.Candeia -
Abr/2012)Sou viciado em amores impossíveis E em planos supostamente infalíveis Que só servem mesmo pra falhar Então me distraio e bato guimba no café Fumo um cigarro na intenção de te esquecer Depois fumo outro na intenção de fumar mesmo Procuro por mim nas horas à esmo Num texto sem letra que não possui fim Recebo golpes das palavras sem base E o argumento vira um concreto fresco Daqueles que se desmancham a cada pisão Tornando bem sinuoso o que seria o chão Me encontro numa folha solta ou rabiscada Numa bicha bêbada gritando na calçada Ou numa marca na pele que significa eternidade Pois o pensar realmente não pode ter idade Observo a ridicularização dos valores Na qual a (única) dor é não agradar ao espelho Por isso (que) não dou inúteis conselhos Cabeças sem cérebros não sentem dores Porque não podem entender ...