quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
"Questão"
Composição n° 991
QUESTÃO
(R.Candeia - 20/12/2017)
Preciso relaxar e não pensar
Talvez em nada por uns dias
Meu pensamento positivo só acaba
Depois do último ponto final
Emocional abalado é como
Um quebra cabeça faltando peça
Então não me peça pra sofrer
Porque tudo antecipado é preconceito
Com os olhos no mundo
Eu tento viver com os olhos do mundo
E o meu segundo pode ser uma década
Dentro da contagem de outro ser
Atropelamentoto nas Américas
Asfaltos manchados como nações
E as noções perdidas nos postes
Não julgue a sorte e nem culpe o azar
Não giro em torno de mim
Para achar um destino
Isso triplica o já intrêmulo caminho
E implica com a loucura mais santa
Com os olhos no mundo
Eu tento viver com os olhos do mundo
E o meu segundo pode ser uma década
Dentro da contagem de outro ser
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
"Assuntos Clandestinos"
Composição n° 990
ASSUNTOS CLANDESTINOS
(R.Candeia - 12/12/2017)
O ridículo passou longe de nossa carne
E não só percebemos como vivemos
Sol introvertido entre nuvens ranzinzas
Tão cinzas quanto as ideias que vemos
O fim pode sim ser outro começo
Como acontece nos livros
Então me livro de toda sentença
Minha crença é no que vivo
Ultimamente tenho crido nas descrenças
Nas soturnas heranças que direcionam
A liberdade escolhida a dedo
O credo é medo e a muitos emocionam
O diabo é todo o mal que fizemos
E não temos a capacidade de assumir
Pra que sumir do que aparece em nossa frente
Nessa corrente que é tão fácil de partir
O demônio pessoal coroando domínios
Que são tão reluzentes quanto noites felizes
Pelas marquises me dê de propina teu passaporte
Brincando com a sorte num jogo de azar
Onde está o subversivo lotado
De pensamentos controversos diversos
Não só de versos viverá o homem
Escrevendo com fome um testamento perverso
Batendo palmas com o coração
Sem viver a louca ilusão daquele que ama
Numa teimosia de mula que empaca
E a fama de quem só se deita na cama
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
"Alteamento"
Composição n° 989
ALTEAMENTO
(R. Candeia - 30/11/2017)
O tédio tarado por tristeza mata
No fundo ninguém conhece a si mesmo
Cada dia descobrimos mais sobre nós
Em atitudes jamais pensadas ou sonhadas
Não ser covarde é questão relativa
Depende do ponto de vista e ocasião
E a denominação na ação interpretativa
Nessas tentativas que forçam a frustração
O abraço não pode deixar escapar o calor
A barra atirada pra cima volta
Numa ação que dizem não existir
O elixir da vida quando fede revolta
Verticalizando a dobradura existencialista
Temporo-espacial posterior
Moro lá na última gaiola
E meu quintal passa a ser o exterior
Jornais em estados de calamidade pública e privada
Estados em jornais de calamidade pública e privada
E sabe aquela barra atirada não a esmo e não salvou
Isso mesmo, volta alvejando quem mirou
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
"Sádica Benevolência"
Composição n° 988
SÁDICA BENEVOLÊNCIA
(R. Candeia - 22/11/2017)
Demagogos e hipócritas de plantão
Oportunistas, vampiros, vírus, odores
Oradores e moralistas de ocasião
O idiotismo não entende nem sua contradição
Indiretas no ar resumem o nosso momento
Coices de jumento sem argumento
E na cabeça o vento que não sopra
Desses Lorpas infanto-juvenis tão hostis
O lado mais obscuro da vida é aquele
Que não se conhece ou tem medo
Sentindo o gosto azedo de levedo
Fazendo de brinquedo até a coisa mais bíblica
Não entorne essa aguardente assim
Deixando vazar por entre todos os dentes
O prazer doente de ser fiscal de tudo, tudo
Tudo aquilo que não te pertence
A desordem é sagrada quando não se encaixa
Nesse quebra-cabeça que se monta na ordem
Agora entornem no chão suas águas paradas
Estagnadas do tempo de caridades carentes
Masoquismo que começa na frente do espelho
Dores alheias não são dores se não lhes doem
Úteros que choram sangue por causa de intrusos
Sádicos e os abusos de suas benevolências
terça-feira, 21 de novembro de 2017
"Quadro Esquálido"
Composição n° 987
QUADRO ESQUÁLIDO
(R.Candeia - 21/11/2017)
Se enforcar com a própria língua
Sinal vermelho no tiroteio
E o segundo disperso pode ser teu vilão
Essa vida ainda não disse a que veio
Adrenalina e incerteza juntas
Numa dança mal ensaiada
Calçadas como passarelas que mostram
O que é nossa pífia moda
Perdem-se tanto tempo desconstruindo
Que acabam não construindo nada
Ociosa cilada da desintelectualidade
Por tantas cidades ideias exiladas
Frases simples e feitas se tornam mágicas
E iludem os acéfalos mitológicos que batem cabeças
Aproveitando a falta de comida
Devido a prestação de seus aumentos de classe
A intervenção já existe onde não há saneamento
Olhares nojentos feito navalhas enferrujadas
Rasgam e giram nas carnes apodrecidas
Por falta de interesses e cuidados
O milésimo como prova de sobrevivência
A moradia como alvo constante
E julgamentos cortantes vem velar
A honra de quem tem o peito perfurado
(Por projéteis piores que a solidão)
terça-feira, 14 de novembro de 2017
"Pão Mofado"
Composição n° 986
PÃO MOFADO
(R.Candeia - 14/11/2017)
Em cada pão mofado encontrado
Está um pouco da tristeza imposta não vista
Que se curva a cada conquista
Daquele que lhe tira tudo e sua carne belisca
Trejeitos de um tempo em que a maldição
Mora na mente e mexe com o corpo que não resiste
Enganando olhares e alterando sensações
Dando vida a frustrações que nem sempre existem
Pão mofado engolido a seco
Em becos teu sangue livre corre
De tanto ódio distribuído
Nesse mundo perdido que tudo morre
Esquecendo um lugar em cada coisa
Humano que é humano não confia em humano
Limpando com pano sujo manchas e pistas
Reprovado na entrevista com o mundano
Fugindo para a melhor das fugas
E a melhor das rugas é feita pelo sorriso
Aumentando a cotação p'rum coração quebrado
Desobedecendo as placas de aviso
Pão mofado engolido a seco
Em becos teu sangue livre corre
De tanto ódio distribuído
Nesse mundo perdido que tudo morre
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
"Errata da Paixão"
Composição n° 985
ERRATA DA PAIXÃO
(R.Candeia - 03/11/2017)
Nos traços e instintos famintos
De uma louca paixão descarrilhada
Matéria ferrada de uma mente cega
Que se entrega à insanas ciladas
Os olhos procuram o olhar que se desvia
A boca que quer o beijo procura sem sentido
A boca do escarro gratuito
Diante de cada grito interno não medido
A noite cai invadindo o sol sem licença
E sem a mínima decência o controla
E tudo se embola de forma covarde
Nessa vida infiel que arde e cantarola
As cicatrizes não dão o certo aviso
Estimulando e ignorando qualquer errata
Enorme passeata sobre o coração
Indireta coação, desejo escravocrata
Esmolas e migalhas satisfazem por segundos
É o pouco como bela recompensa
Por cada dose dupla de ofensa engolida
E a carne viva é ungida pela indiferença
sábado, 28 de outubro de 2017
"Quem Somos"
Composição n° 984
QUEM SOMOS
(R.Candeia - 28/10/2017)
Sei muito bem acabar com qualquer dia
É só tentar acabar com o meu
A perfeição passou longe de tudo e de mim
E o fim cabe em todas as páginas
No cigarro aceso a tristeza do pulmão
Mas no chão os pés apertam os passos
Qualquer ondulação é brincadeira
E qualquer besteira pode ser guerra
Nada enterra nenhuma sensação
O desperdício da falta de ar
As esquinas chamam pra escuridão
E o alarme de perigo grita louco
A desafinação é o segredo dos deuses
Não precisa de tom na música inventada
Até porque na estrada tudo é incerto
E o que fica perto é apenas a dúvida
A multidão se mistura numa síndrome
E o sentar na calçada alivia a tensão
Fechar os olhos apaga aquele segundo
Nesse mundo onde procuramos quem somos
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
"Falando Grego"
Composição n° 983
FALANDO GREGO
(R.Candeia - 27/10/2017)
Flores mal plantadas
São mal colhidas e escolhidas
Para dar o exemplo distorcido
Tenho torcido tanto pelas sombras
Lá não me asso e ainda sobrevivo
Enquanto revivo criações internas
Nossa guerra pode ter armas que salvam
E ressalvam tudo quanto é existir
Parece que estou falando grego
O medo virou normal e plano de governo
Nesse inverno seletivo que massacra
Pelas caras feitas só pra se cuspir
Ou fala ou engole, sem pombo correio
Nesse tiroteio astral que danifica e tonifica
Toda essa fraqueza de compreensão
O que não é semelhança também não é aberração
Meia dúzia de mentes movem milhões de vácuos
E ainda crêem nos milagres de olhos azuis
Da pele branca sedosa do deserto escaldante
Certeza alucinante do claro e vulgo superior
Parece que estou falando grego
O medo virou normal e plano de governo
Nesse seletivo inverno que massacra
Pelas caras feitas só pra se cuspir
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
"Câmara (De Gás)
Composição n° 982
CÂMARA (DE GÁS)
(R.Candeia - 26/10/2017)
Vou me tornando uma ópera
Tão fabulosa, mas real e inescrupulosa
Não há prosas ao ar vulcânico
Nesse pânico na pátria escandalosa
Operários do falso encanto divino
Como se fossem peregrinos gritam
E não aliviam devido ao timbre franzino
Onde o libertino pelo pescoço agitam
Seguindo as escrituras
Deus salvou foi Marte
E esqueceu da terra
Porque morte e guerra
Só onde tem humanos
(Não acredito que isso foi um plano!)
E nesse erro de cálculo não falado
Ficamos de lado assistindo, lindos
À todas as paisagens possíveis
Com nossos infalíveis fracassos
Fatalidades não são farejadas
Por olfatos empoeirados que muram
E miram e murram despedaçando
Enfatizando tristezas que nos surram
E o pato foi passear...
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Música: Fique
Mas uma música feita, dessa vez em parceria com essa amiga e bela artista Rani da Silva, vocalista da banda Dellacorde, que conseguiu traduzir bem os sentimentos que tentei expressar nessa letra-poesia. Obrigado Rani, minha amiga...
Fique
(Letra: R.Candeia/ melodia: Rani)
Tudo de belo guardado pode ser revivido
E o que é bonito eu digo que não morreu
Sinto a respiração ofegante dos meus sentimentos
Nada de lágrimas ou lamentos
Nessa história que nasceu
E o toque cortante que arrepia a pele
E a companhia e as risadas bobas que superam
Faz ancorar no nosso peito
O nosso direito de perdoar
Não quero que vá embora
Levando em si
Tudo aquilo que sempre sonhei
Eu transbordei todo o meu melhor
E quando veio o pior não reparei (não reparei)
E as conversas que perfuram a madrugada
Refazendo a tristeza em cores
Com o fim das dores
Que cortam a alma
Não quero que vá embora
Levando em si
Tudo aquilo que sempre sonhei
Eu transbordei todo o meu melhor
E quando veio o pior não reparei (não reparei)
terça-feira, 10 de outubro de 2017
"Poema Não Acabado"
Composição n° 981
POEMA NÃO ACABADO
(R.Candeia - 10/10/2017)
E o dia-a-dia arrepia epidermes
Por tantos vermes soltos e falantes
Atacando nos instantes de distração
Numa medievalização preocupante
Ter onde se agarrar não é proibir
E nem coagir o jeito de ser de cada um
E quando se é debatido com fontes
Falam aos montes com sentido nenhum
Criam demônios como desculpa
Pra sensação de culpa interior
O exterior não pode saber de nada
Cartilha decorada com todo temor
Mesmos ideais que causam as guerras santas
Destas bocas sofríveis que o tempo rechaça
Diante das tantas contradições terríveis
Chegam a agradecer até pelas desgraças
E isso é uma maneira de identificação
Quem louva execução a direção é o hospício
Nesse desperdício de ar puro daqui
Onde até Dalí os pintaria em precipícios
O beijo e o amar na liberdade incondicional
Causa tão mal pra essas caras ruins de foda
Ser livre não define e nem tira caráter
Catéter contaminado no peito de quem poda
Mundinhos fechados vivendo a grande farsa
Nessa farpa enfiada no dedo que chamam de vida
Intromissão indevida, versículos ambulantes
Amantes da incoerência e da opinião não pedida
Almas perdidas em caminhos que julgam certo
Decretos escritos em pedras com sangue e pena
Cuidar é apenas questão de amor e não encaixe
E não há quem relaxe diante dessa triste cena
Artistas expõem as fraturas internas
Dessa gente terna que exclui sutil
E raciocina de um jeito senil pra explicar
O porquê de isolar assim tão pueril
Presos os professores, diretores e alunos
Num espetáculo uno que dispensa multidão
Há bomba e não dança de salão pra sonhar
Que termina a cada estourar sem compaixão
Caçadores que só enxergam o inexistente
Olhar carente sob o medo do conceito criado
Pensar condicionado e controlado por movimentos
Que são tão alegres dentro de seus cercados
E digo, esse poema pode ainda não ter acabado ...
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
"Retinas em Rotina"
Composição n° 980
RETINAS EM ROTINA
(R.Candeia - 06/10/2017)
Ruas trancadas e explosões vivas
Numa nada criativa crença bélica
Girando entre pombas e jardins
Com pungentes fins em crianças gélidas
Espíritos bagunçados de forma sagrada
E o grito de aviso da calçada ecoa
E não perdoa por quem esqueceu a atenção
Porque na contramão a história ressoa
Elogios invertidos em todas as classes
Se o tempo falasse ele nos xingaria
Nessa drogaria de vidas em receitas
Somos a caça perfeita dessa artilharia
Nequícia como enfeite na pele abatida
Paisagens possíveis nas vertigens reais
Nesse trem embriagado por trilhos trágicos
Antropofágicos tomando seus sais minerais
A última inocência não é encontrada por timidez
Nessa divina nitidez de santas covardias
Plantada na apatia dessas grossas vistas sem retina
Numa rotina cancerígena que fere os dias
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
"Veneno Tragado"
Composição n° 979
VENENO TRAGADO
(R.Candeia - 05/10/2017)
A fraqueza cerebral dá vida à moral
Nesse sinal quebrado fechado
A vida não é resultado da ação
Auto louvação no espelho rachado
Mosca bêbada sobre o mictório
E nos escritórios tristezas pra resolver
A mudez escrita sem ortografia
Nessa pornografia do não entender
E agora eu não sei
Se é judeu ou libanês
Mas nas loterias da vida
Tem gente que perde a vez
O veneno é todo tragado a seco
E nos infernos concertos iludem
Por entre blasfêmias tão gloriosas
Onde crueldades charmosas reluzem
Somos a epidemia, a febre e o vírus
E não esperamos as hirus no além
Porque não somos reféns penitentes
Soprando pelos dentes os moldes do bem
E agora eu não sei
Se é judeu ou libanês
Mas nas loterias da vida
Quase todos têm sua vez
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
"Lisura"
Composição n° 978
LISURA
(R.Candeia - 04/10/2017)
Conhecemos nossas formas de longe
Nada constrange o que é sincero
Não espero por nada que não virá
A vida não pode ser como um clero
Nefasto atropelamento de olhares
Contradizendo circulares soturnas
Que tentam pôr em urnas tudo aquilo
Que advém das conquistas noturnas
Na lisura de um romantismo
Em nosso anacronismo perfeito
Fomos eleitos por votos diretos
Direto do núcleo do peito
O calor da pele não repele o verdadeiro
Daquele derradeiro e átimo encantado
Passos cruzados e esbarrõess garbosos
E depois estrondosos poemas recitados
O sorriso como prêmio com a resposta vinda
Na linda esperança que não cansa e cega
No abraço que aconchega os sonhos
Matando os enfadonhos traços que carrega
Na lisura de um romantismo
Em nosso anacronismo perfeito
Fomos eleitos por votos diretos
Direto do centro do peito
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
""Conservantes""
Composição n° 977
"CONSERVANTES"
(R.Candeia - 02/10/2017)
Conservando a miséria do ser
Do não pensamento estimulante
Sendo objeto em estantes antigas
Comprando cantigas massantes
Vivendo sendo tudo que se critica
E de forma intrínseca se engana
Se arrastando à paisana pela vida
Não enxergando sua ferida insana
O ateu se ajoelha e reza
E preza pelos velhos costumes
Vagando por um mar aberto
Se alimentando de multiplicados cardumes
Nem todos têm direito à perícia
Mas querem a carícia de seus algozes
Sendo atrozes com seus reflexos
Não vendo nexo no tom de suas próprias vozes
O ateu se ajoelha e reza
E preza pelos velhos costumes
Vagando por um mar aberto
Devorando multiplicados cardumes
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
"Bela Imagem"
Composição n° 976
BELA IMAGEM
(R.Candeia - 29/09/2017)
Nesta bela imagem do óbvio
Altera-se a acústica do inconsciente
Numa carente briga de polifonia
Naquela agonia conveniente
Imagens atropelam pensamentos
Que vagam pela contramão do proibido
Estamos perdidos em nosso próprio mapa
Isso desacata o direito de não ser coibido
Subsistência clandestina que ilumina
E fascina pelos punhos da não invenção
Amém à subversão cotidiana que exala
E fala pra frente no meio dessa regressão
O mundo externo fere o interior do individuo
Que já é dividido em conflitos de desejo e ação
Recebendo o não como se fosse um lascivo
Fazendo do inofensivo um temido vilão
Confinamento em passos tão curtos
Que se iludem na sensação de movimento
Queimando documentos fatais
Levando ideias cruciais a fragmentos
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
"Transeuntes"
Observar analiticamente o mundo e entender outras realidades e colocar-se interpretativamente nelas como se fossem minhas, criticando o anacronismo explícito no cotidiano, essa a ideia lúdica dessa nova letra...
Composição n° 975
TRANSEUNTES
(R.Candeia - 28/09/2017)
Baseado na identidade encontrada
Pública responsabilidade privada
Numa porta sem tranca à exposição
Nossa salvação é na disfarçada
Na face a faca cega de credo
Maior que o velho medo da morte
Onde transeuntes ínfimos temem
Tão intimidados diante seus portes
Toda empática sintonia traz o dia
Então estendo os braços pra alteridade
Espanto o abjeto de perto
Dando golpes de obscenidade
Nossa incapacidade prematura
Perdura diante metáforas vazias
Nessa hibridez invejada por muitos
Que são felizes em suas apatias
Proporcionando o perigo como remédio
Daquele tédio que livra da condenação
Virando a supressão ao avesso
Tirando do berço qualquer tentação
Transeuntes = pedestres.
Ínfimo = Menor, miúdo, inferior.
Alteridade = diversidade, distinção.
Abjeto = imundo, odioso, desprezível, canalha.
Híbrido = desvio, irregular.
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
"Parênteses"
Composição n° 974
PARÊNTESES
(R.Candeia - 27/09/2017)
Precisamos criar anticorpos
Nesse mundo abafado que isola
Vetando tantos outros espelhos
Vomitando conselhos que só consola
Olhares que flutuam a sós e não vêem
Cotidianos submersos e afogados
Somos gados conformados e felizes
Em impactos hostis neutralizados
Encaro os ônibus mesmo sabendo
Que são invencíveis adversários
E ao adverso cenário há o espetáculo
Abraçando em tentáculos partidários
Nos altares postos acima da multidão
Há a pauperização de cada pensamento
Iniciando o encerramento lúgubre
Que beija e acaricia, seduz pro sedimento
Evitando dores através de dores
Nessa paranóia crônica eficiente
O suficiente sufoca com suas paredes
Nos parênteses mortos entre dentes
sábado, 23 de setembro de 2017
"Retrato Falado"
Composição n° 973
RETRATO FALADO
(R.Candeia - 23/09/2017)
Eu não sei ensinar, só aprender
E penso para tentar existir
Para não coagir a mim mesmo
E não viver a esmo por aqui
Minha palavra não vale nada
Quero mais um copo cheio agora
Isso é o que mais vale pra mim
Mesmo que não engula e jogue fora
Toda estupidez consome mais
Do que três horas de sexo
E depois se perguntam porque
Como se tudo tivesse nexo
Nada perdoa o que se perdia
E nessa azia ocular universal
Levanto com o pé esquerdo por sorte
Estancado o corte inquisitorial
A forma indefinida do sentido
É o efeito distorcido do esperado
De tudo que foi criado por nós
Logo após um retrato falado
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
"Dança dos Lorpas"
Composição n° 972
DANÇA DOS LORPAS
(R.Candeia - 21/09/2017)
Os dias argutos não querem saber
Onde vão dar esses passos hipotéticos
A multidão de rostos éticos esperam
E veneram tantos excrementos estéticos
A enfermidade em efetividade prospera
Nessa esfera de olhares banidos
Ideais perdidos vendidos pelo caminho
Por causa de pergaminhos aos poucos falidos
Roubando e esculpindo destinos
Num ato sovino de querer alcançar
Então vai se abraçando ao incrível
Onde o inverossímil não pode optar
Tão louco quanto Joana D'arc e Giordano Bruno
E tão insano quanto as bruxas na fogueira
E lá se vai a vida inteira no coagir da ilusão
Onde a contrária visão é marginal porque clareia
Deságuam sobre todas as dores
Aquelas coisas seletivas de amor pelo mundo
Doutrinando como se confessa uma fé
A forca não dá pé estrangulando os segundos
Roubando e esculpindo destinos
Num ato sovino de querer alcançar
Então vai se abraçando ao incrível
Onde o inverossímil não pode optar
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
"Emancipação"
Composição n° 971
EMANCIPAÇÃO
(R.Candeia - 20/09/2017)
Numa privacidade sob holofotes
Desço de meu forte com todo furor
Nem o ardor de uma história sem fim
Traz para mim qualquer dissabor
Não me sinto nada salvo
Porque não sou controlado pelo medo
O tempo livre sem segredo é inspecionado
É um inusitado doce doado azedo
De carona nas asas dos ventos
Ignorando toda e qualquer torrente
Tudo sempre pode mudar
O sol, porque não, também brilha pra gente
Como os corpos colonizados
Que são abandonados pela própria razão
Mãos largam tantos prazeres
Devido aos deveres da interna prisão
Emancipando vivas possibilidades
Espelho pela vaidade quebrado
É o brado da garganta sem margem
Borrando a imagem desse quadro forçado
Dando calote nas asas dos ventos
Ignorando toda e qualquer torrente
Tudo sempre pode mudar
O sol, porque sim, também brilha pra gente
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
"Resíduos"
Composição n° 970
RESÍDUOS
(R.Candeia - 14/09/2017)
Largados a seus próprios instintos
Extintos por olhares formais
Nada mais se busca ao relento
Só cruciantes sargentos morais
Se afogam no raso dos saberes
Por nunca terem visto a profundidade
Na arte não pode haver leis
Censura imposta por reis da modernidade
Arte limitada é um grito de boca fechada
Onde resíduos de fezes santas opinam
E marginalizam a falta de esperança hereditária
Cartilha imaginária, patologias que ficam
Psicólogos mortos pela exatidão
Submersos nas tantas incertezas alheias
Em banheiras que viram oceanos
Onde a vida é menor que um grão de areia
Com ventos eróticos sopram batizados
Esterilizados messiânicamente
Aguardente não é farsa como bem tá
Pra delitos flagrados teoricamente
Obs:
Cruciantes = angustiante, doloroso e torturante.
"Hermético Código"
Composição n° 969
HERMÉTICO CÓDIGO
(R. Candeia - 14/09/2017)
Num hermético código conflituoso
Através de comunicações clandestinas
Protegem seus orifícios atrás de cruzes
Apagando as luzes quando a voz afina
No terço, no quarto, tudo se esconde
Nesse bonde lento que só a si carrega
E então saficamente entrega o temor
Daquele terror que nas veias navega
A consolação enraizada no peito
Ameniza o pleito próprio sobre a mesa
E de joelhos não se reza apenas
Ruas viram arenas de uma proeza não coesa
Criamos o abstrato à nossa semelhança
E a nossa herança foi a quimera salvação
Farmácia de manipulação pra cada desejo
Até mesmo pro sagrado bocejo no sermão
O infinito não existe onde o plano tem fim
Movimentos enfim são desconsiderados
Batinas, tarados, século passado debatido
E se tem convencido que o provado está errado
(E sem ter o que dizer põe a culpa em algum lado)
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
"Desengano"
Composição n° 968
DESENGANO
(R. Candeia - 13/09/2017)
Toda sobriedade é uma doença fatal
Tudo exposto ao público é pura edição
A escuridão ampara a salvação da moral
A vida do quintal encobre a do porão
A cegueira, a miopia e o estrabismo
Cria um conformismo que ultrapassa livros
A inocência da tão esperada volta
Num otimismo que aponta e leva a crivos
Essa vida é tão reorganizável
Às vezes me distraio e então percebo
E nesse orate ciclo não potável
O mais estável mora dentro do placebo
Eufemistas das imagens
Vagando puros e belos em verdes jardins
Nos confins de belezas divinas
Que em toda a esquina distribuem jasmins
Toda falta de silêncio vira conspiração
O real como uma mão proibida em decreto
Logrando intuições graciosas ao poviléu
Monstrando um pouco do céu objeto
Obs :
crivo = julgamento
Placebo = toda e qualquer substância sem propriedades farmacológicas,
administrada a pessoas ou grupo de pessoas como se tivesse propriedades terapêuticas.
Eufemismo = uma figura de linguagem na língua portuguesa, um mecanismo que tem o objetivo de suavizar uma palavra ou expressão que possa ser rude ou desagradável. E consiste na troca de termos ou expressões que possam ofender alguém por outras mais suaves, seja por serem indelicadas ou grosseiras.
Lograr = enganar
Poviléu = povo
Orate = sem juízo, louco
terça-feira, 12 de setembro de 2017
"Dicotomia"
Composição n° 967
DICOTOMIA
(R. Candeia - 12/09/2017)
Dicotomia instaurada em agonia
Sobrevivo pelo fato de persuadir
E todo esse lânguido povo que chora
Totalmente ignora o antes do porvir
Lutas imberbes só podem ferir
E nada mais do que isso até agora
Jogam tudo fora pelas tangentes
Ideias abrangentes não encontram hora
Festas públicas são escárnio em faces
Nebulosidade escondendo placas de sentidos
Emoldurando a castidade em jejum
E orando por um pensamento contido
O eco plácido de subordinadas vozes
São tão ferozes quanto a passividade
Que qualquer novidade pode causar
Afim de controlar e matar a verdade
Subversivos nascem da impaciência
E da carência de compreensão ao redor
Pormenor não conhecido dos motivos
O engodo ativo acomete o esplendor
Obs:
Dicotomia = divisão em duas partes contrárias
Persuadir = mover, induzir, acreditar
Lânguido = que se encontra em fraqueza física e psicológica
Imberbes = jovem, de pouca idade
Plácido = serenidade, brado leve
Subversivo = ato ou efeito de derrubar, perversão moral
Pormenor = detalhe, minúcia
Engodo = ilusão
Acomete = ataca
"Derruindo Ethos"
Composição n° 966
DERRUINDO ETHOS
(R. Candeia - 12/09/2017)
Precisamos envenenar nosso sangue
E dar inteiro a nossos vampiros
Não é todo giro que muda um destino
E em cada gesto fino eu piro
Fenecer a corrente moralizante
Vicejando viciante a obra enrubescida
Que é distorcida, uma face após purgante
Criptando o desejo de limitar a vida
Nesse cenário sombrio
Nós somos as velas
E o que se revela
É apenas um frio
Adestrado e livre no cercado
Atmosfera de sedução poluída
Onde o maior e ousado legado
É a fuga incrível pra uma rua sem saída
Quantos passos pode se dar
Sem tocar no chão?
Quantos sonhos pode se ter
Sobre o mesmo colchão?
Obs:
Derruir = demolir
Ethos = conjunto de hábitos e costumes fundamentais
Fenecer = tornar mais fraco
Vicejar = desenvolver com força
Enrubescida = tornar vermelho
"Velhos Anúncios"
Composição n° 965
VELHOS ANÚNCIOS
(R. Candeia - 12/09/2017)
Nos clichês anunciados
Na rua, nas bocas e janelas de carros
Se encontra toda a desmotivação
De enfrentar esses tantos ideais bizarros
O louvor devido a tudo que acontece
Até mesmo o que apodrece é agradecido
Enquanto o genocídio domina o mundo
Da arquibancada se contenta ao assistido
E esse afeto afeta os fetos nem nascidos
Já estão convencidos antes dos olhos abrirem
Que se insistirem serão apedrejados
E caminham ao lado do nada a sorrirem
Velhos anúncios
A ignorância é um projeto supremo
Que irrita até mesmo o desprezo
Por tudo aquilo que não lemos
Todo passado explica o presente
E condena o futuro que não muda
Ninguém ao menos estuda o que se é
É começando pelos pés que tudo se inunda
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Texto
A MODA DA NOVA IDADE MÉDIA
Por: Ricardo Candeia
18/07/2017
O Brasil, e toda sua população, junto com tudo, está indo fortemente por ladeira abaixo, caindo sem parar para o fundo de um poço que parece não ter mais fim, dando vida, devido à nossa tragédia interna, à personagens fictícias de péssimo gosto e de enredo paupérrimo. Bolsonaro é o maior destas personagens, este "senhor" é o resultado de uma longa, porém simples equação, onde se subtraem educação, respeito, lógica, paz, racionalidade e soma-se ódio, desrespeito, preconceitos variados, imediatismo barato e palavras vazias, multiplicado por insensibilidade, falta de conhecimento histórico, bom senso, sinceridade, crises vastas, principalmente intelectual, que vem da ausência de leitura, respeito ao próximo, somado a preguiça de aprender, desespero e medo. Bolsonaro é apenas uma farsa caricatural, cheio de palavras-chaves, frases banais vazias e já decoradas com discursos fáceis de entender devido a fraqueza e fragilidade de seus "pensamentos", quase uma cópia ou uma cópia mal feita de Moreira Franco nas eleições de 1986, no qual ele derrotou o grande Darcy Ribeiro com um discurso muito parecido de que acabaria com a violência em 6 meses, e o que Moreira realmente acabou foi com o projeto dos CIEPS (criado por Darcy Ribeiro), onde o estudo seria integral e o as crianças teriam educação, alimentação e ao menos uma esperança de futuro. Isso é a cara desse país que falta tudo, e que mal nasceu e já agoniza sendo protagonista da grande piada mundial, não se buscam reais soluções, isso dá força para caricaturas que estão mais pra palhaços. Imagina este "senhor" num encontro de Líderes mundial, o Brasil seria a vergonha alheia do universo, imagino o assunto sério e ele vindo e falando de NIÓBIO, de submissão das minorias, em pleno século XXI, cheio de falso moralismo e tradicionalismo, até porque, como vir com aquele papo conservador babaca de família tradicional, se ele mesmo se casou e se separou 3 ou 4 vezes?
Acho que seria praticamente o fim desse projeto de país que foi "descoberto" (lê-se explorado e disseminado) em 1500 mas que só "deixou" de ser colônia em 1808, e mesmo assim só porque foi usado de rota de fuga, esconderijo.
E ainda existem seus herdeiros de sangue (bolsonarinhos), que até agora também se mostraram muito fracos de argumentos, com embasamento zero e não só em conhecimentos históricos básicos como atuais, com seus discursos tão másculos e "certeiros" que na hora de um simples debate eleitoral, passam mal, dão xilique a ponto de quase desmaiarem, tudo porque uma de suas crias não tinha conhecimento para responder uma simples pergunta. Pelo menos isso já o(s) torna(m) diferentes do REI do NIÓBIO, que em suas entrevistas e debates, até mesmo com civis comuns, perde sempre no argumento, perdendo a cabeça, destilando palavras ofensivas e não dando o direito de resposta jamais. Volto ao assunto, imaginem essa caricatura num encontro de líderes mundiais? Se o mesmo foi humilhado até em debates políticos com universitários?!?!?! Precisamos rever nossos conceitos e exterminar nossos preconceitos, exterminar todo o egoísmo, tanto conservadorismo escroto, falso moralismo, e qualquer tipo de tradicionalismo, isso não é um ato contra quem seja, mas um pedido para que se respeite a individualidade de cada um, e ler e se informar sobre nossa história, pelo menos o básico já é importante, para que não se saia por aí passando vergonha e defendo políticos que são analfabetos políticos, estranho né? Querem saber se algum dia conseguirei regredir ou não ligar para nossa história a ponto de votar nessa caricatura? Não sei, talvez no dia em que ele aprender a fazer flexão.
Obs: Essa personagem fictícia caricatural, deveria ser investigado por falsidade ideológica pelo fato dele ser ele mesmo.
sexta-feira, 30 de junho de 2017
"Anulação"
Composição n° 964
ANULAÇÃO
(R. Candeia - 30/06/2017)
Num jogo previsível de cartas marcadas
Está armada toda a contravenção
Toda paixão pela cifra escancara
E só mascara pra quem não conhece a visão
Cadeiras numeradas e presentes secretos
E não há decreto que faça tudo parar
Tentar se salvar é um sonho perdido
E com pés ardidos a nação começa a sangrar
Juízes amigos com seus martelos de Thor
Onde o pior está sempre por vir
Jaz aqui na terra vendida a esperança
Que por ganância veio a falir
Carreiras intactas são absolvidas
Não se ligam pras vidas postas em xeque
Antigos cheques se transformam em malas
E em dentro de salas viram manchetes
Mas mesmo assim não dão em nada
E na estrada trancada nova arrecadação
Então a constituição é rasgada
Nessa festa bancada por tanta anulação
quinta-feira, 29 de junho de 2017
"Movimentos em Gesso"
Composição n° 963
MOVIMENTOS EM GESSO
(R. Candeia - 29/06/2017)
O moralismo corre a maratona
Que vem à tona triste em cada frase
Como derrubar os pilares
Se nem ao menos temos base
O dedo julgando de dentro do quarto
Mal desses partos que deram certo
Só ficam perto de telas luminosas
Leguminosas de livro semi-aberto
O crime real está em suas caras
E em suas taras pela ordem e progresso
Movimentos em gesso buscando a luz
Replicando às margens plácidas o inverso
Engraçado decifrar as suas mentes
Deitados eternamente em seus berços
No esplendor de suas dores tão banais
Desejam soluções fatais e beijam terços
Até seus refúgios fogem de si
Correndo dessa praga de epidemia
Sufocados em agonia descontrolada
Criam ciladas e determinam o que é alegria
quarta-feira, 28 de junho de 2017
"Impressões"
Composição n° 962
IMPRESSÕES
(R. Candeia - 28/06/2017)
Sonhamos com a infinitude do tempo
E há o finito que só tende a perturbar
De casa, do bar, analiso o sistema
Eu não penso em temas pra filosofar
Se vende tantas horas em busca do sucesso
E se fica preso sem ver a cor do céu mudar
Tudo pra juntar o suor dentro de cofres
Exalando enxofre pra tentar perfumar
A estimulante ideia de incerteza é inquieta
É peculiar todo e qualquer tipo de exposição
Nossa ilusão é encontrada em abismos
Nas curvas do cinismo esquecem a velha razão
Imagens impressas em mentes criativas
Durante noites reflexivas que testam o ser
É a neurose da sanidade martelando
Tornando tudo um claro prazeroso sofrer
Quanto valem esses tempos diante do instinto
Quanto vale nosso tempo, diga
Prossiga guardando até secar aquela gota
Que por toda sensação mendiga
quarta-feira, 21 de junho de 2017
"Intelecção"
Composição n° 961
INTELECÇÃO
(R. Candeia - 21/06/2017)
Em porres mágicos de amor e crueldade
Recomendo remédios letais
E misturo insinuados com inusitados
Todos incitados excitados tão vitais
Meu silêncio pleno cria tantos ecos
Vindo de conhecimentos que beiram
Todo inconsciente secreto que flagra
A mística maré e todo ponto que queiram
Poetas bêbados escrevem pelo ar
Palavras que na hora não precisam entender
O nascer dos sentidos exalam
E não falam nada que faça a luz acender
A incerteza estimulante deixa retumbante
Pro sortilégio mumurros ao pé do ouvido
Sobre essa comunidade neutra e inodora
Que em nenhuma hora mostra ter vivido
Novos traços são procurados às cegas
As pregas do mundo se afrouxam de vez
O anseio contraposto e imposto respira
E pira a cabeça de peões que defendem reis
Poetas bêbados escrevem pelo ar
Palavras que na hora não precisam entender
O nascer dos sentidos exalam
E não falam nada que faça a luz acender
quarta-feira, 14 de junho de 2017
"Ideais de Asilo"
Composição n° 960
IDEAIS DE ASILO
(R. Candeia - 14/06/2017)
Beijos e cuidado na rua
Porque tua poesia é tão sincera
Nosso livro espera tanto a cada folha
A escolha da ideia mais singela
Capítulos são histórias fatiadas
E as cidades sitiadas nos condenam
A massa é manobrada e confeitada
E o domínio utiliza os que não pensam
Cuidado na rua e se proteja
E bata palmas para todo entardecer
No destilar o veneno tão barato
Que sai caro e não consegue convencer
Não deixe parar esse tempo esquisito
O grito vazio abafando o de socorro
No peito, no morro, olhares de confusão
E na mão o teclado da justiça faz o esporro
Cuidado com a réplica que vem cortando
De forma cega dando mais vida ao aleijão
Dessa geração sem visão e umbigo
Que carrega consigo toda a aberração
terça-feira, 6 de junho de 2017
"Efeito Colateral"
Composição n° 959
EFEITO COLATERAL
(R.Candeia - 06/06/2017)
Minha cabeça dói como se fosse
Meu primeiro contato com a luz do sol
Tudo em prol de um véu descoberto
Desses rostos que ignoram reflexos
Faro sob faróis que não se apagam
Que do conforto assistem ao confronto
Ainda mais interno de uma juventude
Cheia de atitude contrária à eles mesmos
Vagando com ideias vagas a esmo
Em discursos anômalos que normal é banal
Quando teremos a chance de nascer
E não herdar todo esse efeito colateral?
O desaforo privilegiado dá cor as nossas veias
E é o que rindo tateia nossa cara
Tentando entender o motivo por qual
Contestamos essa perigosa e estranha tara
A insegurança que nos protege impede
A nossa livre passagem que simples seria
É a paz não encontrada ao chegar em casa
A prática diverge de qualquer teoria
Vagando com ideias vagas a esmo
Em discursos anômalos que normal é banal
Quando teremos a chance de nascer
E não herdar todo esse efeito colateral?
quinta-feira, 1 de junho de 2017
"Golpes"
Composição n° 958
GOLPES
(R. Candeia - 01/06/2017)
Todo esse clima tenso suga o tempo
Quase ninguém atento ao que diz
E nada condiz com suas realidades
Dessas cidades vazias o mapa refiz
A guerra entre pedras e a agressividade
Muita lealdade a regressão por perto
Sinal fechado é aberto pelo que sobrou
De uma era que escolheu o seu certo
Tensidade é turbulência da intensidade
E nenhuma insanidade ama o tarja preta
Isso concreta toda percepção distorcida
Alterando a partida em golpes de caneta
Olhares retos sempre para quem somos
Numa ampla aceitação limitada
É a cilada tratada feito salada colorida
Nessa longa estrada percorrida e ignorada
A nostalgia ganha vida num presente assassino
O badalar dos sinos mostram coisas demais
Na frente no tempo mas atrás em tudo
Esse é o nosso mundo girando pra trás
terça-feira, 30 de maio de 2017
"Desnecessário"
Composição n° 957
DESNECESSÁRIO
(R.Candeia - 31/05/2017)
Numa guerra inútil de egos
Só do ponto cego se pode enxergar
Por pouco se nascem catástrofes
Que nem em estrofes se pode expressar
Problemas como almas nos seguem
E conseguem por força nos dominar
Minar um caminho é tristeza
E qualquer fortaleza pode desmoronar
O ar não está pronto pra isso
E o que foi preciso deveria reinar
Abandonar a história assim
É buscar o fim onde ele não está
Não faço de drama essa trama
E sei que da lama tudo se levantou
O que é positivo mandou pro futuro
Que tanto golpe duro não adiantou
O que deve ser vivo são as palavras
Que sempre lavra o solo ao acordar
Nosso terreno é lindo e vasto
E não qualquer pasto pra se abandonar
O ar não está pronto pra isso
E o que foi preciso deveria reinar
Abandonar a história assim
É buscar o fim onde ele não está
quarta-feira, 24 de maio de 2017
"Nessa Manhã"
Composição n° 956
NESSA MANHÃ
(R.Candeia - 24/05/2017)
Nessa manhã só não quero escutar nada
Nessa luz minguada de um sol que não queima
Num outono jogado ao calor dos dias
Como atos que ferem e por oração teimam
Nesses dias que coagem coerência
Numa demência grátis que vive de apologia
Micose cerebral que contagia o raciocinio
Explorando domínios na feia demagogia
Vento frio que vem do ventre do mar
Oxidando tudo que o dinheiro pode comprar
A pobreza só não se mata porque já tem no sangue
Toda a tragédia viva pronta pra se caçar
Todos os resquícios estão vivos
Marcando lugar cativo em tantos cativeiros
E há quem use o banheiro como libertação
Mãos no capô, quem reclama é baderneiro
E na avenida acendo o meu cigarro
O carro em linha reta deixando pro retrovisor
A imagem do sol refletida enquanto trago
Não quero o estrago de uma ressaca sem amor
Vento frio que vem do ventre do mar
Oxidando tudo que o dinheiro pode comprar
A pobreza só não se mata porque já tem no sangue
Toda a tragédia viva pronta pra se caçar
sexta-feira, 19 de maio de 2017
"Tristes Viagens Sóbrias"
Composição n° 955
TRISTES VIAGENS SÓBRIAS
(R. Candeia - 19/05/2017)
As alianças do tempo não escondem
Toda a reprodução da tristeza contínua
O freio usado para apenas atrasar
Não sabendo falar nem o que se pensa
Viagens sóbrias pelo culto cafona
Pegam carona no vácuo da inexistência
Pregam a insistência do nada que são
Isolados criticam a nação por carência
Tristes viagens sóbrias encaretam a felicidade
Fechando a cortina do espetáculo da vida
É a bebida cara perdida por distração
É ter em mãos paz e papel e ignorar a imaginação
Personagens cifradas não como canção
São a caução não devolvida pelo passado
São o estorvo não cansado que amaldiçoa
E ainda caçoam de um vocábulo mal falado
Preocupações tão inúteis quanto seus ideais
E dos jornais qualquer vômito é engolido
O ser verdadeiro falido lustra os seus tronos
Não são nem donos de seus gestos esculpidos
Tristes viagens sóbrias encaretam a felicidade
Fechando a cortina do espetáculo da vida
É a bebida cara perdida por distração
É ter na mão o papel e a paz e ignorar a imaginação
terça-feira, 16 de maio de 2017
"Articulações"
Composição n° 954
ARTICULAÇÕES
(R. Candeia - 16/05/2017)
Nas articulações há o desgaste
De toda articulada especulação
Que só limita sentidos após
Ter sentido a dor da inflamação
Administrando repouso impossível
O imprevisível desta vez avisou a paz
E encurtou movimentos simples
Latejando a estrutura em tudo que se faz
Dois apoios metálicos feito pilares
Na missão de distribuir todo peso
Reaprendendo a andar pra esses dias
Esperando magia no que eu leso
Cada degrau uma escalada perigosa
E a roupa cartilaginosa fica despida
Sensibilidade que grita por dentro
A tubulação sinovial será desentupida
Cruzando anteriormente as ligações
Num excesso de fibras que vem no impacto
Meu único pacto é poder caminhar
E não atrofiar nada que é vasto
sábado, 13 de maio de 2017
"Primordial"
Composição n° 953
PRIMORDIAL
(R. Candeia - 13/05/2017)
Nas conversas fiadas em elevadores
Nas flores que não foram entregues
Na paisagem perdida por distração
Onde moram as mãos num encontro marcado
A vida, o ato, o fato que fica consumado
O céu estrelado que não podemos ver
O livro novo e o livro encerrado
O deserto e o serrado que cada um tem
O olhar primaveril que recomeça tudo
O mundo sem dono que gira com donos
As cores escolhidas para o momento ímpar
E consciência que talvez apenas somos
O primordial como meta esclarece
A prece regurgitante também não é ouvida
E os preconceitos democráticos sem eleição
É a feição do que é furado e forte no ser
Soltar correntes nem sempre é liberdade
A balança aplaudida de um prisma só
Esqueço palavras não economicamente
E dentro desse espaço nada está no lugar
quinta-feira, 4 de maio de 2017
"Vozes Vizinhas"
Composição n° 952
VOZES VIZINHAS
(R. Candeia - 04/05/2017)
Em todo inferno existe um paraíso perdido
O medo de ter coragem é o pior de todos
A dor de um corte não pode ser individual
Como o mal não pode ser culpado por tudo
Lágrimas de alegria são as mais receitadas
Mas são as mais caras de poder conseguir
O ódio acaba elegendo tristes piadas
Paixão retardada de não querer existir
O beijo perfura antes de tudo nascer
Mas não faz perder o que tem se mostrado
Até o mestrado pode ser reprovado
Assinando um atestado de entristecer
Ouvidos ligados nas vozes vizinhas
E suas vidas pequenas amam o medíocre
Batendo de cara no muro que os cercam
E fica a centímetros da palma de suas mãos
Desconfie de olhos que não choram
E de bocas que devoram mas não falam
E na minúscula magnitude que nem treme
Só geme a atitude fétida que tanto embalam
terça-feira, 25 de abril de 2017
"Correntes Enferrujadas"
Composição n° 951
CORRENTES ENFERRUJADAS
(R.Candeia - 25/04/2017)
No resquício bizarro dos tempos
Ainda se formam conventos lucrativos
Nativos são ameaçados por primatas
Trocando matas por cartazes informativos
Juntar as mãos e fechar os olhos é a ajuda
De todos que não pensam em ajudar
Correntes enferrujadas apenas prendem
Quem nada entende e só pode atrapalhar
Até depois dos piores infernos
Todo esse inverno tem poder de assustar
São palavras bonitas que vendem livros
Num efeito raso que finge emocionar
Numa ilusão que vela o ridículo
Dando eternidade ao círculo compressor
São símiles apenas por ser acharem o âmago
Num espetáculo absurdo sem espectador
Não auto-compreendem seus mistérios
Caso muito sério que deve ser estudado
E limitados ao instante sempre vivem
Reencarnando o esquecimento do nunca procurado
Até depois dos piores infernos
Todo esse inverno tem poder de assustar
São palavras bonitas que vendem livros
Num efeito raso que finge emocionar
quarta-feira, 19 de abril de 2017
"Talho"
Composição n° 950
TALHO
(R.Candeia - 19/04/2017)
Todo aquele efeito tão imperfeito
Soa do peito de uma forma sem base
Cegueira mostrando o caminho
E falando sozinho esquece fases
A impotência toma conta do ser
Nesse viver jogado livre nas celas
No apagar das velas o tiro no pé
E não há fé que torne essa amargura bela
A esperança de quem se deu mal
É irmã do medo de quem se segura
Nessa pura idolatria falha
Que só talha a carne de uma vida dura
Estiletes sacam dinheiro de bolsos
E nosso dorso é golpeado de cima
Todo esse estigma nos foi empurrado
Jogam xadrez com nossa auto-estima
E na aliança o círculo vicioso
Nesse rancoroso ar tão superior
Colocando valor em cada palavra dada
E da sacada apenas riem de tanto terror
A esperança de quem se deu mal
É irmã do medo de quem se segura
Nessa pura idolatria falha
Que só talha a carne de uma vida dura
quarta-feira, 12 de abril de 2017
"Às Avessas"
Composição n° 949
ÀS AVESSAS
(R.Candeia - 12/04/2017)
Esse café quente quando engulo arde
E assim invade aquecendo palavras frias
Nesse alarde que nos envolve feito manto
É o pranto como tempestade pelos dias
No cigarro fumado fica o passado
Que tem estado sempre fiel ao nosso lado
E imagino antepassados com vergonha
Das ideias medonhas que se têm ressuscitado
O dedo aponta em riste pra qualquer palpite
E o apetite é cortado pela faca cega
Que entrega o destino para as autoridades
Que castigam forte numa tortura brega
O pano é jogado pra de baixo da sujeira
E o banquete de primeira não diz mais nada
Nessa piada costumeira que respiramos
E nos intoxicamos pela falta de graça
Termino meu café, e do cigarro apenas sobra
A cor do céu que cobre hoje nossas cabeças
A quem interessa todo esse desinteresse
Amor ao estresse, limite raso, tudo às avessas
O dedo aponta em riste pra qualquer palpite
E o apetite é cortado pela faca cega
Que entrega o destino para as autoridades
Que castigam forte numa tortura brega
terça-feira, 11 de abril de 2017
"Inalação"
Composição n° 948
INALAÇÃO
(R.Candeia - 11/04/2017)
A dor da humanidade é muito maior
Do que qualquer unha quebrada
Atropeçar na calçada é muito melhor
Do que ter a mesma como cama adaptada
Olhos que choram pelo avião perdido
Não são os mesmos que se fecham
Assim de repente através de intervenções
Não há invenções em peitos que se apertam
No mar desértico busco vidas
E nas almas perdidas feito balas
Exala o teor do terror gerado
É o ar sepultado que nos inala
O que mais embala é a ladeira abaixo
E todo escracho a seco é engolido
É o medo ameaçando de extinção
Até mesmo o pão que não se tem comido
E no aperto do caminho, do fumo, da vida
Há toda obra não lida e ignorada
Que de tanto explorada ficou esquecida
E até hoje é aquecida com chibatadas
No mar desértico busco vidas
E nas almas perdidas feito balas
Exala o teor do terror gerado
É o ar sepultado que nos inala
quinta-feira, 6 de abril de 2017
"Estampas Cafonas"
Composição n° 947
ESTAMPAS CAFONAS
(R.Candeia - 06/04/2017)
Com ou sem pressa o tempo
Passa na mesma nua velocidade
Cada dia um milímetro a mais
É a grande vitória sem alarde
O alarme já toca pra gente correr
E misturam crença em clichês nojentos
Pra gente se esconder do que pensamos
Em missas rezadas por sargentos
Exaustos acampam na consciência
A decência é pega transando o vulgar
Calça arreada, mãos lisas e saia levantada
Vontade estampada que se trai ao negar
Acendendo conformismos baratos
Deixando tapado o ato mais generoso
E todo alvoroço fica entre os lobos
E o ser fica bobo como um cão atrás do osso
E o gozo do tradicionalismo alcançado
Evolui um possível status pro atraso
Daquilo que não é mas sonha em ser
E o medo infla o ego, que arraso
Exaustos acampam na consciência
A decência é pega transando o vulgar
Calça arreada, mãos lisas e saia levantada
Vontade estampada que se trai ao negar
terça-feira, 4 de abril de 2017
"Investimento"
Composição n° 946
INVESTIMENTO
(R.Candeia - 04/04/2017)
Inversões só enxergam inversão
Com o culhão de quem foi castrado
E o estado continua crítico
Respirando por aparelhos quebrados
Tão simples são suas soluções
Aos soluços mais alguém vai dormir
E o sono forçado é condenado
Justificado em boatos suas formas de agir
Distribuam camisas de força
Invistam na invasão de psiquiatras
Não consigo mais crer na realidade
Nessa cidade tudo sai pela culatra
A educação por antenas é forte
É o norte num mapa todo defasado
Nas revistas abertas se exibe o decoro
Pedindo o coro de todos alucinados
O horário esnobe cobre o necessário
Telecurso pra otário totalmente gratuito
E com o agito obsceno das notícias
Pedem perícia falsificando cada grito
Distribuam camisas de força
Invistam na invasão de psiquiatras
Não consigo mais crer na realidade
Nessa cidade tudo sai pela culatra
segunda-feira, 3 de abril de 2017
"Flor no Brejo"
Composição n° 945
FLOR NO BREJO
(R.Candeia - 03/04/2017)
Moral triturada e rasgada no massacre
O julgamento para o lado mais fraco
Que é o mais pobre dentro dessa suja riqueza
Fazendo a proteção atirar contra nós
E os juízes sem bases e argumentos
Apontam os dedos do imediato e tristeza
Essa correnteza os levam despercebidos
E seus abrigos são no desconhecimento
Flores que nascem no brejo
Possuem menos possibilidades de viver
O desabrochar pode não ser mais tão belo
Nesse elo enraizado por séculos
Bases sem fundo desse mundo bélico
Me belisco na esperança de um pesadelo
E acordado observo todo esse tribunal
De penas dadas sem pena ao herdado
E todo tarado pela justiça dos filmes
Dão voz firme ao retardo inútil de terno
Que é tão fraterno com suas riquezas
E não entendem que todo beco há fãs e heróis
Flores que nascem no brejo
Possuem menos possibilidades de viver
O desabrochar pode não ser mais tão belo
Nesse elo enraizado por séculos
quinta-feira, 30 de março de 2017
"Movido à Miséria"
Composição n° 944
MOVIDOS À MISÉRIA
(R.Candeia - 30/03/2017)
Cárcere privado de nós mesmos
Numa lei que só beija realeza
E diante de reis liberta
Até as mais malvadas princesas
Filas que mudam de lugar
Fazendo sorrir trocando a direção
Isso demonstra de forma doída
Que nada está perpétuo em nossas mãos
Manifestos e gritos e o carro fechado
Carruagem movida a miséria
Que depois de tudo recebeu proteção
Condenação feliz em luxo no Leblon
Reformas inversas são feitas na cara
E levadas como tara de uma salvação
É a desilusão que maneja a inocência
Pedindo decência pra quem diz não
Ainda bem que não somos eternos
Porque precisamos também descansar
Na eternidade carteiras se desmancham
E a contribuição consegue terminar
(Contribuição à nossa probreza
Que beleza
Contribuição às suas riquezas
Com certeza)
Manifestos e gritos e o carro fechado
Carruagem movida a miséria
Que depois de tudo recebeu proteção
Condenação feliz em luxo no Leblon
quarta-feira, 29 de março de 2017
"Tapas do Destino"
Composição n° 943
TAPAS DO DESTINO
(R.Candeia - 29/03/2017)
Nos tapas do destino qualquer menino
Amadurece perante ao que enlouquece
E não adianta preces nem no desespero
É que o tempero às vezes se esquece
Não há misericórdia nesta festa louca
Da discórdia que puxa sempre nossa corda
E na borda fica o abismo do achismo
Acima do sinal entre nuvens que acorda
Obstruindo sinais interrompendo passagens
Nas tantas viagens legais tão letais
Que são quase fatais diante da hipnose
E nas neuroses a fantasia satisfaz
Cataratas puras cristalinas aparecem
E enxergam até mais do que aquele além
Num harém recheado de tantas soluções
Nossos pulmões escolhem o ar que lhes convém
Na agonia libertada bate a luz do sol
Retirando o anzol que rasga toda a pele
E repele em volta a energia acorrentada
Que agora solta dorme esperando que a vele
Obstruindo sinais interrompendo passagens
Nas tantas viagens legais tão letais
Que são quase fatais diante da hipnose
E nas neuroses a fantasia satisfaz
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