quinta-feira, 4 de agosto de 2016

"Derrisão"


Composição nº 882


DERRISÃO
(R.Candeia – 04/08/2016)

Poetas escondidos por medo das palavras
Refugiados de um ato sem crime
Que só reprime quem pode ensinar
Então dou minha derrisão pra esse filme

Artérias estouradas por tanta pressão
Em que mãos comemos de regime
A ideia firme é perseguida pela lei
Mas nos banheiros sujos tudo se redime

Nessa pobre festa que inventaram
Esqueco meu relógio em algum lugar do mundo
Nessa aflição que deprime os que falam
E vangloria os que tapam e se fazem de mudo

Na desnatureza que consome o destino
Tudo se fragmenta em prol da desilusão
Numa paixão bastarda pelo silêncio
A perfeita saída é na contramão

"Veleidade"


Composição nº 881


VELEIDADE
(R.Candeia – 04/08/2016)

Não se desespere com sua falsa verdade
Se agarrando em santidades cruéis
Ajoelhado em limitações fiéis que agridem
Dando palpite no canonizado banco dos réus

De acordo com o eterno nada é por você
A conquista não é sua e a derrota foi pro bem
E o que vem já foi há muito decidido
Nos loucos manuscritos da vontade do além

Acredito em qualquer coisa que posso acreditar
E não creditar nada a si é a mais pura maldade
Inversão de identidade pra lá de psicótica
Aleijão crônico gótico da fatal sobriedade

Essa veleidade é exposta em todo canto
No espanto cego de quem mesmo não se sente
Jogar a explicação para o abstrato resolver
É ignorar ter as chaves da corrente






"Aforismo"


Composição nº 880


AFORISMO
(R.Candeia – 30/07/2016)

No silêncio gritante que ecoa agora
Sensibiliza as horas a golpes de mudez
Na nudez dos sentidos envergonhados
Todos os lados evitam a lucidez

Toda chegada após o adeus acho bonito
Desprezo o mito que mata e mente pra nós
E em cada pós vida espero dizer
Que o mais delicado prazer é à sós

As bocas se batem sem misturar salivas
Isso não ativa o que há e nem o que somos
Sinto que estamos brincando com o tempo
Só mentalizo o momento que nos encontramos

Mágoas mortas afogadas a seco
E em qualquer beco resgatamos abraços
E nos traços tortos nos desenhamos
E quando vemos atamos até nossos cadarços