terça-feira, 30 de maio de 2017
"Desnecessário"
Composição n° 957
DESNECESSÁRIO
(R.Candeia - 31/05/2017)
Numa guerra inútil de egos
Só do ponto cego se pode enxergar
Por pouco se nascem catástrofes
Que nem em estrofes se pode expressar
Problemas como almas nos seguem
E conseguem por força nos dominar
Minar um caminho é tristeza
E qualquer fortaleza pode desmoronar
O ar não está pronto pra isso
E o que foi preciso deveria reinar
Abandonar a história assim
É buscar o fim onde ele não está
Não faço de drama essa trama
E sei que da lama tudo se levantou
O que é positivo mandou pro futuro
Que tanto golpe duro não adiantou
O que deve ser vivo são as palavras
Que sempre lavra o solo ao acordar
Nosso terreno é lindo e vasto
E não qualquer pasto pra se abandonar
O ar não está pronto pra isso
E o que foi preciso deveria reinar
Abandonar a história assim
É buscar o fim onde ele não está
quarta-feira, 24 de maio de 2017
"Nessa Manhã"
Composição n° 956
NESSA MANHÃ
(R.Candeia - 24/05/2017)
Nessa manhã só não quero escutar nada
Nessa luz minguada de um sol que não queima
Num outono jogado ao calor dos dias
Como atos que ferem e por oração teimam
Nesses dias que coagem coerência
Numa demência grátis que vive de apologia
Micose cerebral que contagia o raciocinio
Explorando domínios na feia demagogia
Vento frio que vem do ventre do mar
Oxidando tudo que o dinheiro pode comprar
A pobreza só não se mata porque já tem no sangue
Toda a tragédia viva pronta pra se caçar
Todos os resquícios estão vivos
Marcando lugar cativo em tantos cativeiros
E há quem use o banheiro como libertação
Mãos no capô, quem reclama é baderneiro
E na avenida acendo o meu cigarro
O carro em linha reta deixando pro retrovisor
A imagem do sol refletida enquanto trago
Não quero o estrago de uma ressaca sem amor
Vento frio que vem do ventre do mar
Oxidando tudo que o dinheiro pode comprar
A pobreza só não se mata porque já tem no sangue
Toda a tragédia viva pronta pra se caçar
sexta-feira, 19 de maio de 2017
"Tristes Viagens Sóbrias"
Composição n° 955
TRISTES VIAGENS SÓBRIAS
(R. Candeia - 19/05/2017)
As alianças do tempo não escondem
Toda a reprodução da tristeza contínua
O freio usado para apenas atrasar
Não sabendo falar nem o que se pensa
Viagens sóbrias pelo culto cafona
Pegam carona no vácuo da inexistência
Pregam a insistência do nada que são
Isolados criticam a nação por carência
Tristes viagens sóbrias encaretam a felicidade
Fechando a cortina do espetáculo da vida
É a bebida cara perdida por distração
É ter em mãos paz e papel e ignorar a imaginação
Personagens cifradas não como canção
São a caução não devolvida pelo passado
São o estorvo não cansado que amaldiçoa
E ainda caçoam de um vocábulo mal falado
Preocupações tão inúteis quanto seus ideais
E dos jornais qualquer vômito é engolido
O ser verdadeiro falido lustra os seus tronos
Não são nem donos de seus gestos esculpidos
Tristes viagens sóbrias encaretam a felicidade
Fechando a cortina do espetáculo da vida
É a bebida cara perdida por distração
É ter na mão o papel e a paz e ignorar a imaginação
terça-feira, 16 de maio de 2017
"Articulações"
Composição n° 954
ARTICULAÇÕES
(R. Candeia - 16/05/2017)
Nas articulações há o desgaste
De toda articulada especulação
Que só limita sentidos após
Ter sentido a dor da inflamação
Administrando repouso impossível
O imprevisível desta vez avisou a paz
E encurtou movimentos simples
Latejando a estrutura em tudo que se faz
Dois apoios metálicos feito pilares
Na missão de distribuir todo peso
Reaprendendo a andar pra esses dias
Esperando magia no que eu leso
Cada degrau uma escalada perigosa
E a roupa cartilaginosa fica despida
Sensibilidade que grita por dentro
A tubulação sinovial será desentupida
Cruzando anteriormente as ligações
Num excesso de fibras que vem no impacto
Meu único pacto é poder caminhar
E não atrofiar nada que é vasto
sábado, 13 de maio de 2017
"Primordial"
Composição n° 953
PRIMORDIAL
(R. Candeia - 13/05/2017)
Nas conversas fiadas em elevadores
Nas flores que não foram entregues
Na paisagem perdida por distração
Onde moram as mãos num encontro marcado
A vida, o ato, o fato que fica consumado
O céu estrelado que não podemos ver
O livro novo e o livro encerrado
O deserto e o serrado que cada um tem
O olhar primaveril que recomeça tudo
O mundo sem dono que gira com donos
As cores escolhidas para o momento ímpar
E consciência que talvez apenas somos
O primordial como meta esclarece
A prece regurgitante também não é ouvida
E os preconceitos democráticos sem eleição
É a feição do que é furado e forte no ser
Soltar correntes nem sempre é liberdade
A balança aplaudida de um prisma só
Esqueço palavras não economicamente
E dentro desse espaço nada está no lugar
quinta-feira, 4 de maio de 2017
"Vozes Vizinhas"
Composição n° 952
VOZES VIZINHAS
(R. Candeia - 04/05/2017)
Em todo inferno existe um paraíso perdido
O medo de ter coragem é o pior de todos
A dor de um corte não pode ser individual
Como o mal não pode ser culpado por tudo
Lágrimas de alegria são as mais receitadas
Mas são as mais caras de poder conseguir
O ódio acaba elegendo tristes piadas
Paixão retardada de não querer existir
O beijo perfura antes de tudo nascer
Mas não faz perder o que tem se mostrado
Até o mestrado pode ser reprovado
Assinando um atestado de entristecer
Ouvidos ligados nas vozes vizinhas
E suas vidas pequenas amam o medíocre
Batendo de cara no muro que os cercam
E fica a centímetros da palma de suas mãos
Desconfie de olhos que não choram
E de bocas que devoram mas não falam
E na minúscula magnitude que nem treme
Só geme a atitude fétida que tanto embalam
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