sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

"Pregas e Pregações"



Composição n° 998

PREGAS E PREGAÇÕES
(R.Candeia - 23/02/2018)

Acho difícil de algum dia existir
Algo igual ou pior que nós
Criamos tantos nós na linha da vida
E merecemos a partida à sós

Toda desgraça é sucesso de bilheteria
E toda essa azia no estômago do mundo
Não para um segundo de queimar
Conseguindo sujar o que já é imundo

Quem prega a liberdade e democracia
Sem perceber impõe sua censura
Em seus míopes extremos pensamentos
Criam livres suas ditaduras

A grama é proibida de crescer na terra
O mar não pode defender o céu
O breu não aceita o piscar da luz
E a cada ofegar se constrói um mausoléu

E o muro é construído com a intenção
Querendo a união tão bela
Numa tão singela segregação (disessão)
É só fronteira que eu vejo da janela

Quem prega liberdade e democracia
Sem a percepção de sua censura
Nos seus míopes extremos pensamentos
Cultivam suas livres ditaduras






sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

"Datilografia"




Composição n° 997

DATILOGRAFIA
(R.Candeia - 16/02/2018)

Coitado de você que não usa terno
E ainda acha moderno tudo isso
Precipício cavado por quem tem proteção
E a comemoração de quem é submisso

Os sujos e amarrotados
Os passados e bem engomados
E suas diferentes felicidades
Dividem a mesma cidade no sentido figurado

Os pais da desigualdade
Com poderes de envaidecer
Já está tudo pago
Pra quem mora no alto morrer

Vivemos o cômico que se aloja feito bala
Dentro dessa tragédia exagerada
Eterna piada de mentes sem lembranças 
E a esperança agora é amordaçada

Uma vida lida de opostas igualdades
Nos olhos reflexos da mesma vista
Toda aquela bela paisagem
Mas no corpo outro tipo de revista

Os filhos da desigualdade
Com suas vaidades de empobrecer
Acreditam em suas teses renovadas
Antes datilografadas em máquinas de escrever

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

"Axioma"



Composição n° 996

AXIOMA
(R.Candeia - 07/02/2018)

Malas desfilam cheias de genocídio
Qualquer homicídio se torna pequeno
Nesse agora sereno extermínio popular
Onde alugar honras é supremo

O cúmulo da desesperança ganha força
Nessa resistência de louça que temos
E vemos os três poderes obscuros se alimentar
Com talheres de onde não nos protegemos

O cigarro aceso queima na boca
Que em frações o deixa de tragar
O Brasil oclui sua avenida
Cobrando a conta de quem não pode pagar

O martelo é batido a favor de tudo
Que se mostra investidor
E o travestido observa as pedras
Que engendra o conceito vencedor

Apertar os passos, rezas e despachos
Nada e nem o amor tá conseguindo salvar
Somos o produto de toda essa faxina
Aquele caído na esquina costumava sonhar

O cigarro aceso queima na boca
Que em frações o deixa de tragar
O Brasil oclui sua avenida 
Cobrando a conta de quem não pode pagar