quinta-feira, 27 de agosto de 2015

"Cultivo do Nada"



*Composição nº 832

CULTIVO DO NADA
(R.Candeia - 27/08/2015)

Em cada passo um mundo diferente
E a frente um insconstante universo
Que eu peço que fique calmo comigo
Só assim consigo lhe dar um verso

Os asilos da vida não escolhem idades
Como tempestades não buscam climas
E nas rimas pobres cantam a massa
Que amassam poemas em cataclismas

O cultivo do nada gera sempre o nada
Navegando nas ondas da comunicação
Transformando a noção numa bela piada
Seriamente armada pra nossa regressão

A liberdade absoluta encontra problemas
São edemas criados que viram doenças
Agindo como as crenças na dizimação
Numa ação carrasca que respira incoerência

Nossas vidas são mentiras realmente vividas
E tão verdadeiras quanto o não nascer
Que é proibido na luz e livre no escuro
O obscuro nos movendo, nos ensinando ser

sábado, 22 de agosto de 2015

"Nervos"



NERVOS
(R.Candeia - 13/08/2015)

Aí, meus nervos estão nervosos
Quero tacar pedras em tudo que posso
Vou explodir numa fúria
Numa fúria pior que a dos deuses

Quando deuses caem pros titãs
Não me soltem os cães
Quando deuses revidam os titãs
Pra quê horas tão sãs?

Quero uma praia pra nada fazer
Me entorpecer longe da praga
Da idiotice epidêmica circulante
Um calmante também serve pra mim

Drogar-se licitamente também é legal
Mas eu quero o imoral
Nas drogarias nos pedem receitas
Nas ideias feitas que fecham o sinal

Ligo o piloto automático viciado em café
Fujo como posso pra fumar um cigarro
E o mundo como bêbado na balança
Tira sarro da dança que aprendo os passos

Socorro, me tragam algo de bom
E abaixem esse chato som
Que me entra feito agulha nos tímpanos
Me impedindo da interna audição

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

"Sala Fechada"



Composição nº 828

SALA FECHADA
(R.Candeia - 06/08/2015)

Sonhos não são ilusões porque são eternos
Mas são sequestrados durante tantos olhos
Curvando de medo sensações esperançosas
A cidade fica morta no ar calmo e solene

A vida tem sua doçura certa e acidental
E o convencimento nunca me convence
Numa meditação interrompida na multidão
Que se não sabe, anda por aí só seguindo

Nas piadas sujas vomitadas pela embriaguez
Vejo a minha vez quase perto me esperando
Enquanto socializo na política das amizades
A realidade roga maldições nos sufocando

Enrolo abstrações no meu sentido refeito
Por minha saúde eu queria crer estar louco
Nesse pouco tempo que tenho de irreal
Escondendo o sinal dramático do mundo

Tudo que surge é tragado como bela verdade
Idosas viúvas se prostituem tarde por prazer
Porque nas calçadas da vida tudo é bem cedo
E o êxtase que transa o físico estupra o mental

terça-feira, 11 de agosto de 2015

"Silêncio das Palavras"



SILÊNCIO DAS PALAVRAS
  (R.Candeia - 11/08/2015)

A vida é o mais belo de todos os vexames
O paraíso e o inferno são o mesmo lugar
E nenhum profeta jamais teve honra
Pois, nenhum nunca existiu pra se honrar

Estou me sentindo um ser humano cruel
Dentro da minha teórica bondade
A selvagem sentença que faz o viver banal
Arremessa no lixo a ideia do milagre

O ditador faz o seu discurso sem inspiração
Porque é a mente que deixa a mão macia
Mas muita gente ouve sua palestra pobre
Que diz muita coisa mas só silencia

O vazio eco no silêncio das palavras
Conduzem visões que miram só muros
Como cegos palpitando sobre cores
Enchendo de dores o vento aos sussurros

Lugar todo fechado a céu aberto
Pessoas frias em um estado quente
Em que bruxas ainda são caçadas
E cassação ignora os reais delinquentes

sábado, 8 de agosto de 2015

"Cerco Armado"

   


   CERCO ARMADO
(R.Candeia -  08/08/2015)

E agora como segurar essa onda
Que estoura em cima de nós
Ruas fechadas e tudo cercado
Viramos rebanho ferido sem dó

O litoral tem sua beleza literal
Mas só pra quem nele não se afoga
E o cristo se rendendo ao sistema
Abre os braços curtindo sua folga

A vida não anda nesse cerco armado
Não temos um lado pra se agarrar
Só mesmo do lado de dentro
Destruindo armas para se vingar

A criança dá esperança ao globo
Que é um lobo faminto em suas ações
Batendo panelas fazendo barulho
Mas sem emitir nenhum tipo de som

Veja, que coisa podre e covarde
Que não invade somente o corpo
As informações passam a ter calibre
Tentando livre fazer parte do topo

"Realidade Sem Nome"



REALIDADE SEM NOME
(R.Candeia - 05/08/2015)

O inverno já tá terminando e nem chegou
Só desfilam por aí dias de pavor
E tantas mensagens de desespero
Num tempero azedo que virou tradição

E nas palavras sombrias lidas e ouvidas
Se desperdiçam vidas feitas pra viver
Num tabuleiro montado e sem fim
Em que as peças vão caindo em fileira

Viciosas virtudes que assustam
Escravizando todos os pensamentos
E a "vulgaridade" de contestar
Falsifica o velho nascer barrento

E na idealização de tantos seres sem mãos
Não conseguem entender esse nosso quadro
Exposto feito uma ferida aberta
Servindo de caça pro imediato

Monopolizam nossa opção de optar
O simplório é hermético paradoxando
Cegando o por quê desse inverno
Mostrando que o pior dos infernos é a frieza