terça-feira, 25 de abril de 2017

"Correntes Enferrujadas"



Composição n° 951

CORRENTES ENFERRUJADAS
(R.Candeia - 25/04/2017)

No resquício bizarro dos tempos
Ainda se formam conventos lucrativos
Nativos são ameaçados por primatas
Trocando matas por cartazes informativos

Juntar as mãos e fechar os olhos é a ajuda
De todos que não pensam em ajudar
Correntes enferrujadas apenas prendem
Quem nada entende e só pode atrapalhar

Até depois dos piores infernos
Todo esse inverno tem poder de assustar
São palavras bonitas que vendem livros
Num efeito raso que finge emocionar

Numa ilusão que vela o ridículo
Dando eternidade ao círculo compressor
São símiles apenas por ser acharem o âmago
Num espetáculo absurdo sem espectador

Não auto-compreendem seus mistérios
Caso muito sério que deve ser estudado
E limitados ao instante sempre vivem
Reencarnando o esquecimento do nunca procurado

Até depois dos piores infernos
Todo esse inverno tem poder de assustar
São palavras bonitas que vendem livros
Num efeito raso que finge emocionar


quarta-feira, 19 de abril de 2017

"Talho"



Composição n° 950

TALHO
(R.Candeia - 19/04/2017)

Todo aquele efeito tão imperfeito
Soa do peito de uma forma sem base
Cegueira mostrando o caminho
E falando sozinho esquece fases

A impotência toma conta do ser
Nesse viver jogado livre nas celas
No apagar das velas o tiro no pé
E não há fé que torne essa amargura bela

A esperança de quem se deu mal
É irmã do medo de quem se segura
Nessa pura idolatria falha
Que só talha a carne de uma vida dura

Estiletes sacam dinheiro de bolsos
E nosso dorso é golpeado de cima
Todo esse estigma nos foi empurrado
Jogam xadrez com nossa auto-estima

E na aliança o círculo vicioso
Nesse rancoroso ar tão superior
Colocando valor em cada palavra dada
E da sacada apenas riem de tanto terror

A esperança de quem se deu mal
É irmã do medo de quem se segura
Nessa pura idolatria falha
Que só talha a carne de uma vida dura

quarta-feira, 12 de abril de 2017

"Às Avessas"



Composição n° 949

ÀS AVESSAS
(R.Candeia - 12/04/2017)

Esse café quente quando engulo arde
E assim invade aquecendo palavras frias
Nesse alarde que nos envolve feito manto
É o pranto como tempestade pelos dias

No cigarro fumado fica o passado
Que tem estado sempre fiel ao nosso lado
E imagino antepassados com vergonha
Das ideias medonhas que se têm ressuscitado

O dedo aponta em riste pra qualquer palpite
E o apetite é cortado pela faca cega
Que entrega o destino para as autoridades
Que castigam forte numa tortura brega

O pano é jogado pra de baixo da sujeira
E o banquete de primeira não diz mais nada
Nessa piada costumeira que respiramos
E nos intoxicamos pela falta de graça

Termino meu café, e do cigarro apenas sobra
A cor do céu que cobre hoje nossas cabeças
A quem interessa todo esse desinteresse
Amor ao estresse, limite raso, tudo às avessas

O dedo aponta em riste pra qualquer palpite
E o apetite é cortado pela faca cega
Que entrega o destino para as autoridades
Que castigam forte numa tortura brega

terça-feira, 11 de abril de 2017

"Inalação"


Composição n° 948

INALAÇÃO
(R.Candeia - 11/04/2017)

A dor da humanidade é muito maior
Do que qualquer unha quebrada
Atropeçar na calçada é muito melhor
Do que ter a mesma como cama adaptada

Olhos que choram pelo avião perdido
Não são os mesmos que se fecham
Assim de repente através de intervenções
Não há invenções em peitos que se apertam

No mar desértico busco vidas
E nas almas perdidas feito balas
Exala o teor do terror gerado
É o ar sepultado que nos inala

O que mais embala é a ladeira abaixo
E todo escracho a seco é engolido
É o medo ameaçando de extinção
Até mesmo o pão que não se tem comido

E no aperto do caminho, do fumo, da vida
Há toda obra não lida e ignorada
Que de tanto explorada ficou esquecida
E até hoje é aquecida com chibatadas

No mar desértico busco vidas
E nas almas perdidas feito balas
Exala o teor do terror gerado
É o ar sepultado que nos inala









quinta-feira, 6 de abril de 2017

"Estampas Cafonas"


Composição n° 947

ESTAMPAS CAFONAS
(R.Candeia - 06/04/2017)

Com ou sem pressa o tempo
Passa na mesma nua velocidade
Cada dia um milímetro a mais
É a grande vitória sem alarde

O alarme já toca pra gente correr
E misturam crença em clichês nojentos
Pra gente se esconder do que pensamos
Em missas rezadas por sargentos

Exaustos acampam na consciência
A decência é pega transando o vulgar
Calça arreada, mãos lisas e saia levantada
Vontade estampada que se trai ao negar

Acendendo conformismos baratos
Deixando tapado o ato mais generoso
E todo alvoroço fica entre os lobos
E o ser fica bobo como um cão atrás do osso

E o gozo do tradicionalismo alcançado
Evolui um possível status pro atraso
Daquilo que não é mas sonha em ser
E o medo infla o ego, que arraso

Exaustos acampam na consciência
A decência é pega transando o vulgar
Calça arreada, mãos lisas e saia levantada
Vontade estampada que se trai ao negar




terça-feira, 4 de abril de 2017

"Investimento"



Composição n° 946

INVESTIMENTO
(R.Candeia - 04/04/2017)

Inversões só enxergam inversão
Com o culhão de quem foi castrado
E o estado continua crítico
Respirando por aparelhos quebrados

Tão simples são suas soluções
Aos soluços mais alguém vai dormir
E o sono forçado é condenado
Justificado em boatos suas formas de agir

Distribuam camisas de força
Invistam na invasão de psiquiatras
Não consigo mais crer na realidade
Nessa cidade tudo sai pela culatra

A educação por antenas é forte
É o norte num mapa todo defasado
Nas revistas abertas se exibe o decoro
Pedindo o coro de todos alucinados

O horário esnobe cobre o necessário
Telecurso pra otário totalmente gratuito
E com o agito obsceno das notícias
Pedem perícia falsificando cada grito

Distribuam camisas de força
Invistam na invasão de psiquiatras
Não consigo mais crer na realidade
Nessa cidade tudo sai pela culatra





segunda-feira, 3 de abril de 2017

"Flor no Brejo"


Composição n° 945

FLOR NO BREJO
(R.Candeia - 03/04/2017)

Moral triturada e rasgada no massacre
O julgamento para o lado mais fraco
Que é o mais pobre dentro dessa suja riqueza
Fazendo a proteção atirar contra nós

E os juízes sem bases e argumentos
Apontam os dedos do imediato e tristeza
Essa correnteza os levam despercebidos
E seus abrigos são no desconhecimento

Flores que nascem no brejo
Possuem menos possibilidades de viver
O desabrochar pode não ser mais tão belo
Nesse elo enraizado por séculos

Bases sem fundo desse mundo bélico
Me belisco na esperança de um pesadelo
E acordado observo todo esse tribunal
De penas dadas sem pena ao herdado

E todo tarado pela justiça dos filmes
Dão voz firme ao retardo inútil de terno
Que é tão fraterno com suas riquezas
E não entendem que todo beco há fãs e heróis

Flores que nascem no brejo
Possuem menos possibilidades de viver
O desabrochar pode não ser mais tão belo
Nesse elo enraizado por séculos