domingo, 16 de setembro de 2018
"Solstício"
Composição nº 1005
SOLSTÍCIO
(R.Candeia - 13/09/2018)
Na foto ilusória repentina
Numa sina que confunde a realidade
Veio todo alarde, numa falsa confusão
Na melhor fusão não pode haver sobriedade
Oh, sinceridade
Na folha arrancada que foi notada
A descoberta de uma dedicatória cheia de palavras
Folha amassada, prova apagada
Mas fato entregue pela distração
Da observação
Minha intuição é feminina, alma de menino
Corpo de homem com instinto
Num labirinto poético/profético de percepção, que quer
Ter essa verdade, novidade
Em construção
E as poesias se esbarram, se procuram à noite
Num ato adventício, e começa um novo solstício
Nesse nosso hospício de cada dia
E não, não é nada mentira
Tanto palavras como o que meu olhar diz e dizia
sábado, 25 de agosto de 2018
"Leitura"
Composição nº 1004
LEITURA
(R.Candeia - 25/08/2018)
Ansiedade jogada no lixo
Esperando o que os dias possam dar
Tendo que quebrar paradigmas
Nadando em rimas pra não se afogar
Exalando o cheiro da ideia
Dando sempre forma a energia
Numa escultura etrusca
Onde toda busca não emergencia
No olhar o degradê em mel
Mas no pensamento o fel que reduz a pressa
E nessa tempestade bela
O claro feito vela ao vivo se expressa
E quando o fim da noite cai
Tudo loucamente vai pro seu lado
Corpos e mentes guardam tudo pra si
E a esperança de ter o urso hibernado
domingo, 5 de agosto de 2018
"Ninguém Está a Salvo"
Composição n° 1003
NINGUÉM ESTÁ A SALVO
(R.Candeia -
05/08/2018)
Ninguém está a
salvo
Esquinas se cruzam
como olhares
Enganando radares
com loucas surpresas
E viramos presas bem peculiares
Ninguém está a
salvo
Somos o alvo a esmo
desfilando
E destilando
momentos de vida
Olhando aquela
ferida fechando
Ninguém está a
salvo
No cigarro fumado os
estilhaços
Daquela vidraça
antiga que não reflete mais
E que refaz os meus
passos
Ninguém está a
salvo
Estigmas devem ser
derrotados
O mundo armado nos
afronta
Numa pronta jogada
de dados
Ninguém está a
salvo
Olhares não tristes
e compenetrados
Mundos exilados pelo
seu redor
Ignorando o odor do
que já fui perfumado
"Prelúdio"
Composição n° 1002
PRELÚDIO
(R.Candeia - 02/08/2018)
Não posso ter medo do escuro
Se até o obscuro me fascina
Nessa chacina das coisas ruins
Não existem fins em tantas sinas
Na chuva que preenche meu copo
Numa noite fria de pura reflexão
A mente não pode assassinar o alvitre
Nesse ventre livre de inspiração
Tento abrir a porta emperrada
Que se trava até pra toda luz entrar
Onde se passa no máximo um feiche
A fobia de ser adorno atrapalha de voar
Poesias cuspidas pelo ar
Poetas vivendo seus próprios temas
A epidemia deve ser a mania de pensar
E não buscar romantizar problemas
E no olho do furacão mental
Que devasta a ideia de conformismo
Se vê todo o niilismo se esvaindo
Traindo a si mesmo com lirismo
quarta-feira, 11 de julho de 2018
"Inspirações de Um Dia Nublado"
Composição n° 1001
INSPIRAÇÕES DE UM DIA NUBLADO
(R.Candeia - 10/07/2018)
E nessa insônia que torna minha cama infinita
Vontade que grita de dentro da prisão
Meus passos no distante chão não ecoam
E nem se perdoam por tanta aflição
A eterna briga entre relógios
Nesse contágio em que a pele é autuada
Nos desejos quase sempre aleatórios
Em seus escritórios da madrugada
Queria ser o vinho e o colhido cigarro
Não ligo pro escarro das bocas que se beijam
E pelas partes que latejam toda realidade
Matam a santidade porque desejam
Até quando esse inverno de hoje
Dura dentro desse inverno
Gestos ternos escondidos existem
E não permitem o agir subalterno
Levando exatidão ao ilógico
Nessa insônia que faz girar e pensar
Quero os soníferos não farmacêuticos
E criar dialetos pra me expressar
terça-feira, 10 de julho de 2018
"Por Mil Vezes"
E cheguei a composição 1000, começou como uma brincadeira em 25 de novembro de 1999, mas que logo comecei a levar muito a sério, principalmente em 2005 quando montei minha primeira banda de Rock. Minha paixão pela escrita é inenarrável, logo eu que escrevo não tenho palavras pra explicar esse amor, acho que a explicação que mais se encaixa é VÍCIO!
Composição nº 1000
POR MIL VEZES
(R.Candeia - 30/05/2018)
Mil anos que se passam que nada
Tenha a tragada das coisas premissas
Nessa imprecisa escarrada de ideias
Sentado no primeiro banco da missa
Mil vezes eu disse que não posso dizer
E escolher escrever ignorando o tom
O bom é o relativo de um agir intricado
Mesmo não estancado o que nos deixa são (em vão)
Mil palavras podem cair diante de um olhar
Onde o interpretar mísero pode lhe desfazer
Chutando o esmoler sem fé e sem pena
Aprendendo por antenas como se deve ser
Mil décadas não ensinam o que deveriam
E avaliam de acordo com toda a tristeza
Nessa beleza fajuta que evidencia
E cria toda essa infecunda estranheza
Mil salmos podem frugal intrujar
E assassinar o que há vivo de mais inaudito
O bonito afinal depende da circunstância
E em milésima instância eu espero ter dito
Mil vezes eu proferi
Coisas úteis inutilmente
E dentro de fúteis filtros
Ri, fumei e bebi litros de mentes
quinta-feira, 8 de março de 2018
"Véspera"
Composição n° 999
VÉSPERA
(R.Candeia - 08/03/2018)
A tal incompreensão
Onde canários viram dragões
Nas asas batidas das emoções
O racional por becos se perde
Nessa verve pras coisas que matam
As surpresas mudam de repente
Sendo descendente perfeito da origem
Criando vertigem num ar transparente
Nesse meu mundinho tão pequeno
Cabe um estonteante universo
Que cria e recebe versos vis
Tudo que fiz é chamado de inverso
E os minutos viram séculos
Colhendo ecos da fértil imaginação
Agindo como um tabelião corrompido
Seguindo a seta de uma placa sem direção
E não há cordas vocais suficientes
Pra descrever nossa deficiente habilidade
O esclarecer vira noite sem lua
E a moralidade nua não concede piedade
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
"Pregas e Pregações"
Composição n° 998
PREGAS E PREGAÇÕES
(R.Candeia - 23/02/2018)
Acho difícil de algum dia existir
Algo igual ou pior que nós
Criamos tantos nós na linha da vida
E merecemos a partida à sós
Toda desgraça é sucesso de bilheteria
E toda essa azia no estômago do mundo
Não para um segundo de queimar
Conseguindo sujar o que já é imundo
Quem prega a liberdade e democracia
Sem perceber impõe sua censura
Em seus míopes extremos pensamentos
Criam livres suas ditaduras
A grama é proibida de crescer na terra
O mar não pode defender o céu
O breu não aceita o piscar da luz
E a cada ofegar se constrói um mausoléu
E o muro é construído com a intenção
Querendo a união tão bela
Numa tão singela segregação (disessão)
É só fronteira que eu vejo da janela
Quem prega liberdade e democracia
Sem a percepção de sua censura
Nos seus míopes extremos pensamentos
Cultivam suas livres ditaduras
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
"Datilografia"
Composição n° 997
DATILOGRAFIA
(R.Candeia - 16/02/2018)
Coitado de você que não usa terno
E ainda acha moderno tudo isso
Precipício cavado por quem tem proteção
E a comemoração de quem é submisso
Os passados e bem engomados
E suas diferentes felicidades
Dividem a mesma cidade no sentido figurado
Os pais da desigualdade
Com poderes de envaidecer
Já está tudo pago
Pra quem mora no alto morrer
Vivemos o cômico que se aloja feito bala
Dentro dessa tragédia exagerada
Eterna piada de mentes sem lembranças
E a esperança agora é amordaçada
Uma vida lida de opostas igualdades
Nos olhos reflexos da mesma vista
Nos olhos reflexos da mesma vista
Toda aquela bela paisagem
Mas no corpo outro tipo de revista
Os filhos da desigualdade
Mas no corpo outro tipo de revista
Os filhos da desigualdade
Com suas vaidades de empobrecer
Acreditam em suas teses renovadas
Antes datilografadas em máquinas de escrever
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
"Axioma"
Composição n° 996
AXIOMA
(R.Candeia - 07/02/2018)
Malas desfilam cheias de genocídio
Qualquer homicídio se torna pequeno
Nesse agora sereno extermínio popular
Onde alugar honras é supremo
O cúmulo da desesperança ganha força
Nessa resistência de louça que temos
E vemos os três poderes obscuros se alimentar
Com talheres de onde não nos protegemos
O cigarro aceso queima na boca
Que em frações o deixa de tragar
O Brasil oclui sua avenida
Cobrando a conta de quem não pode pagar
O martelo é batido a favor de tudo
Que se mostra investidor
E o travestido observa as pedras
Que engendra o conceito vencedor
Apertar os passos, rezas e despachos
Nada e nem o amor tá conseguindo salvar
Somos o produto de toda essa faxina
Aquele caído na esquina costumava sonhar
O cigarro aceso queima na boca
Que em frações o deixa de tragar
O Brasil oclui sua avenida
Cobrando a conta de quem não pode pagar
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
"Ok"
Composição n° 995
OK
(R. Candeia - 26/01/2018)
Ok, você tem direito
Esse mundo estreito conheço
E não é o terço que vai me convencer
Pro fim ignoro o começo
Como diz o ditado dos desocupados
Se não se tem o que produzir ou fazer
Fale mal dos outros
E tente (ao menos) se satisfazer
Que se dane a glória feia dos seres secos e infelizes
Onde seus chamarizes levam ao abismo
E nem de petisco servem pra essa vida
Tão desprovidas de beleza e eu cheio de cinismo
A loucura está no mal de quem não a vive
As alianças forçadas como máscaras tradicionais
Por uma surpresa talvez esperada
São os sãos com suas paranóias banais
Lindos são os prostitutos das mesas
Buscando até mesmo, pelo menos insultos
Desbravadores da vida de ampulhetas quebradas
Mostrando em seus versos que não são incultos
Igual a um idoso abandonado nas últimas
Esperando sem esperança por seus filhos
Que buscam o prazer esquecendo o passado
Como um ser vivo atado em cima de um trilho
Arrumando em cada expirar empecilho
Com seus utensílios que ninguém utiliza
Pior do que você pisar na merda
É você ser a merda em que se pisa
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
"Retina Dilatada"
Composição n° 994
RETINA ESQUARTEJADA
(R.Candeia - 18/01/2018)
Quando tudo tá muito perto da cara
Os olhos embaçam e não consegue se ver
Venda posta e o arder que controla
Extrapola os sentidos perdidos ao crer
As certezas não perdoam ninguém
Um harém vazio cheio de frio não crido
Depois de invadido sob olhos que nadam
E no nada transam e amam o ter sofrido
Punição deliciosa de se auto impor
Num bolor querido visto como florido
Após tudo ter ido embora aos risos
Pelo fato trágico que é agradecido
A face tida como a mais suja
Geralmente sempre é a verdadeira
Nessa brincadeira de roda inconstante
Nossa variante é sempre traiçoeira
Pensando na existência fatal que temos
Barco sem remos à deriva e ventos grotescos
Somos também tudo de ruim que respira
E o que pira é todo o mal que temos parentesco
Pelos bares divido tudo que é meu
Com malandros, ciganas e meretrizes desencarnadas
E qualquer retina que se fere por isso
Não entende a si mesmo por ser laboriosa piada
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
"Elucidar"
Composição n° 993
ELUCIDAR
(R.Candeia - 10/01/2018)
Refaço toda trama perante
À reinante exaustão do drama
Sentindo o peso de um olhar
Mas não chego a virar na cama
E o poeta longe do chão se coloca
Entre astros por ele criados
Onde todo chiado é uma bela canção
Mente vazia se põe em pleno clarão
Criando inventores
Inventando criadores
Somos de nosso torpor
Os próprios colonizadores
O venusto procura o infausto
Na calada do sono do que é coibido
E tudo é perfeito porque não há mal
Castidade papal a olhos vestidos
Até o profeta de cartas marcadas
Se espanta com as marcas propositais
De decisões fatais que nada decidem
E apenas reprimem coisas naturais
Criando inventores
Inventando criadores
Somos de nosso torpor
Os próprios colonizadores
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
"Manias de Senzala"
Composição n° 992
MANIAS DE SENZALA
(R.Candeia - 04/01/2018)
Chuva que não desabafa esse tempo
Nos conventos de fachada cospem
Reversas ideias um tanto controversas
Que seus próprios ideais se entopem
De joelhos apenas na encenação
Nas conversas remessas de desconhecido
Onde até o inventado tem a sua vez
O que já foi sentido sempre perde o sentido
Noites mal dormidas geram
O mau humor da manhã
Que encurtam tanto as palavras
E brincam com a mente sã
A castidade tatuada na pele
Nem sempre combina com gestos
O puro indigesto renuncia e denuncia
Olhares tristes que choram restos
Manias de senzala que fingem carregar
E o falso pudor que muito se exala
Sorrisos não podem causar dor
Não quero o temor da boca que se cala
Noites mal dormidas geram
O mau humor da manhã
Que encurtam tanto as palavras
E brincam com a mente sã
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