sábado, 26 de setembro de 2015

"Distorções"




Composição nº 842

DISTORÇÕES
(R.Candeia - 25/09/2015)

Personagens cruéis orientam a massa
Com suas indiretas fictícias subliminares
Covardemente distorcendo a política
Numa crítica que engana radares

Somos belos acidentes de percurso
No anti-curso ferrenho da correnteza
Nossas certezas rasgam cartilhas
E nos tornamos ilhas resgatando presas

O pão não está na mesa
Fresquinho pra qualquer um
Como o mar deveria estar pra todos
E não apenas pro hemisfério sul

Abraçamos forte toda a surrealidade
Nossa vaidade é desbancar certezas
Que são tristezas em coberturas mentais
Sujando postais com mania de branqueza

Quartéis generais internos respiram
Dentro de cada ser de face agonizante
Mas não veem que suas cabeças serão troféus
Para seus heróis de patentes em cima de estantes

"Qualquer Forma"



QUALQUER FORMA
(R.Candeia - 25/09/2015)

Sei que tenho muitas coisas escritas
Que são tão bonitas
Mas que serão esquecidas
Papéis amarelados ficarão
E jamais serão lidas
Mas lido quase bem com isso
De qualquer forma
Mesmo fora de forma
O que forma o universo?
Só sei que ele não é
Apenas um verso
Como eu também não sou

E ainda acho lavar louça terapia
Porque só assim
Eu não penso nada

terça-feira, 22 de setembro de 2015

"Perícia"



Composição nº 840

PERÍCIA
(R.Candeia - 19/09/2015)

Me livre de tudo isso agora
Preciso respirar com pressa
Me escondo numa sala calado
O relógio veloz me interessa

Medidas, fitas, tudo é controle
E a corja com todas as forças
Controla todo nosso desequilíbrio
Num lucrativo comércio de forcas

E entre os olhares de Medusa
Meus olhos se esquivam ao céu
E a minha amestrada paciência
Vai desistindo do prêmio Nobel

O sol do início dá lugar a noite
Instigando o entender ao complexo
Sobre se isso é bom ou ruim
Procuro no ser um pingo de nexo

E a contagem só vai até dez
E cresce e decresce perpetuado
Uma limitação que me enlouquece
Cadê meu anjo da guarda embriagado?

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

"Intimidade de Seda"



INTIMIDADE DE SEDA
(R.Candeia -17/09/2015)

A escuridão do quarto vai esconder o aroma
O latim, saiba, explica tudo isso
Com poéticas proféticas frases descoordenadas
Impregnadas ao sentido feito navalha

E por um instante voltamos a nos sentir
E extinguimos o que nos põe em extinção
Nossas mãos deixam vestígios no ar
E a cada olhar percebemos o ideal

Deslizamos dentro da suavidade brutal
E longe das masturbações bíblicas
Traficamos felicidade em nosso altar
De forma tão pura, um rebanho sem pastor

As luzes apagadas revelam imagens
Nenhuma bobagem é muita para o efeito
O defeito é o remédio mais eficaz
Contra a entediante perfeição

E quando a luz forte acende nos servimos
Por tantos metros da distante fugitiva mesa
Com a riqueza que só a gente entende
E devoramos doces com sabor de bom humor


Meus depoimentos - Parte 01


Meus depoimentos - Parte 01

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

"Até Onde Minha Morte Vai"



ATÉ ONDE MINHA MORTE VAI?
(R.Candeia - 16/09/2015)

Até onde a minha morte vai?
Nos becos escuros, nos milagres pagos
No ato ilícito, na palavra perdida
Ou em qualquer rua sem saída

Até onde a minha morte vai?
Na sujeira humana ou na limpeza
Na riqueza encardida ou no fútil
O útil, a inútil, na impotente tristeza

Até onde a minha morte vai?
Na próxima esquina, na sena, na quina
No copo cheio e vazio, ou na guimba
No mapa perdido de uma ilusória mina

Até onde a minha morte vai?
No teu choro ou risada, na calçada
Na ressaca imprevista ou decidida
Na caída do sol ou até na privada

Até onde a minha morte vai?
Na derrota, vitória, memória ou nascimento
Nos tormentos internos de todo mundo
Que conflita o externo de limo e sedento

Até onde a minha morte vai?
Até a vidraça quebrar, cortar e sangrar
E o trono virar tirando o conforto
No odor ou essência, até o calor refrescar

"Impacto de Brasa"




IMPACTO DE BRASA
(R.Candeia – 16/09/2015)

Desague-se completo, a vida é só um segundo
Transborde-se num amplo pensamento libertário
Quase tudo é pra nos atropelar
E nos classificados ainda há vagas pra otários

A peça que falta é a peça vazia
Com lugares sobrando alterando as palmas
Quem disse que o carma tem de ser ruim
E o fim não existe pra penar almas

Impacto de brasa pulsando
Latejando de vontade viver
Olha bem agora em sua cara
E responda, quem é realmente você

O concerto da vida julga os maestros
E o julgamento é um erro sem conserto
O certo é um dos maiores segredos
É a falta que sobra, mutilação sem incherto

A vingança é a revanche não marcada
É  a herança baldia do terreno invadido
É o próximo furando a fila
Pra chegar no mesmo lugar definido

Impacto de brasa pulsando
Latejando de vontade viver
Olha bem agora em sua cara
E responda, quem é realmente você

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"Herança Cinza"



HERANÇA CINZA
(R.Candeia - 10/09/2015)

Vivemos a herança de fumaça
De uma cinza época de tirania
Minhas palavras são armas esplêndidas
E meu olhar é de influência noturna

Mas as bocas de exílio sonorizam
Entre mordaças num criminoso ar
O tempo passa faiscando máscaras
Numa condenação fiel e cotidiana

Personagens trágicas assumem o palco
Propagando nus elementos proféticos
Como a não esperança interminável
Desejando suave danos ecléticos

Na minha desobediente alma
Reluto contra o fechar pobre dos dias
Que levam nosso tempo a falência
Numa fixa paciência de sombra

Fazendo as palavras de escravas
Sem vontade primária, de forma pura
O secundário obrigatório clama
E cheirosos na lama, ditam, a paz dura

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

"Tudo é De Repente"



TUDO É DE REPENTE
(R.Candeia - 01/09/2015)

O vento forte fuma o meu cigarro por mim
Mas torço mesmo pra que ele leve embora
Tudo que me vem de fora e faz estrago
Por isso que esse trago de alívio estoura

Busco sempre me encontrar bem gentil
De uma forma sutil discordando da história
Minha memória longa derruba portas, e chora
Sobre a mesa ao tentar lembrar de agora

Contradizendo ódios e tampando abismos
No cigarro fumado pelo vento sem direção
Na câmara dos ecos que não têm resultados
Todos os culpados procuram qualquer mão

Atitudes semi-eternas são tão poucas pra mim
A alma e o mundo cercam minha consciência
Mas no carmesim do seu batom eu me borro
Ridicularizando a função pretensiosa da ciência

E na razão envenenada na original sanidade
A cidade cobre tudo com o olhar de serpente
E toda a crença por algo se transforma em nós
Nós atados, nós seguimos, tudo é de repente