quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"Exalar"


EXALAR
(R.Candeia - Set/2010)

O que derruba a gente são os sonhos perdidos
Uma falta de alegria que não tem explicação
Uma pedra no caminho não pode ser impasse
Mas a pedra vale menos dentro de uma mão

Realize sonhos e cumpra os seus desejos
É a melhor maneira de se poder existir
Todos os passos devem ser com os olhos
Espantando todo o medo que ressurgir

Exale o aroma interior e sinta a vida
Cada um tem seu tesouro pra encontrar
Represente o perfume mais intimo
Que só após o toque dá pra identificar

Junte as partes daquele poema rasgado
E não vá pra casa antes do dia nascer
Isso aborta o que pode ser mágico
Fazendo o trágico novamente viver

Não estamos aqui na vontade de cair
Temos discursos para cuspir e falar
Com palavras que jorram mistérios comuns
Para todos aqueles que não tentam pensar

Exale o aroma interior e sinta a vida
Cada um tem seu tesouro pra encontrar
Represente o perfume mais intimo
Que só após o toque dá pra identificar

terça-feira, 19 de outubro de 2010

90 anos de Seu Benedito (meu Pai)


Nascido no dia 19 de Outubro de 1920 no interior do Espírito Santo, Benedito Gonçalves Candeia (MEU PAI) teve uma infância muito difícil, perdeu o pai (Henrique Guimarães) quando tinha apenas 6 anos, sua mãe (Henedina Candeia Gonçalves) trabalhava costurando pra fora, meu pai teve outros 3 irmãos, todos mais jovens (Honorato, Miguel e Otávio), a diferença de idade entre todos era de 2 anos, com sua mãe costurando e entregando roupas em diversões lugares, muitos deles distantes, meu pai tomava conta por dias de seus 3 irmãos (todos mais jovens, e no decorrer da vida, todos desencarnaram antes do meu pai), e na falta de dinheiro, de recursos e de alimentos, se alimentavam inúmeras vezes de gambás e pombos caçados na maioria das vezes por eles próprios, como ele mesmo dizia.
Aos 21 anos de idade serviu às forças armadas e veio para o exército aqui no Rio de Janeiro em 1941, se alojando na Vila Militar, em Deodoro, poucos meses antes de completar 25 anos (1945) foi chamado para integrar o grupo de soldados que ia para a Itália, ajudar na luta contra o exército Nazista na última fase da segunda guerra mundial. Me contava sempre como foi a chegada no tão famoso Monte Castelo, eu na época criança perguntava se ele tinha matado alguém (rsrsrsrs, coisas de criança viciada em Jaspion, rs), e ele me dizia sempre que não dava pra saber. Aprendi muitas coisas com ele, tenho muito orgulho disso.
Em 1970 (com quase 50 anos), ele caiu de um trem em movimento, teve um braço e uma perna quebrada, já em 1994 num outro acidente, ele foi atropelado e quebrou a bacia, e contrariando todas as previsões médicas, apesar dos seus 74 anos naquela época, ele voltou a andar, um exemplo de força de vontade e amor a vida.
Claro que é impossível não lembrar daquele 2 de novembro de 2002, dia que meu pai, meu herói, foi pra junto de Deus, mas mais impossível ainda é esquecer das nossas conversas, nossas gargalhadas, nossos momentos íntimos, os conselhos de pai pra filho, os momentos de mimo que tínhamos um com o outro recíprocamente, ele era um sábio que me salvou e iluminou a minha vida, durante esses quase 8 anos sem ele, eu nunca passei um dia sequer sem pensar nele, nem que fosse pelo menos durante um minuto. Se ele estivesse aqui materialmente, hoje certamente teria um bolinho, com refrigerante, salgadinhos, como tinha todos os anos. Mas na "ausência" dele, fica a saudade, e a alegria dentro de mim por ter convivido por 20 anos com uma pessoa tão ímpar e especial, claro que eu queria muito poder abraçá-lo, beijá-lo, dizer na frente dele que eu o amo, coisas que eu sempre fazia, mas já que eu não posso fazer isso pessoalmente eu deixo aqui a minha homenagem, não tanto poética, mas sim amorosa e cheia de saudade.
Parabéns meu pai, te amo muito e sempre, e onde quer que o senhor esteja, eu sei que você está sempre comigo, e mais uma coisa, você é e sempre será meu melhor amigo!
TE AMO MUITO e Feliz Aniversário !!!!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Ciclo Empírico"



CICLO EMPÍRICO
(R.Candeia - Out/2010)

Não alimente o deserto do seu coração
Fazendo secar o rio de vida que há em ti
Pondo em molduras belezas inúteis
Como algumas aventuras que já vivi

Elimine qualquer voz sem coragem e diga
Qual é o paladar da resposta não dada
O tempo não ouve e o gesto é medido
Vigilantes do olhar de pupilas afiadas

Verticalize horizontes de maneira suave
E lave o destino que pode não ser
É que o viver é o hediondo complexo
Que sabe misturar o sofrer com prazer

E durante o dia tudo é tão normal
Que o sempre e o nada originam a agonia
Seja uma alucinação doce e oculta
E no descanso da catástrofe sorria