sábado, 31 de dezembro de 2016
"Receita Particular"
Composição n° 899
RECEITA PARTICULAR
(R.Candeia - 31/12/2016)
Você gritando pelas ruas suas dores
Mas dos elevadores ninguém pode te ouvir
Fuja daqui que o tempo ainda não morreu
O que acontece é que você tem que insistir
Você pula frases e fases que podem te salvar
O andar das pernas não pode ser ignorado
Não fique humilhado ao lado de humilhadores
É tornar vencedores quem te sonha derrotado
Bocas emitem sons que não passam de ruídos
Seus gemidos têm que ser de prazer
Saber fazer suas regras pessoais proporcionam
Uma liberdade doce que é o melhor do entorpecer
Não dê tantos ouvidos pro mundo
Não vá ficar surdo assim tão de repente
Nosso entorpecente já é barulhento demais
Fazendo evolução com gente não sendo gente
Teus gritos somem e você se acalma
Nas suas palmas letras feitas imperfeitas
Mas compostas por você
Voe, passe e fique, pra sua poesia é tua a receita
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
"Visita"
Composição n° 898
VISITA
(R.Candeia - 29/12/2016)
Visito bêbado conventos
Com ventos fortes sobre meu ser
O que fazer em certas paisagens
Miragens que vêm me convencer
Séculos parados em minha frente
Minha mente raciocina até demais
Tanto faz eu aceito o convite
Uma obra de requinte que pra vista satisfaz
Uma orla enorme me envolvendo
Me comovendo em quiosques com cerveja gelada
Parada obrigatória no escritório sagrado
E no gosto salgado do mar a alma lavada
Jogo meu cigarro pro alto e deixo o vento levar
Meu patamar mora num elevador
O sabor preferido existe em mil formas
Derrubando normas de um triste conservador
Eu invado o quintal do vizinho
E a noite sozinho procuro o terraço
Tudo aberto e fresco ao Horizonte
E um monte de ideias mais forte que traço
"Histórias"
Esse ano ainda não acabou ... fresquinha ...
Composição n° 897
ESTÓRIAS
(R.Candeia - 29/12/2016)
Me conte uma estória
Que eu lhe mostro o valor dos dias
Com a maestria de quem anoiteceu
Nesse museu que construímos na magia
A bela magia de não se notar os segundos
Nossos assuntos subvertem esses tempos
Em que a cartilha volta dando surra em medrosos
Em espaçosos pedaços para ressuscitar sonhos
Me conte suas estórias
Em que você é o melhor dos contos
A personagem principal
Papel tão desigual de um livro pra poucos
Puxe uma cadeira nesse bar
Vamos conquistar o mundo que criamos
Que tanto suportamos ressacas morais
Principalmente dos outros humanos
Me conte logo uma estória
Para eu misturar com algumas minhas vulgares
São tantas verdades e invenções reais
Tão suspeitas como tantos gestos e olhares
Me conte suas estórias
Em que você é o melhor dos contos
A personagem principal
Papel tão desigual de um livro pra poucos
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
"Útero Aéreo"
Composição n° 896
ÚTERO AÉREO
(R.Candeia - 26/12/2016)
Espírito Santo é realmente um estado
Onde tenho estado nos últimos dias
A ponte aérea me fascinou
O mundo pequeno inteiro gigante sob mim
Paz interior distante do caos
Refletir sobre o que vale nessa vida
Numa praia sem onda onde viro criança
É a minha vingança contra os dias ruins
No ar me senti pássaro e no solo renascido
Vindo de um útero aéreo
Do qual vi pela primeira vez a luz
Isso seduz e elimina tudo que há de estéreo
E com os pés sujos de areia
Vejo tudo que clareia saudando a visão
Sol forte no rosto e navios pesqueiros
E o que há de mais verdadeiro junto de mim
domingo, 25 de dezembro de 2016
"Uma de Natal"
Composição n° 895
UMA DE NATAL
(R.Candeia - 25/12/2016)
Independente da data ser ou não comercial
Pra mim é uma data especial
Data dos encontros e das reflexões
E como eu sinto falta de tanta coisa
Lembro dos natais aos lado dos meus pais
Como era bom
A saudade daqueles tempos machuca
Meus velhinhos sempre presentes
Os presentes que eu ganhava
Mas hoje paro e penso
Que eles sempre foram meus maiores
Meus maiores presentes
Sabedoria misturada com coração
Ensinamentos que tento levar
Não posso reclamar da vida
Dessa vida que amo viver
Que amo fazer parte dela
E tento ser intenso dentro do que posso
Queria poder viver tudo de novo
Ia ser lindo, um sonho sem preço
Mas o tempo passa e tudo se ajusta
Pessoas novas nascem e nos preenchem
Renova a vida de uma forma ímpar
Agradeço ao reencontros
Pedaços de mim que estavam perdidos
E tão perto de mim
A conspiração me ama e me quer
Então eu só tenho que viver
Fazer meu jardim por aqui e sentir
Os sorrisos e carinhos de um passado
Não voltam mais, mas nunca se apagam
Nunca são esquecidos e largados
Fazem parte do meu ser
Mas só em saber que há novos sorrisos
Me faz ser preciso aceitar o adiante
E isso me alegra e me revive
Tudo que eu quero é poder ser eu mesmo
Um eu melhor e poder sempre ser forte
Continuar escrevendo a minha história
O meu livro, da forma que creio
E sinto melhor
sábado, 24 de dezembro de 2016
"Oriente-se"
Composição n° 894
ORIENTE-SE
(R.Candeia - 24/12/2016)
Oriente-se ao oriente das coisas
Perca sempre a hora de ir embora
No tempo se apavora com as palavras
E decora o cenário de tudo que esqueceu
Esvazie cinzeiros pras guimbas que virão
Onde deixarão vestígios de um mito
Onde um grito acorda todos os sonâmbulos
De um ângulo bem louco e tão bonito
Multidão desconhecida que se esbarra
Aos olhos da platéia tudo é um show
O oriente sempre rasga tantas regras
E se entrega ao novo corpo que chegou
E no calor que transa com frio
A liberdade rouba as chaves da prisão
A comédia se esconde pelos dias
E a tragédia assina o texto sem paixão
Não desperdice a tua face com o ódio
O pior negócio é se perder dentro de si
O oriente por aqui ainda não vingou
E nem amou de aluguel que ofereceram a ti
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
"Correspondências"
Composição n° 893
CORRESPONDÊNCIAS
(R.Candeia - 23/12/2016)
Correspondências se perdem
E não procedem sempre ao destinado
Notícias de todas as formas e além
O mau do bem é que ele é esperado
Satélites sabem tudo antes de você
Não tente se convencer sem provas
Documentos não assinados morrem
É como aquele porre que renova
Olhe concentrado para as suas mãos
E se entenda pelo tato primeiro
Neste costumeiro mundo sem percepção
A pele é o coração estrangeiro
Agora forte os relógios param
Nas mensagens não vieram planos
Mas eles não farão falta
Por pelo menos vinte anos
"Boas Vindas"
Composição n° 892
BOAS VINDAS
(R.Candeia - 23/12/2016)
Sobreviventes num mundo de realezas
Onde a sobremesa canta pelas ruas
Almas nuas são deixadas de lado
E num retardo consomem ideias cruas
O circulo desse compasso marcado
É o caminho planejado a sangue
Uma geometria viciosa calculada
E na água cortada o banho é no mangue
E a caça continua sendo premiada
Vista embaçada diante do espelho
O único conselho dado sai fumaça
A verdadeira graça é dos risos velhos
Quadro negro de luto pelo absurdo
Mais barulho que o surdo na avenida
Mas há ainda algum ar pra respirar
Pra desejar aos turistas boas vindas
Querem da parede um paredão
Ilusão que se esquece da raiz
Onde é que diz que isso é justiça
Pôr apenas um lado por um triz
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
"Calçadas Lotadas"
Composição n° 891
CALÇADAS LOTADAS
(R.Candeia - 22/12/2016)
Atirando pedras nos coletivos erros
Mas sem notar que também são seus
Alvo giratório perigoso que volta
Como a revolta do nada com o ateu
Julgamentos em praças públicas
Abrir a boca se tornou violação
Numa louca monotonia sonora
Que outrora se salvava ao violão
Esquinas iluminadas é fim de festa
Numa seresta de cabeças batidas
Na era perdida de carreiras feitas
E na receita tá faltando bebidas
Calçadas lotadas de tantos sentidos
Vetores enlouquecidos em vertentes
Tanta gente seguindo por tantos mapas
E também falta aquele tapa inconsequente
Desligo meu estado viral contaminado
Por palavras com doenças benignas
O meu eu sempre está em construção
Pra quê a solução se o viver é o enigma?
"Orgia Umbilical"
Composição n° 890
ORGIA UMBILICAL
(R.Candeia - 22/12/2016)
As pessoas precisam perceber
Que o mundo não é individual
Apesar de cada um ter o seu
Não existe o núcleo umbilical
Infernizam o falso céu do outro
E não aceitam troco quebrado
Tenho me tornado observador
Analisando tudo que é louvado
Burlam até as coisas mais simples
Um convite pra se desconvidar
A saída com o portão trancado
Que só alucinado pra se escapar
Até macumba penduram na porta
Ideia torta de quem não existe
O umbigo persiste em ser rei
Mas não sei no que isso consiste
Até os deuses às vezes desistem
Fogem com medo de suas mitologias
E nas orgias se tornam analfabetos
De seus livros incompletos castrando dias
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
"Hospício do Ser"
Composição n° 889
HOSPÍCIO DO SER
(R.Candeia - 21/12/2016)
Meu hospício pessoal eu vivo todo dia
Nenhuma agonia me tira a busca das flores
Confundem odores com ideias sociais
Tais como o dividir é separado por cores
Nesse hospício me irrito e passo do ponto
Num conto nada triste que faço não ser
Prever o futuro é não superar o ingerido
Gesto querido de quem não pode entender
Meu ser clandestino vê a noite clarear
Fazendo o levar ser trabalho do limite
Conquiste o ilimitável todo segundo
O submundo tem poder e aceita palpite
Nesse pinel caótico e nada melancólico
O sabor alcoólico tempera em todo clima
Saio de cima do muro por onde sou visto
Nunca resisto acabar com qualquer cisma
Esse manicômio sempre me faz perguntar
Se eu já melhorei ainda no dia de hoje
Antes de imaginar o mínimo do trágico
E quando refaço a questão, o mundo foge
"Néctar Negro"
Composição n° 888
NÉCTAR NEGRO
(R.Candeia - 21/12/2016)
No néctar me aqueço internamente
Um oceano escuro que almejo
E me liberto de um sono morno
Que não enriquece meus desejos
De gota em gota conto os minutos
E nenhum insulto vai me ofender
Meu copo bem cheio eu quero
E não espero esfriar pra beber
É o mais quente dos meus vícios
E nisso busco indícios de uma cura
Que não jura mas cumpre o prazer
De ser combustível de forma pura
Então lhe desejo plantações eternas
De uma maneira fraterna e leal
Por ser tão desigual com a concorrência
A minha coerência é melhor que o ilegal
"Sinfonia"
Composição n.° 887
SINFONIA
(R.Candeia - 21/12/2016)
A nebulosidade cruel que se expande
Não esconde entre nuvens mistérios
Expondo ministérios escolhidos a euros
Que nenhum neuro pode levar a sério
Vendedores tocam as primeiras sinfonias
Acordando quem ainda mal dormiu
E tão bem devagar pariu o dia
Quem é que será que nunca viu?
O sol invade tudo sem pedir licença
Janelas viram portais extravagantes
E nas estantes empoeiradas pelo tempo
O descontentamento se mantém elegante
Abra a porta pra todo erro passar
Deixe essa fuga no mar de um passado
Até o ar está condenado nessa brincadeira
E na geleira o essencial foi congelado
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
"Maquiagens"
Composição n° 886
MAQUIAGENS
(R.Candeia - 20/12/2016)
Qual peça que falta pro quebra cabeça
Desça de imediato do ato simbólico
Então, eu combino com o destino
Num gesto fino de fato cronológico
Respirar fundo e ir em frente
Como um procurado delinquente
Que tanto no frio ou quente não escolhe
Seu futuro que encolhe no ausente
Nesse holocausto lento
Que se maquia de economia
O apartheid vive
Disfarçado de democracia
Não como músicos que odeiam melodias
Quero dias nublados só pra não lembrar
Das coisas que finjo que enxergo
Me fazendo de cego só pra não cegar
E nesse engarrafamento sem cigarro
Me fecho no carro isolando os ruídos
Passando comovido por cada uma vida
Que são reconhecidas em números esquecidos
Nesse holocausto lento
Que se maquia de economia
O apartheid vive
Disfarçado de democracia
"Contas Sagradas"
Composição n° 885
CONTAS SAGRADAS
(R.Candeia - 20/12/2016)
Contas "sagradas" são emprestadas
Para desvios sujos, mas não tão loucos
E improváveis quanto abrir mares
E mais fácil abrir bares evitando sufocos
Decifro as pessoas pelos seus olhares
Que acabam se transbordando em suas taras
Em forma de sorriso, o que é preciso é o lutar
Nessa imensa vida malandra de mil caras
Em meus olhos a visão gravada colorida
De uma sinuosa curva sem quadro
As necessidades sempre se encontram
Se esbarram, brigam, e ficam de quatro
Hoje foi linda a sincronia dos sinais
Que não foram os vitais que tanto apanham
Decido devido aos itens óbvios de esquinas
Numa epidemia de insônia dos que sonham
"Luz Bêbada"
Composição n° 884
LUZ BÊBADA
(R.Candeia - 20/12/2016)
Não penso em nada de ruim
Sei a validade do que pode ser bom
O chão é o amigo único a ser pisado
E de cada lado procuro evolução
Todas as vidas são bem distintas
E não há cor de tinta que iguale
O nome dos passos e seus segredos
Num estranho anseio que nos engole
Quero a oposição forte ao ruim
Nenhum fim pode acabar com nada
A esperança plantada em meu jardim
Ignora assim a visão esquartejada
Então não desfaço o meu espaço
E em cima do traço peço um traçado
E a luz bêbada brilha com ênfase
No êxtase do que já foi calibrado
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
"Rasgando Sentidos"
RASGANDO SENTIDOS
(R.Candeia – 17/12/2016)
Rasgam livros nesse mundo quase livre
Pros que querem somente prender
Nesse mundo onde fantasia é salvação
E até desgraças são tidas como abençoada
A alienação é o banquete dos que têm muito
E a miséria dos que labutam pra algo terem
E sobre a tragédia agora eu descubro
E ainda procuro e estudo sobre a mental
O ego inflado pelo vazio está na moda
Nessa roda que gira louca e parada
Demonstrando nadas em pífias exposições
Onde prega uniões em ações separadas
Realizando ilusões à própria visão sem tratos
Nos tantos enfeites baratos comprados de graça
Tudo passa nessa rotina de coisas rotineiras
O auge da besteira é a vitória da desgraça
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
"Derrisão"
Composição nº 882
DERRISÃO
(R.Candeia – 04/08/2016)
Poetas escondidos por medo das palavras
Refugiados de um ato sem crime
Que só reprime quem pode ensinar
Então dou minha derrisão pra esse filme
Artérias estouradas por tanta pressão
Em que mãos comemos de regime
A ideia firme é perseguida pela lei
Mas nos banheiros sujos tudo se redime
Nessa pobre festa que inventaram
Esqueco meu relógio em algum lugar do mundo
Nessa aflição que deprime os que falam
E vangloria os que tapam e se fazem de mudo
Na desnatureza que consome o destino
Tudo se fragmenta em prol da desilusão
Numa paixão bastarda pelo silêncio
A perfeita saída é na contramão
"Veleidade"
Composição nº 881
VELEIDADE
(R.Candeia – 04/08/2016)
Não se desespere com sua falsa verdade
Se agarrando em santidades cruéis
Ajoelhado em limitações fiéis que agridem
Dando palpite no canonizado banco dos réus
De acordo com o eterno nada é por você
A conquista não é sua e a derrota foi pro bem
E o que vem já foi há muito decidido
Nos loucos manuscritos da vontade do além
Acredito em qualquer coisa que posso acreditar
E não creditar nada a si é a mais pura maldade
Inversão de identidade pra lá de psicótica
Aleijão crônico gótico da fatal sobriedade
Essa veleidade é exposta em todo canto
No espanto cego de quem mesmo não se sente
Jogar a explicação para o abstrato resolver
É ignorar ter as chaves da corrente
"Aforismo"
Composição nº 880
AFORISMO
(R.Candeia – 30/07/2016)
No silêncio gritante que ecoa agora
Sensibiliza as horas a golpes de mudez
Na nudez dos sentidos envergonhados
Todos os lados evitam a lucidez
Toda chegada após o adeus acho bonito
Desprezo o mito que mata e mente pra nós
E em cada pós vida espero dizer
Que o mais delicado prazer é à sós
As bocas se batem sem misturar salivas
Isso não ativa o que há e nem o que somos
Sinto que estamos brincando com o tempo
Só mentalizo o momento que nos encontramos
Mágoas mortas afogadas a seco
E em qualquer beco resgatamos abraços
E nos traços tortos nos desenhamos
E quando vemos atamos até nossos cadarços
segunda-feira, 4 de julho de 2016
"Esse Mundo"
Composição nº 879
ESSE MUNDO
(R.Candeia - 01/07/2016)
Esse mundo cheio de incertezas
Instiga o prazer do desejo de vingança
Não importa a herança que virá
O se salvar é agora a melhor dança
Os sentidos que se perdem em esconderijos
Não se dirige nas rotas anunciadas
E na calada de não saber onde se está
Ficará toda obra eternizada
Puxam os cabelos do mundo na tentativa
De doma-lo pelo menos num instante
E perante a invisibilidade dos deuses
Somos fregueses do doravante
Não fique ausente de si
Perto daqui pode se ver a saída
Esse mundo e essa vida se esbarram
E retratam a marca mais parecida
Pondo a salvação em malas
Ironizando salas cheias de rancor
E a dor o mundo ignora
Sendo jogada fora em qualquer corredor
Vou fundo no mundo
Na esperança de faze-lo girar ...
sábado, 28 de maio de 2016
"Malevolência"
Composição nº 878
MALEVOLÊNCIA
(R.Candeia - 28/05/2016)
Eu de fome mordi a maçã
Cuidado para não se envenenar
E a serpente viciada em óleo de coco
Com brilho na pele também sabe amar
Todo caminho percorrido é curto
E num surto qualquer o livre pode acabar
Quem vive a abanar outras vidas pra longe
Comparo a um monge que não pode dialogar
Ande sempre na lei
Mas só quando a lei estiver por perto
Fique esperto com a moral
Ela é o sinal pra você ficar quieto
A construção é para além do arquiteto
Falsificam luzes para escuridões inventadas
Em pitadas de sedução reluzentes
No malevolente ar que a vida é respirada
O verdadeiro manto envolve a incerteza
E serve de tapete por quem os venera
Quem dera que o sempre, sempre avisasse
E avistasse o que nos espera
"Psicografistas"
Composição nº 877
PSICOGRAFISTAS
(R.Candeia - 28/05/2016)
Da janela presto atenção na vida
Pra não deixar ela passar em silêncio
Balanço meu lenço de contra o vento
Formado por hálitos de palavras azedas
Ignoro mandamentos cruéis
Do banco dos réus governam tudo
O concordar se resume ao verbo-nominal
E todo mundo normal sorri mudo
No alívio e sem entender qual é o seu lado
Num estado intelecto falido que deve
Onde se escreve com terceiras mãos
Psicografando tua inteligência em greve
Se lucram com remédios pra doenças
Por eles criadas com etiqueta
No esperado coquetel a salada
Na esperança lavada levada em maletas
E naquele dantesco espaço de tempo
Que nenhuma medida existente marca
Se lacra aos risos importantes arquivos
Mas teu lado mais vivo é uma morta piada
"Taça Quebrada"
Composição nº 876
TAÇA QUEBRADA
(R.Candeia - 28/05/2016)
Transbordando antes de taças caras
Esbarrando e quebrando copos baratos
O aconchego fugindo com pressa do lar
Sempre há o escarrar em algum ato
É preciso haver cuidado com o mito
Ele é menos verdadeiro
Do que quando eu minto
Não sinto visão nesse celeiro
E o que seria cortês recebe aos cortes
Numa corte antes forte e sem norte
Onde até a morte é enganada de fome
Em nome de uma moral que só extorque
Às vezes converso melhor sozinho
Faço pergaminhos de guardanapo perfeitos
E tapo num lapso a brecha do silêncio
A inocência é a arma do suspeito
O inquestionável é néscio
Mas o néscio é sempre questionável
Então meço todas as limitações
E vejo ideias vendidas em liquidações
"Sedados"
Composição nº 875
SEDADOS
(R.Candeia - 28/05/2016)
Pra falência do azar a sorte
É a gente que às vezes faz
E não se traz o que é levado no tempo
Como o lamento do último trem perdido
A interação pactual deve ser o real
Nem tudo virtual é virtuoso
Não ouço mais os agonizantes gemidos
Eu marco e vomito a eternidade nupcial
E o sono é sedado entre seda
E o que veda os olhos não aumenta sentidos
O que era pra ser ou ter tido amor
Criou o bolor e tornou o alimento vencido
O tempo passa muito mais rápido
Do que imaginamos ou cronometramos
Onde a civilização chega se destrói tudo
Porque onde ela chega se constrói tudo
Eu vos avisareis quando os ponteiros
Chegarem aos seus destinos
No forte badalo dos sinos eruditos
Assim vamos no abismo do nosso limiar
sexta-feira, 27 de maio de 2016
"Nada a Temer"
Composição nº 874
NADA A TEMER
(R.Candeia - 27/05/2016)
Temer nunca, não temo, temer jamais
A arte pura da vida é o rupestre
Não sequestre em si ideias sem sol
Apague o farol solitário que lhe amestre
Vendem-se suas horas tão barato
Pra algo parecido com relógio parado
Confessando pecados em templos vazios
E nos sorrisos ultravioletas o ar iluminado
Nas bancas diurnas de maços de careta
E nos jornais notícias repetidas de um passado
Que inspira um futuro não promissor
O compressor começa agindo nas ideias pequenas
Que embriagam em novenas celestiais
Das quais a liberdade tem limite
Não me imite quando estou virado
Tenho achados em que estilhaço se permite
"Diário Urbano"
Composição nº 873
DIÁRIO URBANO
(R.Candeia - 09/04/2016)
Anjos que vivem no inferno
Demônios que vivem seus céus
E assim dividiram esse pinel
O desnecessário é uma manhosa necessidade
Todo ônibus que entro ouço que ele é o caminho
Durante a distribuição de panfletos com louvor
Que indicam a agência e a conta bancária
Nada precária de algum bispo ou pastor
Enquanto isso dois rapazes se beijam
Numa despedida que só dura até o dia seguinte
Não há ouvinte para as estações que tocam músicas belas
Aquelas que no acender das velas dispensam abertas janelas
Vou lendo Nietzsche nos ônibus
E tentando entendê-lo a cada balanço
E a cada freada brusca onde buscam
O equilíbrio em todas as suas formas
Mulheres dão a luz nas pistas
Porque taxistas tristes trancam tudo
Como falsas entidades que cobram
E vimos que sobram desilução
sexta-feira, 25 de março de 2016
"Inescrutável"
Composição nº 872
INESCRUTÁVEL
(R.Candeia – 25/03/2016)
Caminho me desviando de pedras
Nessa decadência ocidental que fere
A força é a fraqueza do homem
Que buscam suas provações inúteis
Numa miopia que torna tudo alvo
Sou muito sincero em minha falsidade
Me escondo nessa sociedade sem nome
Cada um é o seu próprio destino
Em um desatino grito preso nos muros
Que tapam gargantas e agem com asfixia
As verdades sagradas podem ser nocivas
Quando defrontadas por pensamentos
Que abominam aqueles que tem menos
Que ficam lutando por quem tem mais
Derramando o cálice que foi enchido por vidas
É a esmola não dada pelos que têm pouco
À aqueles que nada tem só por volúpia
Pondo em êxtase suas palavras sem sentido
São gozos de masturbação que nasceram
Não se sabe como mas por um orgástico acidente
sábado, 12 de março de 2016
"Às Vezes é Pra Sempre"
Composição nº 871
ÀS VEZES É PRA SEMPRE
(R.Candeia – 12/03/2016)
Chove, agora bem
forte chove
Refresco que ao mesmo tempo comove
O que relaxa pode trazer dor
E torço com fervor que nada aconteça
Penso bem distante com meu copo
Carregado de gelo e cigarro aceso
E no barulho da chuva imagino tudo
Toda a correria previsível dos fugitivos
A fuga que muitas é pega com raiva
Pelo caos transbordante dos céus
Que torna os invisíveis bem visíveis
Em notícias quase sempre tristes
Que seus humildes castelos feitos a mão
Não sofram escoriações nos pilares
Já não bastam os males que nem sempre
Vêm somente para o bem
Que mais profecias virão pra essa nação?
Pois, o custo é alto, e às vezes pra sempre
"Teto Estrelado"
Composição nº 870
TETO ESTRELADO
(R.Candeia – 12/03/2016)
Minhas palavras ignoram linhas
Linhas de pensamentos que enforcam
Não dou margem dentro de mim
Mas estaciono imagens na mente
Nas ruas um emaranhado de gente
Nem todas possuem endereço
Mas tem como ponto de referência
Apenas o céu sobre a cabeça
E nos conservantes e conservadores
Que nas cores enxergam diferenças
Pigmentações que definem o ser
Em desastres que superam crenças
Sentidos submersos nos últimos borbulhos
E nos entulhos vindo
de escombros
Sonhos e assombros se beijam com medo
E tudo permanece confuso sob o brilho da estrelas
"Ás de Copas e Bacanas"
Composição nº 869
ÁS DE COPAS E BACANAS
(R.Candeia – 12/03/2016)
O escárnio aceso feito vela
E o mundo triste canta a capela
O que da janela se vê ao vivo
Sobrevivo em matéria ilusória
Numa custódia contra decepção
E as palavras armadas
a fogo
Viram brisas verbais refrescantes
Quando o instante é epidêmico
E o tolo sacrifício é convocado
Pra deixar coroado o urro equivocado
Na orla do mar tudo é mais bonito
A marisia balança cartazes revoltados
E suas anti-poesias bélicas decoradas
Que são autorizadas por seus advogados
Batendo "martelos" a favor da máquina
sexta-feira, 11 de março de 2016
"Público e Privado juntos na Privada"
PÚBLICO e PRIVADO juntos na Privada
Por: Ricardo Candeia
Rio, 11/03/2016
Por: Ricardo Candeia
Rio, 11/03/2016
quinta-feira, 10 de março de 2016
"Reveja"
Composição nº 868
REVEJA
(R.Candeia - 07/03/2016)
Busco as mentes sem portas
Prefiro contestar o batido
Onde ir e quando voltar
Não tenho ido e nem mais partido
Partam-se ódios desprovidos
Sem visão, turvo e oriundo
De um mundo separado por ideais
Onde mais se nascem moribundos
Apago e descarto tudo da lista
E na pista não paro pra facilitar
Prazeres insanos de um lado egoísta
Que batem panelas de frente pro mar
A exclusividade não é mais exclusiva
De forma explosiva um útero geram
E o jogam como o ventre dos problemas
Edemas escondendo valores proliferam
segunda-feira, 7 de março de 2016
"Estado Pobre"
Composição nº 867
ESTADO POBRE
(R.Candeia - 03/03/2016)
A sobrecarga descarrega podre
É um pobre estado de espírito
Espírito com aroma de carré
Com seus passos e audição
Derramados numa vencida feijoada
Que é desperdiçada nessa aberração
Perdi peso no carma e na calma
Minha alma agradece fina
Por cima mas sem o altar
Que é a carapuça dos iludidos
Que se acham os escolhidos
Mas nem sabem o por quê do achar
Desencosto a tempo desse quadro triste
Que a tanta feiura espalha e resiste
Numa fantasia de bravura
Que se contagia na ausência das palavras
Que lavram sua terra fraca pra agricultura
Curtindo sua amargura e o azedo no olhar
"Florescendo em Chamas"
Composição nº 866
FLORESCENDO EM CHAMAS
(R.Candeia - 03/03/2016)
Todo pensamento é vago
Quando não se há vagas
Pra poder crescer
O florescer não fica tão alegre
Quando ele é entregue em um buquê
Então por quê tudo nos desafia
E a cada dia é preciso renascer?
Desafio o movimento pra não me estagnar
O que é feito do peito deixa estreito
O que da sua direita vem pra escravizar
Me convenço que no torcer dos dedos
Eu machuco o medo no meu vício de menino
Sempre peregrino ao lado do desejo
Mas quando bocejo me abasteço com café
E na fé particular, é livre que me protejo
sábado, 23 de janeiro de 2016
"Propagação"
Composição nº 865
PROPAGAÇÃO
(R.Candeia - 19/01/2016)
O trágico vira mágico bem assim
Em qualquer folha ou pedaço de cetim
Enfim vou propagando minha ação
A emoção é que dá o valor ao fim
E a minha onda estoura mais intensa
E eu não peço recompensa por mostrar
Que correntes também são invisíveis
Tornando irreversíveis ideias de libertar
Quem faz questão de não existir feliz
Se desespera nos portões do paraíso
Cruzando de cara oceanos sofridos
Se perdendo nos porões do improviso
No chuveiro me cobro em silêncio
No frio me cubro, sendo agora por inteiro
E no calor que sobe dos meus objetivos
O gosto ativo do sonho praticado é verdadeiro
A minha herança já nasceu comigo
Nossa desconfiança é só pra normalizar
E nenhuma fiança paga tira toda crueldade
De tanta santidade que só sabe rezar
Quem faz questão de não existir feliz
Se desespera nos porões do paraíso
Cruzando de cara oceanos sofridos
Se perdendo nos portões do improviso
"Emergir"
Composição nº 864
EMERGIR
(R.Candeia - 14/01/2016)
Diminuo para pequenas as doses de excesso
Nenhum retrocesso é tão pouco pras mentes
Que enganam livremente os pensamentos
Nos livramentos que se ajoelham de tementes
Nessa seção vou cevar como posso o eu
E nada decoroso vai me contaminar
Não vou empossar ao que não tenho
Por isso que não venho insipiente trafegar
E na fatigada antissanta paciência
Nem a ciência ateia deixa de rezar
O pesar é o largado regime num covarde
Crime amador de distorcer o que é orar
Ratifico esse pleito de peito aberto
Emitindo e descriminando o que sempre fiz
Mas eu quis essa interseção como episódio
Nesse pódio dou esperança ao eu matriz
"Alvo Cotidiano"
Composição nº 863
ALVO COTIDIANO
(R.Candeia - 29/12/2015)
Me preocupo com os porta-vozes desse tempo
Qualquer notícia é repassada com afinco
Então fincam os olhos pulsando ódio
Numa falácia imediata com sanha regurgitada
E quando eu abro com medo a porta
Me deparo com idiotas pregando a missa dos tiros
No morro ou no asfalto quente, tanta gente
Sem camisa ou de farda, calor só o da arma
Se a cusparada em ti é o cotidiano
Nem por baixo dos panos haverão beijos, confesso
E o teu desejo será aquilo que te detesta
E na tua testa escreverão ordem e progresso
Tenho as minhas provas guardadas
E nas falas gravadas sem argumentação
O mundo todo fica são e salvo, por que
Ameaças erram o alvo pela fraca locução
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
"Ponto Cego"
Composição nº 862
PONTO CEGO
(R.Candeia - 21/12/2015)
Portão aberto e o vento no rosto
E o gosto pela vida vivo
Então eu deixo de crer no ruim
Porque no fim se inventam motivos
E o tiro insano de misericórdia
É a discórdia da miséria interior
No terror hipócrita de quem é fraco
É um prato vazio cheio de rancor
Providencie sim, uma cara de verdade
Porque a vaidade barata é o sufoco
Que geme rouco numa cabeça dura
Que tortura sem fazer sentir o louco
E o garotinho com sua faixa branca
De uma forma branda tenta ajudar
E a fazer germinar no pinel esperança
Durante essa dança não se pode sentar
E esse orgulho é um mergulho interno
Dentro de uma enfermidade mental
Que de vingança em vingança vai alimentando
Mostrando ainda mais o que é capital
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