quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

"Garantia"



(Composição de nº 738)

GARANTIA
(R.Candeia - 17/12/2014)

Se segure no instinto derradeiro
O paradeiro só existe se o achar
O procurar nunca foi o necessário
Despreze o destinatário ao falar

Se procure no extinto verdadeiro
Como um veleiro que se perdeu no mar
O capturar nunca foi certeiro, como
O amor do estrangeiro ao se naturalizar

A pior morte é a de se neutralizar
Não se pode valorizar um corte
Nem que a sorte venha lhe abraçar
E se martirizar não é ser forte

Nunca se deixe consumir
Por zumbis que agonizam pela vida
Que fazem da artéria atingida alimento
Elemento, que a tortura é garantida

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

"Refratário"




REFRATÁRIO
(R.Candeia - 04/11/2014)

Sou eu que levo os meus passos
Na noite bruta e bela dos seres pensantes
E a todo instante busco segundos
Que não se encaixam num mundo inconstante

Me perco de propósito pra não me achar
Encontros não são nada sem os desencontros
Como o ódio não é nada sem os ignorantes
Que com suas riquezas egoístas, pedem descontos

Paralogismos me agridem, mas é paradoxal
Refratário em mim é normal e viver não cansa
O dia grita de dor com suas pessoas cruéis
Que são tão fiéis ao tédio que cessa a dança

Evito prevenir do mesmo jeito que precipitar
Nenhuma razão pode ter limites
A noite é dos cínicos que esnobam a glória
E vomitam aos seus pés, escórias e palpites

"Apocalipse Mental"



APOCALIPSE MENTAL
(R.Candeia - 15/12/2014)


A triste intolerância religiosa
É um vírus, uma mania contagiosa
É a evacuação de Deus
Nos seus dias mais difíceis

Pregam tal a paz divina
Fazendo guerra em cada esquina
E nos estouros das granadas
Conseguem vez palavras sagradas

Talvez se tenha a impressão
Que quanto mais alto tudo voar
O "céu" ficará tão perto
Que virá alguma mão pra salvar

E no novo ditado construído
Que com fé fere, com fé será ferido
No único apocalipse que existe
O mental, é o ideal como negócio falido

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"Percepção Desigual"




PERCEPÇÃO DESIGUAL
(R.Candeia - 12/12/2014)

Não importa onde chegue a tecnologia
Sempre vamos precisar de porca e parafuso
E é claro, que do uso da mente
Tornando praticamente tudo mais confuso

Em todo esse abuso que sofremos
Nos vemos derivando de forma radical
E tá mal também pra quem viaja na dança
Dentro do Michael já tá cheio de cal

E a natureza que já não é mais tão pura
Percebemos isso na combustão natural
Inalamos tudo quanto é porcaria
No plantio, iguarias, percepção desigual

E no capricho de quem se planeja
Se maneja de forma leiga e delicada
A meiga dignidade resgatada do lixo
Que bem lavada pode ser usada

Avance sua tecnologia interior
Seja cúmplice de suas vitórias
Passe e renove como as estações
Mas marque como uma memória

E a natureza que já não é mais tão pura
Percebemos isso na combustão natural
Inalamos tudo quanto é porcaria
No plantio, iguarias, percepção desigual

"Inevitável"



INEVITÁVEL
(R.Candeia - 02/12/2014)

O teu beijo roubado no susto
Por tua doce boca antes do meu
Para o instante e naquele segundo
A minha crença foi quase de ateu

Sentimentos iguais e o medo como muro
E juro que bem cedo consigo soltar
Que sem você um dia dura semanas
Minha vontade explana o que é desejar

Deságuo palavras em teu ouvido
Jamais serei Romeu, pois, sou muito melhor
Se matar por algo é bobagem
E com coragem, vivos, pisamos no pior

O destino é uma escolha desenfreada
Que se esconde por trás do inevitável
Revelamos isso a cada fluído trocado
Nosso momento é de valor inestimável

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

"Enganos"



ENGANOS
(R.Candeia - 10/12/2014)

Não despreze um sonho tão lindo
Só porque ele não é seu
Sonhos se encontram a toda hora
Não se ignora o que não aconteceu

O erro natural nasce com a gente
É a ideia cruel de julgamento
Nos achamos donos do que não é nosso
Transformando tudo e todos em detentos

Nenhuma forma tem a perfeita geometria
Quem não mentia ainda vai nascer
Não confunda ser humano com humanidade
Mesmo engano que há entre a vida e o viver

O paraíso é um desperdício fatal
Para todos os não conformados
Então, não despreze sonhos
Porque os juízes aqui podem ser condenados

"Pobreza Real"



POBREZA REAL
(R.Candeia - 10/12/2014)

Tem tanta gente espalhada por aí
Que deveria usar papel higiênico na cara
Gente que não para de buscar infelicidade
Gesto covarde que ao nascer se iniciara

E na estupidez dos tempos modernos
Não há ternura nos seres de terno
O inferno cobre toda a nudez
Lançando nua a sensatez num dia de inverno

Me interno neste meio externo
Descomplexando os meus defeitos
Observando direito qualquer passo
Eu não passo perto de humores estreitos

Há rumores de que caio por aí
Mas é verdade, não tem como negar
Mas minhas quedas saibam que não é de podre
Podre são aqueles que não têm o que falar

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Manhãs"




MANHÃS
(R.Candeia - 05/12/2014)

As manhãs são o morrer de cada porre

Por minhas veias dilatadas, tudo corre
Nessa sobrevivência ímpar, desagonizo no porto
O único santo de verdade morreu de aborto

Toda seriedade de hoje me faz sorrir

Quando o porre morre nada faz sentido
A não ser os vestígios e respingos
Que entregam de vez que nada foi contido

E o tentar lembrar é algo divertido

Onde é que se estava, e se estava vestido
Coisas Nietzscheanas de se explicar
E mostrar que o mais belo nem sempre é florido

Venha até a mim, clara ideia de paz

Mais forte que qualquer versículo banal
Que fala do caminho certamente errado
E diz que salva, mas só conforma pro "Juízo Final"

"Alienação"




ALIENAÇÃO
(R.Candeia - 05/12/2014)

Atenção, a droga mata rápido
A droga do mau-humor descarado
E o pudor de julgar muito louco
O que pra você não é "normal"

Eu passo é bem mal
Com essa cruz em sua parede
Simbolo sangrado da morte
Negatividade penosa e sem corte

Cuidado, ela quer comer sua mulher
Veja, ele quer seduzir o seu homem
Para um troca-troca profano
Inveja que mata de grego a troiano
(Não seja sincero por baixo dos panos)

Faça do seu "anormal" um esporte
A sorte espera sim na esquina
E não nas chacinas bíblicas
Que fazem apologia a agonia

Ponham seus órgãos pra fora
E toquem a sinfonia que ignora
O decorar de tudo que é triste
Ir é fácil, mas viver agride

A piroca dura, sofre censura
A vagina aberta, não é a correta
Mas o abstrato é liberado
Quero abdução desse mundo alienado

"Condenação"



CONDENAÇÃO
(R.Candeia - 05/12/2014)

Cuide bem dos seus pensamentos
No final, eles valem mais do que você
É a única coisa nossa forte
Que a terra não há de comer

A respiração determina e o pensar
Com seu protesto ensina e assina
Na parte de dentro o que vai ficar
Numa orientação bêbada pra complicar

E na esquizofrenia dos tempos
Fiquemos atentos contra os lamentos
A tarja preta com receita faz mal
Porque o controle liberta os sofrimentos

E a ilimitação não pertence ao sofrer
O limite é a cela que rasga a carne
Numa enorme condenação livre
Contradição de um tempo que não se define

"Atualidade"




ATUALIDADE
(R.Candeia - 28/11/2014)

Dias mais tóxicos que uma usina
Ares com "perfume" mais forte que urina
Quem assassina o tempo não é relógio
E convivemos livre com o contágio

Quem erra não pede perdão
Nesses dias tão medievais
O erro ignora a solução
Que vai pra fogueira, tempos atuais

O perigo de não sentir medo
Já não é mais assim, tão segredo
O dedo some junto com o anel
Primeira prestação pro terreno no céu

A justiça vem "voando" a cavalo
Trazendo nas mãos a sua lança
Enquanto a crueldade de fuzil vem a jato
Distorcendo a imagem da esperança

E balança, dança e escarra
Rindo até chorar de nossa cara
Que tara mais libidinosa
Não sentir medo, sensação perigosa

O perigo de não sentir medo
Já não é mais assim, tão segredo
O dedo some junto com o anel
Primeira prestação pro terreno no céu

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

"Direção Desconexa"




DIREÇÃO DESCONEXA
(R.Candeia - 26/11/2014)

Em casa, louco, rodo de um canto a outro
O cigarro acabou, me refugio na geladeira
Apelo pra água, afogando minhas vontades
A verdade é engraçada mas não é brincadeira

As horas se arrastam feito correntes
Como em filmes de terror baratos
É como um parto, quando se percebe
Que tudo que a gente pode, é querer

E ó querer mesmo, inútil, a esmo
Sem a direção desconexa oriunda
Dessa ideia imunda e bem suja
Que ata nossos pés e nunca muda

O pessimismo é uma forma de suicídio
Daqueles que querem se vitimar
Mas como não sou pago pra isso
Faço da vida uma festa, onde coitados não vão entrar

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"Amor de Esquerda"



AMOR DE ESQUERDA
(R.Candeia - 21/11/2014)
E eu não quero mais saber
O que os olhos do mundo podem ver
Se o que eu vejo se esconde em desejos
E eu fico perdido quando me esqueço
Eu aqueço o teu lado mais frio
Deixo bem louco o teu lado mais tímido
Com meu remédio interior natural
Porque os dias comuns fazem tão mal
Amor de esquerda
No palácio ou sarjeta
Nada de etiqueta
O negócio é viver
Me grite bem forte na beira do abismo
Que eu te salvo com o meu cinismo
E vamos embora, qualquer hora, juntos
Nosso amor de esquerda, nada de fascismo
Nesse tempo todo pude acreditar
Na luz embriagante que é o teu olhar
Passamos por tudo, do limpo ao imundo
Xingamos pesadelos sempre ao acordar
Amor de esquerda
No palácio ou sarjeta
Nada de etiqueta
O negócio é viver

sábado, 22 de novembro de 2014

"Ameaça"




AMEAÇA
(R.Candeia - 19/11/2014)

Da mente á água, tudo em escassez
Frases perdidas são tragadas à surdez
Numa explosão desperdiçada à toa
Simplesmente por não ter ninguém por perto

Em um mundo sem graça e sem cor
Não há sol forte, calor e nem tempestade
Só mesmo aquela mórbida garoa
E os dignos de pena que não têm piedade

As pessoas não se perdem pela cidade
É a cidade que se perde nas pessoas
Em cada opinião um universo diferente
É o ódio no verso cada vez mais frequente

Ideias boas passaram a ser delinquentes
Nesse clima pesado de frieza quente
Me livro, de revistas que não é, livro
Tragédia tatual de ameaça livre

"Sanatório"




SANATÓRIO
(R.Candeia - 05/11/2014)

A arrogância só se encontra
Nos mais súbitos desejos
De todos os seres submissos
Que sem vidência antevejo

Como pastores que pregam
Sem o martelo da "justiça"
Pensamento guiado é um produto
Barato e falso que enguiça

Meu trem corre nas artérias
Como em trilhos, feito sangue
A realidade implora alteração
Antes que ela mesma se esgane

Só queria ter paciência
Pra deixar de ser paciente
Desse hospital "cristão" da vida
Um sanatório de indigentes

"Marcas"




MARCAS
(R.Candeia - 17/11/2014)

Encante-se de uma forma única
O sorriso é uma arma fatal
O nosso interior nos saboreia
Há relatividade entre o bem e o mal

Os ares devem ser de liberdade
A mitologia dos dias nos move
E quem não precisa só critica
E ainda é só por si que se comove

Entregando o acaso ao destino
Nas escadas fico nu e desatino
Extravasando a lendária liberdade
Atentado ao pudor sem alarde

O alarme toca pra afastar felicidade
Alertando os rancorosos de plantão
Que vivem sossegados e deitados na tristeza
Encontrando beleza nas marcas de sangue no chão

"Deprimentes"






DEPRIMENTES
(R.Candeia - 21/11/2014)

Nada me incomoda tanto
Quanto os seres desiludidos
Com suas caras de espanto
E por migalhas vivem em prantos

São almas lavadas a seco
Fazem da liberdade um beco
Acordam cedo para atrapalhar
A energia de quem pode brilhar

A vida entra num profundo coma
Nosso lar virou prisão
Nossa asas foram furtadas
Pelos que festejam a desilusão

A humanidade pega fogo
Num jogo simples de acertar
A paz e o prazer correm perigo
Isso é muito deprimente de aceitar

Em todo passo dado
Um campo minado
Que tempo mais difícil este
Talhado sobre sangue e com estilete

A vida entra num profundo coma
Nosso lar virou prisão
Nossa asas foram furtadas
Pelos que festejam a desilusão

"Inexistencialismo"




INEXISTENCIALISMO
(R.Candeia - 11/11/2014)

Tua mente te prende covarde
Fazendo teus olhos cegar
No vazio que não é percebido
E num mar sem água se afogar

Pobres palavras ecoam de sua boca
O retrato perfeito dessa humanidade louca
Pouca noção e muito desentendimento
E assim, felizes vão sofrendo

Ler mesmo, só a tabela de preços
Objetivos, presente caro e adereços
Liberdade numa roda giratória de rato
Nada é barato, o labirinto é o endereço

Válvula de escape dos que têm tensão
Um objeto inconsciente da carência
Mas pela manhã a solidão te chama
E você acorda com boletos e aparência

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

"Vinho Branco Chileno"






VINHO BRANCO CHILENO
(R.Candeia - 23/09/2014)

E numa taça de vinho branco chileno
Me liberto e libero todo peso que levo
Exalando das palavras o lindo veneno
Que clareia suave o vermelho sereno

A enigmática dança de passos desconexos
É insaiável que nem a majestade vida
Que vira plebeia perante o divino sem fim
Pondo no palco a anarquia escondida

Se distrair nada mais é do que sentir
E na distração começamos a amar
Só bebo mesmo porque sei que amo
Ah, vinho branco, igual a pele que há em ti

E no quase verde dos teus olhos
Encontro nossa paz e briga, necessárias
Laços se afrouxam, mas continuam laços
Que depois se apertam nas vitórias diárias

  


"Raciocinio"






RACIOCÍNIO
(R.Candeia - 23/09/2014)

Para eu me tornar uma pessoa melhor
Preciso meditar mais, ter mais controle
Pensar antes de dizer algo que ofenda
Fazer do bem e da paz minhas oferendas

Tenho que conversar mais com a calmaria
Ignorar mais o estresse que tanto corrói
E burla a livre passagem dos pensamentos
Que é a verdadeira arma da sobrevivência

Tem horas que a abstração é puramente
A melhor forma de desobstrução
Do que é realmente concreto, e o concreto
É o que temos de mais valor no viver

A capacidade de raciocínio deve ser intacta
Odeio assassinar palavras as entalando
De forma grotesca em minha garganta
As enforcando, cruel, em minhas cordas vocais

      




"Novas Linhas"




 NOVAS LINHAS
(R.Candeia - 23/09/2014)

O que esperar de um mundo onde
O espírito que se diz santo
Engravida uma mulher casada
E não consta que ele tenha pago pensão

Qual erva inventou Adão e Eva?
Bêbados cruzam o mar vermelho
Deliciando seus vinhos enlouquecidos
Avistando pessoas andando sobre a água

Tinham dinossauros na Arca de Noé?
Onde que uma cruz pode significar vida?
Então posso dizer o mesmo da forca?
E da cadeira elétrica? É ou não é?

O mundo precisa de menos estorinhas
E de muito mais amor e respeito
De menos ódio e sangue no peito
Precisamos reescrever novas linhas

             



"Atitudes"



     

  ATITUDES
(R.Candeia - 11/09/2014)

Um ego cego e descontrolado mata
E nessa mata de caminhos turvos
Me curvo diante do anseio
Que estraga todo solo que permeio

Compactuo comigo antes de tudo
Já passamos da época do filme mudo
E não mudo uma muda do sol pra sombra
Apenas atropelo sutil o que me assombra

Não fico à espera de um carteiro invísivel
Trazendo cartas que nunca foram escritas
Numa farta criação imprevisível
Que utiliza palavras nunca ditas

Não glorifico no altar os meus fantasmas
Isso deve ser pior que uma asma crônica
Pois o ar da brisa é o mesmo da combustão
A vida é mesmo uma piada irônica

                 





"Regressão"






          REGRESSÃO
(R.Candeia - 16/09/2014) 

A tecnologia tem avançado muito mais
Do que o pensamento humano
Que consegue regredir mais a cada dia
Varrendo o bom senso pra baixo do pano

E quando tudo isso acontece
A humanidade sem perceber se auto condena
Ficando em cárcere privado de si mesma
Numa triste prisão interior que apequena

Como viver num mundo de escolhas falsas
Onde o amor sofre ditadura dos odiosos
Que se agarram em dogmas fabulosos
Lobotomizando as pessoas fracas?

Pensamentos evoluídos sangram juntos
Igrejas arrecadam verba e doam preconceitos
Com seus empresários e pedófilos da fé
Transmissores da cegueira e do falso perfeito

              




'Toque"



            TOQUE
(R.Candeia - 22/08/2014) 

Caminho torto em torno de mim
E às vezes choro com esse mundo
Que esconde o sangue no asfalto
Com seu plástico preto imundo

Os pensamentos encontram muros
Que os impedem de serem livres
A liberdade está de pés feridos
Porque teve suas asas cortadas

Pessoas se recolhem em toques
As noites agora possuem donos
Medo é diferente de respeito
Que foi devorado pelos humanos

Não adianta procurar ou esconder
A dor real não fixa endereço
E também não tem cor preferida
Não liga pra dinheiro ou preço

              








"Aviso"



         AVISO
(R.Candeia - 27/08/2014)

Perigo, mas precisar procure em mim abrigo
Cuidado,  sou  personagem,  talvez fictício
E posso ser aquele  último indício
De tudo aquilo que um dia pensou nascer

Me ouça a fundo, mas não leve tudo a sério
É sério, digo com meu ar meio misturado
Mas preste atenção nas pessoas
Elas atropelam, olhe sempre para os lados

Me peça um cigarro, um papo ou abraço
Me grite às três da madrugada se for preciso
Sóbrio ou não, eu até posso te ajudar
Pode vir a mim com qualquer tipo de olhar

Sou tão egoísta que me apego ao dividir
O que levamos da vida é o que a gente deixa
A alfândega do além nos proíbe dos bens
Numa revista única, severa e mediúnica

             






"Discurso"





      

           DISCURSO
(R.Candeia - 15/08/2014)

Esse sangue que escorre em teu peito
Pode por detalhe não ser seu
E sim espirrado dessa humanidade
Sangrenta que fere, machuca e arde

Um olhar torto pode acabar em bala
Ninguém quer saber de ninguém
Tudo se encontra tão perdido
Ao sair de casa a palavra é amém

Comunicação só em gestos obscenos
Morre toda hora o que é belo e sereno
A justiça está presa por injustiça
E em cada campanha gargalhadas postiças

O medo deixou de ser um triste segredo
Nesse samba o desespero é o enredo
Que é comprado com o nosso dinheiro
E com nada, tentamos o prazer por inteiro


             

"Pressão"






 PRESSÃO
(R.Candeia – 04/08/2014)

 Tirando o tempo, tudo para, até mesmo o coração
E essa estranha pressão que atinge minha cabeça
Chega até a me assustar como os filmes de terror
Que eu sempre insistia em ver na infância

A vida é um pequeno, mais valioso pedaço do universo
Que ao mesmo tempo não vale quase nada
É uma linda e catastrófica miragem real que ganhamos
Não sei porque e muito menos de quem

Só sei mesmo que vale a pena estar aqui, é muito bom
Cada aprendizado é um prêmio para a alma
Que eu acredito que exista sim, não sei como funciona
Talvez ela haja no automático, mas nos guia ou nos segue?

Não sei, mas no caso da vida, ela é um breve infinito
Que alegra e desaponta, vai do que é feio ao mais bonito
O que eu posso afirmar mesmo, é que é bom ser matéria
Ter sangue nas artérias e festejar cada dia vivido

                          



"Anseio"






ANSEIO
(R.Candeia - 08/08/2014)

O ódio em teu olhar não me serve de nada
Pode me servir no máximo de piada
Um esquema armado para derrubar
Nunca existiu a pura inocência no ar

Sonhos falsos compram o paraíso
Que serve de moradia sem aluguel ao diabo
Diabo que só existe se a gente quiser
Como é Deus, só existe mesmo se crer

Palavras pontiagudas vem de todos os lados
Amoladas e cegas, mas só vêm pra cortar
Armas variadas são escolhidas a dedo
Por quem tem medo e é fraco ao falar

Ignoro por tudo a existência da ausência
E louco louvo a onipresença do meu pensamento
Que é mais real do que fábulas controversas
Humanidade, não me peças por ti, reconhecimento

                     



"Esculpidos"




“ESCULPIDOS”
(R.Candeia - 24/10/2014)

Quando tudo acaba, algo novo começa
A pressa não é a inimiga real da perfeição
A inimiga da perfeição é a existência
Mania chata do ser humano e sua essência

Pessoas “perfeitas”  em seus mundos errados
Todos possuem seus tetos de vidro
E insistem em tacar pedras no telhado do lado
E julgam, mesmo estando há muito condenados

Não dá para resumir tudo isso em apenas palavras
São línguas que ferem e mãos que não se lavam
E assim levam o que chamam de vida no inodoro odor
Vidas esculpidas de frente ao espelho com caras de horror

Olhares perdidos nos seus vácuos cranianos
Acorrentados pelo comum, deixando a corrente levar pro oceano
Cadeados morais não liberam o melhor do viver, e por medo
Não aceitam, que não existe nada melhor do que poder ser
                            

"Cruzamento Sem Fim"




Uma simples e sincera homenagem a esta grande pessoa, que no auge de sua juventude, nos deixou no dia 16/08/2014, apenas aos 24 anos. Descanse em Paz !!!

CRUZAMENTO SEM FIM
(R.Candeia - 19/08/2014) 

A felicidade às vezes pode matar
Pior mesmo é a batida infelicidade
Porque ela faz o ser,  viver estando morto
Como a fidelidade de um porto sem mar

A overdose de um ser humano normal
É dentro de um copo d’água mineral
Ou no canudo, de um suco de caixinha
Qualquer Eunuco comparado é galinha

Quando a bandeja chegou em minha mesa
Os sonhos já tinham se acabado
Então só por minha segurança
Eu permaneci acordado

Como um cruzamento que pode não ter fim
Viver é uma instabilidade constante
Ninguém sabe o que está por vir
A eternidade é escolhe o seu instante

        






"A BUSCA"






A BUSCA
(R.Candeia - 14/10/2014)

Sentado no bar contemplando a vida
E tentando um diálogo com a paz
Respirando fundo com meu fumo ao lado
E minha amada cerveja na frente

Milton Nascimento tocando no fundo
E eu imaginando como é louco esse mundo
E um ser humano aparece trincado em minha frente
Dizendo estar liso, nessas horas não é disso que preciso

Aceito de primeira seu cigarro paraguaio
Em troca dou um gole de cerveja
E quero que o mundo veja que ele foi logo embora
Milagres acontecem não importa onde se esteja

O  meu bolo não quer essa cereja
E a música triste agora toca
Sou um índio perdido em minha oca
Que fica sem saída mesmo sem porta

O que diferencia o mal do bem
É que o mal nunca é esquecido
Sequestrei minha confiança e parece
Que não paguei o resgate

Me sinto como uma desonrada barata biscate
Mas sei que o meu coração bate, e agora toca Ney
E dentro dessa beleza sonora
O momento ignora o que errei e acertei


       

sexta-feira, 27 de junho de 2014

"Não Aconselho"



NÃO ACONSELHO
(R.Candeia - 21/06/2014)

No espelho teu rosto lavado, 
E em você, talvez o teu nome 
Entre passos e tropeços ao sol 
A coragem às vezes some 

O amém nosso de cada dia 
Resumido em envelopes bancários 
A cerveja no copo e fumo estão proibidos
O mundo é recheado de otários

O ser humano não pode jamais
Se deixar levar pela chatice
Ninguém disse que viver é ser triste
Culpar por tudo o invisível é burrice

É tirar a responsabilidade de si
É não reparar no céu, no mar, no simples
Nem na própria cara feia no espelho
Assumindo uma mediocredade, que não aconselho

segunda-feira, 9 de junho de 2014

"Vácuo (Temente a Melodia)"



VÁCUO (TEMENTE A MELODIA)
(R.Candeia - 30/05/2014)

O silêncio muitas vezes embala
O nada a dizer dos tão falantes
E na irrealidade de um mundo feliz
Reparto o meu inodoro instante

E a mais linda frase cortada
Traduz os rugidos da humanidade
Velas são apagadas no vácuo
Da ausência da real simplicidade

A imagem inversa poderia dizer mais
O erro das cores é proposital
Como borrar uma paisagem inexistente
Com força no horizonte, cabe a vertical

A linha tênue teme a melodia
Não há percepção nas faces sem vida
Que se pintam, se mutam, se cegam
Numa fantástica glória vazia

quarta-feira, 30 de abril de 2014

"Relatos"


RELATOS
(R.Candeia - 30/04/2014)

Pra mim é muito mal sinal
Quando o mês termina de vez
Mesmo antes de começar
É a seca do meu bolso, do mar

Não tenho dinheiro nem pro varejo
Quanto mais pra minha cerveja
E o governo ainda diz bem calmo
Que tudo ainda vai aumentar

Pelo menos eu ainda respiro
Não posso jamais me conformar
Não sou um ser sem vida
Não quero nunca me apagar

Não quero apenas subexistir
Faz mal para o ego, foge do ébrio
Não me contento em só vagar por aqui
É muito pouco para quem é inquieto

Conformidade é a morte trágica
Que a gente vive por opção própria
É o mesmo que respirar dentro de um caixão
A agonia deve ser deixada de lado

Eu estou aqui é pra ser
Transformar o trágico em mágico
Pensando sempre além
Alguém me dá um cigarro?

segunda-feira, 7 de abril de 2014

"Aquecido"



AQUECIDO
(R.Candeia - 10/03/2014)

Nenhuma frieza humana vai me congelar
Nem a mais mesquinha atitude vai me ferir
Veio até a mim quem tinha de vir
Somente pessoas que sabem o que é amar

Pessoas que não se contraem com abraços
Pessoas que realmente sabem viver
E o significado do calor humano, o aquecer
Fazendo da amizade, uma loucura, um laço

Nada de infantis recalcadas vinganças
Acho tudo isso tão inútil e pequeno
Seres que se atingem com seus próprios venenos
Como uma roleta russa entre crianças

Somos um fenômeno da natureza
Natureza que também pertence ao ser
Que mesmo sendo ser, às vezes não pode ver
Onde se guarda a verdadeira beleza

E assim vivo e olho pra frente
Lá de trás só carrego a memória linda
E toda a minha história vivida
Meu nível de pessoa é bem diferente

Sou realmente feliz
E de verdade...

segunda-feira, 24 de março de 2014

"Feições"



FEIÇÕES
(R.Candeia - 07/03/2014)

O futuro do mundo é incerto
E se encontra bem em cima do muro
Já não bastasse ele ser tão duro
Ainda somos tratados como insetos

O mundo anda mau e afoito
Com pessoas, por nada, se matando
Vendo a vida depressa se mandando
Como se fosse o último coito

Nessa tempestade nada quer se esclarecer
Panacas desfilam em suas passarelas tortas
Com feições de quem deu de cara na porta
E com a energia de quem acabou de falecer

Empinam o nariz em suas ilusórias perfeições
O futuro incerto é mesmo certo
Nessa moda, o que é estúpido é correto
Deformando cada vez mais suas feições

quinta-feira, 20 de março de 2014

"Escuridão Acesa"



ESCURIDÃO ACESA
(R.Candeia - 07/03/2014)

Palavras que ecoam vazias
Surgem do nada interno
O externo pode mostrar o inferno
E derrubar o céu que você sentia

Seres com o mesmo enredo
Sem nenhuma coragem de mudar
Almas penadas pelo mundo, a agonizar
Escudo nas agulhas, ampôlas de medo

Suas caras medonhas e bizarras
Tornam qualquer ameba invejosa
Será essa banalidade contagiosa?
No desuso do cérebro, a boca só escarra

Em qual esgoto se criou essa praga?
Bosques destruídos pela não lucidez
Qual neurônio começou essa escassez?
É uma forte escuridão que não se apaga

sábado, 1 de março de 2014

"Coisa Pessoal"




COISA PESSOAL
(R.Candeia - 27/02/2014)

Tenho o meu jeito de ser
Não sei bancar o idiota
Para agradar ninguém
Ou gosta ou não gosta

Mundo infeliz de falsa felicidade
Por todos os lados só insanidade
E depois o louco sou eu
Tudo passa, mas esse golpe doeu

A cada dia que passo aqui
Me sinto cada vez mais entranho
A adaptação vai piorando
Tento achar chão num buraco sem tamanho

Não me envergonho por não aceitar tudo
A aceitação é uma escolha pessoal
As consequências sempre existirão
Nossa força às vezes vem da textura do chão

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

" "Evolução" "






"EVOLUÇÃO"
(R.Candeia - 25/02/2014)

Me impressiono bastante com a evolução
A evolução da regressão humana
Onde se dá valor à falta de valores
Dores não percebidas na não percepção

E toda e qualquer ação gera a reação
Mas somente em quem pode perceber
E o mundo vem a receber um banho de lama
Que bloqueia e derrama a boa informação

Me sinto um alienígena perdido
Num mundo onde o pensamento é duvidoso
E fico curioso quando eu mesmo me pergunto:
Quando e por quê chegamos nisso

A verdade é que está bem difícil
Mas acho que sempre foi assim
Deve até ter piorado um bocado
E penso, será que isso terá fim?

"Vitrine"

       

       VITRINE
(R.Candeia - 25/02/2014)

Estou sem paciência pra tudo
Por isso que bebo e escrevo poemas
Nem que só minha pessoa mesma as leia
Vejo todos como areia solta num furacão

Treino agora meu coração acelerado
Que só bombeia por quem merece
Faço do boteco o meu culto, minha missa
Onde cada brinde é a minha prece

Não cultive por dentro um vácuo
Arrume direito sua vitrine
Apareça sim, mas por coisas boas
E não pelo vazio que o mundo imprime

Quando o coração por algum para
Vemos que tudo isso não é nada
Nossas vidas são inúteis peças no infinito
Invisível a olho nu e um não escutado grito


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

"Palavras Sinceras"





PALAVRAS SINCERAS
(R.Candeia - 20/02/2014)

Amanhã é dia de bar com os amigos e quero beber bastante
É que neste instante me sinto um desejo apertado
De um lado que a luz mau pode tocar sem ferir
Eu só quero sorrir dos erros que eu cometi

E quando o dia nascer ainda não estarei dormindo
E tudo de bom que vem vindo eu abraçarei
Sou o rei, pelo menos aqui dentro de mim
Sem início e fim que tornam tudo tão previsível

Pode olhar que é bem visível na minha cara
Essa tara por não querer estar sozinho
Por isso quando caminho chamo todos
E mesmo loucos sabemos quem somos

E loucos uma hora vamos adormecer
Mesmo depois de tudo amanhecer
Nossas misturas sempre são sagradas
Nem flor e nem granada, apenas palavras

"Punidos"



PUNIDOS
(R.Candeia - 13/02/2014)

Violência, sangue, vingança e dor
Pessoas amarram outras em postes
O tiro rola solto à queima roupa
Num mundo triste com ideal boçal

A TV manipulando toda a população
Do rico ao mendigo, do padre ao pastor
E pessoas de olhos fechados pra tudo
Achando bonito o sangue em suas mãos

O sangue na mão é o alívio dos brutos
Mas o sangue no peito não é pra ninguém
Polícia que mata cruelmente sem preparo
É a imagem que se reflete no povo

Se a nossa segurança nos fere
Vamos esperar mais o quê? Mais do quê?
Ônibus incendiados, cérebros derretidos
Crimes punidos são os que não foram cometidos

Ninguém na verdade sabe o que diz
O povo fica contra o povo, invertem-se os bandidos
Como se encontrar nesse mundo
Se o próprio mundo está perdido?

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

"Nem Morfina"



NEM MORFINA
(
R. Candeia - 15/01/2014)

Toda cachorrice humana
Jamais será digna de ser canina
E os olhos do mundo se fecham
Dias que doem, não adianta morfina

Revoltas em nossa frente
A destruição do mundo tem sentido
Somos roubados a quinhentos anos
Vândalos são aqueles dos partidos

Máscaras foram proibidas
Mas e a máscara do governo?
Que encobrem sujos segredos
Brincando com nossas vidas

Tenho mais medo dos "fantoches azuis"
Reflexão da pífia educação do país
Isso sem falar do SUS, susto
Um surto, a "sorte" de um povo infeliz